sexta-feira, novembro 26, 2004

Para não esquecer

Todas as vezes que escuto alguém dizer que não gosta de livros, que não lê nem bula de remédio, faço uma oração em silêncio. Peço para que essa pessoa mude sua maneira de pensar, porque ler é uma redenção.

Ultimamente eu estou feita de filó. Fico assim quando ando em companhia de Clarice. A Lispector. E tenho andado com ela na minha bolsa. Quando meus olhos se enchem demais de mundo e de pessoas, pego o livro e encontro coisas assim:

A EXPERIÊNCIA MAIOR
Eu antes tinha querido ser os outros para conhecer o que não era eu. Entendi, então, que eu já tinha sido os outros e isso era fácil. Minha experiência maior seria ser o outro dos outros: e o outro dos outros era eu.
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E aí, eu não preciso dizer mais nada. Não preciso mais explicar as coisas para mim mesma. Fico livre só para sentir...

segunda-feira, novembro 22, 2004

E pode?

E quem precisa de Prozac quando tem amigos como os que eu tenho?

A vida ganha todo o sentido quando você escuta frases assim:

"Não, eu não estou sentindo frio. E ultimamente reparei que tenho boiado com mais facilidade."

"Nossa, tem tanta gente morrendo ultimamente, né? Gente que nunca tinha morrido antes."

"– A única música do Djavan de que eu gosto é 'Saigon'.
– Mas 'Saigon' não é do Djavan!
– Então, eu não gosto de nenhuma!"

"Eu não mandei o banco me dar dinheiro. Se não era para gastar, por que me deu?"

"Descobri recentemente o poder curativo de um bom papo com uma samambaia."

"Eu entrei na farmácia, pedi vaselina, o moço disse que não tinha. Aí, eu pedi um lubrificante qualquer e ele me vendeu vários tubos de KY. Como é que eu ia saber que não dá para passar KY no pé?"

"Tia, eu gosto dos seus beijos, mas o problema é que você ama muito... dá para me amar menos?"

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É tão triste quando você descobre o valor exato das coisas que tem...

Há tempos estou acalentando a idéia de trocar meu celular, que é um mastodonte. Pois é, um dia, estava eu esborrachando meu nariz na vitrine da loja de celulares, na companhia doce e querida da minha mana Bíola. De repente, ela me chamou: "Brícia, este não é o teu celular?". Sim, era. A plaquinha ao lado indicava o preço: R$1,00. Não, eu não digitei errado. Um real. O novo, né, porque o meu deve valer uns R$0,50. Vi um asterisco e fui ler a observação, ainda com uma vã esperança de que estivesse escrito: "Isso é uma pegadinha!!!". Mas estava escrito: "Para todos os planos".

Celular para mim é só para ligar e para atender. Tanto que o meu "dino" não tem joguinhos, não baixa nada de lugar nenhum (além do meu dinheiro do banco, é claro!), não entende comando de voz, é P&B... mas ver que eu possuo um objeto valendo cem vezes menos do que me custou há dois anos dói...

Por isso resolvi acelerar o meu projeto de aquisição de um celulítico novo. Como uma coisa puxa outra, descobri que tinha direito a um bônus. Por causa da minha fidelidade à empresa (distração às vezes recompensa, tá vendo?). Resultado: está me olhando agora um celular novinho, que tira fotos, faz download, obedece quando eu falo e enche meus olhos de cor e de beleza.

Tenho certeza de que vou me separar dele antes de aprender todas as suas manhas. Mas relacionamentos são assim. Já estou, por exemplo, com saudades do meu "dino".

sexta-feira, novembro 12, 2004

Quanto tempo, pois é, quanto tempo...

Nóóóó... desde o mês passado que eu não passeio o olhar... imperdoável!!!

Mas é que eu andei trabalhando demais. Parece que um trabalho chama o outro.

Eu sou revisora. Trabalho no BC, mas também faço revisões avulsas. Principalmente de monografias, teses, TCCs...

Quem trabalha assim, diretamente com uma pessoa, mexendo com uma coisa tão pessoal como o texto dessa pessoa, acaba conhecendo facetas do ser humano até então ignoradas.

Não dizem que a melhor defesa é o ataque? Então, as pessoas já chegam inseguras, porque não sabem se o trabalho está bom, porque dependem daquilo para se formar, ou para ganhar um título.

Não vou contar "causos" sobre isso porque alguns deles me fazem ficar triste. Já tive clientes cujo trabalho recebeu até prêmio, mas também já tive pessoas me atacando, agredindo verbalmente...

Mas é muito bom poder ajudar os amigos. Poder tirar alguém de uma situação de desespero. Eu nem me importo em ficar sem dormir. E não estou bancando a santinha. Ajudar me faz bem...

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Conversa legal com o David e o Pedro sobre filmes. Hoje estréia o novo do Almodóvar, Má Educação. Num dos primeiros posts, falei sobre o Cidade dos Sonhos. O Pedro também não gostou. O David ainda defende a tese de que a cena entre as duas mulheres sustenta o filme... bom, bom, bom... falei de novo sobre um filme que vi por acaso, na TVA, e que adorei: Motorama.

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Novo disco do Jobim... vou comprar... acho graça dessas histórias: "A família achou um CD de um show inédito, largado em uma estante!". Então, tá! O cara é o gênio que é, e a família "achou" um CD assim, largado, esquecido, com um dos melhores shows do Tom...

No show, além de cantar, ele conta umas histórias. Gostei de saber que o Vinícius ia escrever a letra de "Por Causa de Você", mas que a Dolores Duran pegou o lápis de sobrancelha e fez aquela letra linda assim, de improviso... e ainda escreveu um bilhetinho, pedindo para o Poetinha não fazer outra... and I'm a believer...

Ah, você está vendo só do jeito que eu fiquei
E que tudo ficou
Uma tristeza tão grande nas coisas mais simples
Que você tocou
A nossa casa querido já estava acostumada
Aguardando você
As flores na janela sorriam, cantavam
Por causa de você
Olhe, meu bem, nunca mais nos deixe por favor
Somos a vida e o sonho, nós somos o amor
Entre meu bem, por favor
Não deixe o mundo mau te levar outra vez
Me abrace simplesmente
Não fale, não lembre
Não chore meu bem


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Kika, minha amiga querida, adotou outro cachorrinho. Não bastasse ter acolhido a Ariel (qualquer dia conto a história aqui, com a minha versão), resolveu arrumar um companheirinho para ela. E surgiu Ookla, o cachorro arco-íris. E que tem o olhar mais meigo do mundo. E as maiores orelhas também... vc está achando que ele veio de alguma pet shop chique? Nananinanão!! Veio da zoonoses. Porque a minha amiga, além de ser linda e de fazer o melhor creme de milho que eu já comi, tem uma alma rara.

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Pablito, meu anjo! Ligue logo e conte todas as novidades!! Quando fico curiosa, sinto dor de barriga!!!!

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sexta-feira, outubro 29, 2004

Alongando a sua "curtura"

Ei, você aí, brasileiro de nascimento ou por opção, preste bem atenção às informações abaixo. Garanto que você não sabia que:

1. A superfície do Brasil é quase igual à superfície dos EUA (que agora viraram unidade de medida);
2. A Aids é a principal contribuição para a nossa elevada taxa de mortalidade;
3. Nós falamos português, espanhol, francês, inglês e alguns idiomas aborígenes;
4. 80% da população é católica.

Está tudo aqui. Informações precisas e corretíssimas!

terça-feira, outubro 26, 2004

Pré-Conceitos (ou Quando é Melhor Ficar Calado)

Quem tem preconceitos? Basicamente, todos nós. Mas, se formos pegar uma amostra, é mais fácil achar preconceitos em classes mais favorecidas. Sim, classes menos favorecidas também têm preconceitos. E é isso que a minha historinha de hoje vai ilustrar. Senta aí, que eu conto tudinho.

Eu sou usuária do transporte coletivo aqui em BSB. E quem assiste a noticiários ou lê jornais não precisa morar aqui para saber que pagamos caro (no meu caso, R$1,60) para andar em ônibus em estado de conservação no mínimo lastimável. Saio dos coletivos me sentindo um martini, do tanto que chacoalho. Só faltava o cobrador me dar uma cerejinha...

Hoje, às 11h da manhã, peguei um ônibus que me surpreendeu. Novinho, limpinho, cheirosinho. Fiquei bem feliz por ver que as coisas, pelo menos naquela linha, estavam começando a melhorar. Só que a minha alegria durou bem menos do que eu esperava.

Quando fui passar pela roleta, o motorista deu uma freada. Eu desequilibrei e segurei na primeira coisa que consegui (uia, sem pensamentos maldosos, please!): na roleta. Com o puxão que eu dei, a roleta travou. Aí é que começou o "pobrema". O cobrador começou a gritar comigo. "Olha aí, a senhora quebrou a roleta!". Eu pedi calma a ele e perguntei o que poderia fazer para resolver. Enquanto isso, o ônibus parou e outras pessoas começaram a entrar. Só que a roleta estava travada. Aos berros, o cobrador me mandou descer, subir pela porta traseira e passar pela roleta. Bom, como eu percebi que o moço estava alterado, fiz tudo para não piorar a situação. Foi bom, porque eu vi que o meu PD está funcionando: passei por um espaço de, no máximo, 20cm. Mas o moço não ficou satisfeito: gritando, mandou que eu ficasse sentada nos bancos da frente. Eu disse que não iria ficar ali, pois era lugar exclusivo para idosos ou deficientes. Ele gritou mais ainda e eu resolvi sentar.

Mas, como a vida é mais larga que comprida, tinha esse outro moço, que assistiu a tudo. Quando ele foi passar pela roleta, o cobrador deu uma travada com o pé e machucou o outro moço. E o show recomeçou, agora com novas personagens. Resumindo a ópera: o moço era policial, fomos todos para a delegacia. Eu, quietinha, boquinha de siri. Quando tudo parecia resolvido, eis que o cobrador recomeça a soltar seus petardos:

"Por isso que eu não gosto de usuários. Tudo um monte de filhos da puta. Prefiro trabalhar na Estrutural, com o pessoal mais humilde, porque esses ricos... aliás, metidos a ricos, porque se fossem ricos, estavam andando de carro, e não de ônibus. Aquela ali (e apontou para mim) eu fui ajudar (!!!) e ainda ficou contra mim. Tudo um monte de FDP..."

Eu pedi para que ele parasse de falar, mas ele continuou. Todos os outros passageiros pediram para ele parar de falar, mas ele continuou. Eu levantei, peguei minha agendinha, uma caneta, copiei o número do ônibus, a placa... bom, vou fazer uma reclamação formal, conversar com meus advogamigos, ver o que posso fazer... primeiro, vou procurar o policial. Um mocinho me passou um papel com o nome e o telefone. E disse que, se eu precisasse de testemunha, bastava procurá-lo.

O mais importante para mim vem agora: todos no ônibus começaram a contar casos semelhantes, casos que até mesmo envolveram machucados, por causa de quedas. E disseram que não valia a pena brigar. Que ninguém escuta pobre. Aquilo doeu no meu estômago.

Numa coisa o cobrador estava certo: eu não sou rica... mas também não sou metida a rica. Ando de ônibus por medida de economia e praticidade. O policial usou muitos clichês do tipo "Você não sabe com quem está falando". Mas ele sabia sim. Ele estava falando com pessoas, gente, que nem ele. Imagino (vejam bem, só imagino) que eu tenha um nível social, cultural, financeiro melhor que o do cobrador. Isso é um pré-conceito. Mas não me sinto superior a ele senão na educação e no trato com as pessoas.

Custa muito tratar as pessoas como nós gostaríamos de ser tratados?

quarta-feira, outubro 20, 2004

Eu sou... eu estou...

Outro dia eu recebi uma mensagem do Guilherme, de BH, dizendo que gostou da frase que eu coloquei no meu perfil do iogurte. Eu escrevi que não podia me descrever porque, aos 35 anos, estava descobrindo que sou totalmente diferente do que eu imaginava ser.

Antes eu queria caber no mundo. Queria ter o cabelo certo, o corpo certo, a roupa certa, a voz certa, o salário certo. Hoje, quero que o mundo caiba em mim. Quero o pensamento correto, a mente sã, a espinha reta, o coração preparado para aceitar e todo o amor a que eu tenho direito, ou seja: quero VIDA.

E que sigam-me os bons!!

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Estava eu vindo para o trabalho, quando recebi um presente, assim, do nada. Passei por uma mocinha que me deu uma encarada. Aí, eu olhei para ela também. Dei dois passos, ela também. Virei, ela também. Disse: "Diândria!", e ela disse: "Fabrícia!". Ex-aluna, pessoa querida, daquelas sobre as quais você quer saber sempre. Eu nem acreditava que estava ali, vendo uma figurinha tão amada. Podendo abraçar, beijar. E o melhor: trabalhamos no mesmo lugar. Ela pela manhã, como estagiária. Eu à tarde, como revisora.

Fiquei feliz. Como? Bobagem? E se eu encontrasse uma pessoa de quem não gosto? Quantas vezes você aí, é, você mesmo, disse a frase: "Encontrei fulano(a) hoje. Estragou o meu dia!"? Pois é. Eu prefiro contabilizar as minhas alegrias...

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Kika, amole, ver você feliz me faz um bem!!! Fé na vida e pé na tábua! Fazemos o que podemos.


segunda-feira, outubro 11, 2004

Momento Trash

Estava eu, domingo, praticando a saudável arte de imprimir no colchão os contornos do meu belo corpitcho, quando me deparei com um quadro muito interessante do não menos interessante programa do Gugu. A apresentadora era a Monique Evans. Gente, lembrei a época em que eu ficava assistindo TV de madrugada e via aquele programa (não lembro o canal), em que ela ficava deitada em uma cama, entrevistando as pessoas. De todas essas modeletes que abundam por aí, a Monique é a mais divertida. Foi muito engraçado ver a interação dela com as pessoas na rua. Uma hora ela tropeçou, quase caiu e virou para um senhor que estava andando atrás dela e disse: "O senhor fica olhando para a minha bunda e eu quase caio!". O senhor ainda entrou no clima e perguntou: "Será que eu estava olhando?"... só não gostei depois, quando ela tentou reconciliar um casal que estava fazendo 28 anos de casado. O marido contou uma historinha, fazendo carinha de coitado, de vítima e, quando a esposa foi contar o outro lado do assunto, o buraco era bem mais embaixo. O cara era o maior safado! Aí eu mudei de canal... fui assistir Márcia Banana Split...

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Eu já contei para vcs que tenho múltiplas personalidades? Pois é. Não era eu assistindo a essas coisas na TV. Era uma personagem...

Colou?

quarta-feira, outubro 06, 2004

Rosebud

Hoje, tal qual um Cidadão Kane, acordei com uma palavra que teimava em bailar na minha cabeça. Mas, como o roteiro da minha vida não foi escrito por Orson Welles, nada de "Rosebud" ou de palavras mais estranhas, exóticas e merecedoras de uma investigação. A palavra era "curso". Curso do quê, Deus meu??!!

Desde ontem que o dia está estranho, ou seja, o dia de ontem ainda não terminou para mim. E está estranho. O tempo está estranho, uma chuva tímida, querendo vir, mas que se atrapalha um pouco e só goteja. E eu, sonhando com tempestades.

(Preciso parar aqui para pedir desculpas: Pat, seu sei que, se chover, você não vai poder andar na sua moto nova. Mas é só um pouquinho, prometo.)

Estou com um questionamento na minha cabeça, sentado ao lado da palavra "curso":

Quem não acredita em Deus, recorre a quem ou a o quê nas horas de desespero? Vi um olhar vazio e desesperado ontem. Que me pediu para rezar. Porque ela não acredita, mas eu acredito. Então, eu posso, mediante procuração, rezar por ela. Eu acredito em Deus. Não acredito é em certas pessoas. Será que elas existem?

Bom, de tudo isso surge uma coisa que eu tenho certeza de que me deixa feliz: hoje é o aniversário do Rodolfo. Parabéns, meu anjo. Amo muito você. Hoje à noite nós vamos cantar parabéns para você. Eu, Bíola, Céci, talvez papai e mamãe.

Laila gosta de uvas (come até a casca), Sam está melhor, Babi está adorando a escolinha e eu acho que a Céci estragou meu lápis de olho (ela jura que não). Um dia me disseram que o que me salva é o amor que eu sinto. Ainda bem...

sábado, setembro 25, 2004

Teste

Fiz esse teste lá no Dia de Folga, da Lu. Gostei do resultado, mas tenho medo de ficar diabética... sei lá, Camille Claudel, As Quatro Estações...

HASH(0x8b0e228)
Voce eh o album AS QUATRO ESTACOES, do Legiao
Urbana. Sensivel, muito intenso e com uma
personalidade forte, voce faz o que bem
entende, sem se preocupar muito com a opiniao
dos outros.

Que album do Legiao Urbana voce eh?
brought to you by Quizilla

terça-feira, setembro 21, 2004

171

Seria engraçado se não fosse ridículo. Estou indignada até agora...

Explico: existe essa corretora de seguros de saúde que, todo final de mês, liga para a minha mãe oferecendo um novo plano, com mais vantagens, mais descontos e etc. Essas pessoas têm o dom de tontear a gente com tanta falação. Conseqüência disso é que a minha mãe já trocou o nosso plano trocentas vezes. Na sexta-feira, ela agiu novamente. Foi até a minha casa e falou desse plano maravilhoso, com mais coberturas, quase pelo mesmo preço do que temos agora. Minha mãe topou mudar. Tirei cópia das nossas identidades (lá em casa mesmo) e fiquei esperando o moço do plano ligar para confirmar os meus dados. Quando ele ligou, perguntou a data de nascimento dos meus pai. Eu respondi, claro, informando os anos corretos (42 e 46). Pois vocês acreditam que aquela corretora adulterou a data de nascimento nas cópias das CI dos meus pais? Ela informou o preço de uma faixa anterior para a minha mãe. E ainda teve a cara-de-pau de dizer que havia combinado tudo com ela. Minha mãe ficou possessa. Depois, a figura admitiu que o erro dela foi não ter "combinado direitinho"...

PERAÍ!!!!! O ERRO FOI NÃO TER COMBINADO??? FALSIFICAR DOCUMENTO NÃO É ERRO???

Eu perdi algum capítulo dessa novela, tenho certeza... ou então, tem algum hospício fornecendo o endereço lá de casa para os sociopatas...

sexta-feira, setembro 17, 2004

Camisetas

Usar camiseta para fazer propaganda ou para defender uma idéia é mais velho que andar para frente. Tivemos até um presidente que lançava mão desse recurso quando percebia que falar demais poderia complicá-lo (pelo menos esse crédito eu tenho que dar a elle).

Na feirinha da Torre, havia uma banquinha que vendia umas camisetas lindas, com trechos de poemas e de letras de música. Todo final de semana eu comprava pelo menos uma. E lá ia eu, desfilando Cecílias, Renatos, Carlos, Pablos e que tais.

Aí veio a onda das camisetas engraçadinhas. Os dez tipos de corno, comparação entre o homem e o pão de forma, oração do bêbado. "Não me seqüestre, eu sou professora", "Enquanto o homem certo não aparece, me divirto com os errados"...

Camiseta de político, quem não tem uma para usar em casa que atire a primeira Hering. Camiseta da faculdade, de campanha ecológica, de lembrança de alguma cidade: "Meu cunhado esteve em Trobobó do Sul e só me trouxe esta camiseta".

Até aí tudo bem... hoje eu estava vindo para o trabalho quando vi uma mocinha de uns 16, 17 anos, corpitcho tudo em cima, calça-cofrinho, chapinha e óculos escuros segurando os cabelos. Comum, né? Mas a distinta estava usando uma camiseta onde se lia, sobre cada um dos seios, a palavra "Experimenta". O que é isso, alguém pode me explicar? Marketing? Campanha de amamentação?

Por via das dúvidas, já comecei a estocar víveres. Ou alguém duvida de que o fim está mais próximo do que imaginávamos?

sábado, setembro 04, 2004

Quando o Amor Faz Mal?

O amor, em todas as suas formas, seja por um homem, por uma mulher, por um amigo, por um filho, pelos pais, pelos irmãos, o amor faz mal:

* quando é, quando não é, quando poderia ter sido, quando pode até vir a ser;

* quando mente e, às vezes, quando diz a verdade;

* quando está longe e quando está perto;

* quando é novo e quando é antigo;

* quando se mascara e, muitas vezes, quando se revela;

* quando é muito e quando é pouco;

* quando é verdadeiro demais e quando é falso demais;

* quando sufoca e quando deixa livre;

* quando liberta e quando aprisiona;

* quando trái e quando é fiel;

* quando chega e quando vai.


Como qualquer outro sentimento na vida da gente – raiva, dor, fome, saudade, alegria–, é preciso encontrar um equilíbrio. Porque o mal que o amor nos faz não vem do amor... o mal que o amor nos faz vem de nós mesmos...

quinta-feira, agosto 26, 2004

Calendários

Poucas pessoas que me conhecem sabem, mas eu sou uma poeta de calendário. Vocês já viram isso? Pois é, nem eu tinha visto... mas um dia, a Lê, que trabalha comigo, estava fazendo a arte do calendário 2004 da Ideal (a gráfica onde nós trabalhamos). Aí, eu comentei que as imagens iam ficar legais se fossem acompanhadas de um hai kai, um textinho curto, com cara de poesia, cheiro de poesia. E ela topou. As ilustrações eram umas aquarelas lindíssimas de flores do cerrado, da Therese Von Behr, uma artista maravilhosa que mora aqui em Brasília.

Cada mês, uma flor, de acordo com a sua floração. E a cada flor, um hai kai, escrito por mim.

E um desses textinhos foi parar em um jornal. Não colocaram o meu nome, mas eu nem me incomodei. Era o jornal de uma associação de aposentados e, pelo que eu soube, o hai kai fez sucesso entre os leitores. Isso me bastou como crédito...

Quando a seca tinge o verde de cinza,
A quaresmeira nasce,
Lembrando que é sempre possível
Refazer-se.
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Para você, coisinha: eu amo você. Assim, redondo, sem arestas a aparar. Se é tão fácil dizer que não gosto de uma determinada pessoa, deveria ser fácil também dizer que amo você. Mas não é fácil. Porque eu sei que não cheguei na hora certa, com a pressão e a temperatura certas. Sei que não é para ser. Mas eu queria que fosse. Mas não é. E eu nunca detestei tanto ser adulta. Queria ser criança para dizer: "Eu quero e pronto!". Mas, mas, mas, mas...

quinta-feira, agosto 19, 2004

Teste

Até aí, morreu o Neves...quem mais eu poderia ser???


Faça você também Que gênio-louco é você? Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia

Dúvida histórica

O que seria do mundo se os grandes vultos da história universal tivessem a mesma firmeza que eu diante de algumas tortillas?

Acho que estaríamos todos de sombrero...

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Motivo do post: jantar ontem com a Kika, a Lu e a Gabi em um restaurante mexicano no estilo all you can eat.

segunda-feira, agosto 16, 2004

Saudações ao óbvio ululante...

* Pais realmente viram filhos depois de uma certa idade...será justiça poética?

* A incapacidade de dizer não causa efeitos do tipo "bola de neve".

* A lógica capitalista está entranhada em mim. Chefe é quase Deus.

* Louças em geral não são autolaváveis.

* Não adianta comer doces escondida. Eles não se dissolvem milagrosamente no organismo.

* Ignorar o extrato bancário não faz o saldo mudar de cor (e ficar olhando fixamente, tipo querendo enfeitiçar, também resulta em nada).

* Se o telefone toca, em pleno domingo à tarde, não é o Keanu me chamando para comer tapiocas.


Oh, Deus! Deve ter alguém se divertindo no meu lugar!!!

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Mais coisas de mulherzinha: fui com a minha irmã e mais quatro amigas assistir ao filme "Diário de uma Paixão". Lindo, muito lindo. Mas, ó, leve uma caixinha de lenços de papel. Foi muito engraçado ouvir o cinema fungando em uníssono.

Peraí...chorar em filme é coisa de mulherzinha?

Fui ver também "Moça com Brinco de Pérola" e "Queimando ao Vento" (pausa para as piadinhas de duplo sentido). O primeiro tem uma direção de fotografia que é um primor. Faz jus ao tema. O segundo é um daqueles filmes europeus torturados. Bom, mas nada de óóóóóóó´...

Estou usando muito a vogal "o" hoje. Será que Freud e os Fab5 explicam?

sexta-feira, agosto 06, 2004

Metendo o bedelho

Eu estava aqui brincando com o David, meu amigo querido de trabalho, sobre as opiniões extremas. Desenvolvemos uma teoria dos pontos convergentes (que eu não vou citar aqui porque só tem graça para nós dois), rimos muito, mas depois eu fiquei pensando...

E, para quem não me conhece, quando eu penso é quase um caso de calamidade pública.

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Hoje eu peguei um táxi e comecei a conversar com o motorista, um senhor muito simpático. O papo não foi bem do tipo que me agrada: falamos sobre assalto. Aí eu contei para ele do assalto que eu sofri há uns quinze anos.

O que mais me deixa indignada até hoje é que o assalto rolou em pleno dia, em um lugar razoavelmente movimentado daqui de Brasília e ninguém, repito, ninguém se deu conta de que eu estava sendo assaltada.

Não é que as pessoas tenham evitado se intrometer. Elas realmente não notaram.

Pergunta: você olha para as pessoas enquanto está andando pelas ruas da cidade? Eu queria saber.

Eu olho. E tenho hábitos que alguns dos meus amigos condenam. Por exemplo, quando eu vejo pais batendo em uma criança, tenho vontade de interferir. Mas não faço isso, é claro. Poderia piorar a situação. O que faço é olhar ostensivamente, para que o agressor saiba que ele não está invisível. É lógico que isso não se aplica a uma palmadinha educativa. São cenas de violência mesmo, com tapas no rosto, empurrões. Isso me machuca por dentro.

Já vi cenas assim entre namorados, entre amigos.

Não consigo me ver como um ser à parte da humanidade. Tenho discernimento, é claro, mas às vezes esqueço aquela regra do "cada um cuida de si".

Será que estamos ficando invisíveis? Será que os outros estão se tornando invisíveis para nós?

Brrrr...deu um calafrio...

terça-feira, agosto 03, 2004

Coisinhas

Às vezes, a gente recebe presentes assim, sem esperar. Não daqueles de rasgar papel, de pegar na mão. Presentes impalpáveis. Talvez por isso mais emocionantes.

Minha amiga Jussara me deu um desses na quinta passada. Ela participa de um grupo de leitura e me convidou pra o próximo encontro. Funciona assim: a cada encontro, o grupo escolhe um autor brasileiro não muito famoso. No encontro seguinte, os participantes discutem sobre o livro, emitem opiniões e, desnudos, comem uvas frescas sobre as páginas arrancadas com os dentes (essa parte já é fruto da minha imaginação...).

O livro escolhido para a minha primeira apresentação foi "Dois Irmãos", de Milton Hatoum. Comprei na Fnac, por R$36,00. Meu pai, na sua fome literária, leu primeiro e fez o primeiro comentário: "É excelente". Eu li depois. E reli. Li de novo. Que livro bom! Que autor talentoso. Minha mente ficou em festa.

E que venham as uvas frescas!

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Sabe quando eu sei que não sou nada? Quando sinto dor. E dor foi o que eu senti durante todo o final de semana. Por burrice minha, é claro. Porque não tento domar o meu medo de dentistas. Porque não me informei sobre a emergência 24 horas do meu plano odontológico. Porque deixei um dente lascado virar um Canal da Mancha.

Vai pastando, vai!

sexta-feira, julho 30, 2004

Pura poesia

How happy is the blameless vestal's lot
Como são felizes aqueles que não têm culpa
The world forgetting, by the world forgot
Os que esqueceram o mundo e que foram pelo mundo esquecidos
Eternal sunshine of the spotless mind!
Eterno raio de sol da mente imaculada!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd
Cada prece atendida e cada desejo resignado

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Deu para perceber que eu fui assistir ao filme com o Jim Carrey e com a Kate Winslet, não é? E que esse filme mexeu comigo. Muito. Tanto que, quando eu ainda estava extasiada olhando os créditos e uma moça passou dizendo que o filme era o maior "besteirol", me despertou uma vontade tão grande de jogar o resto do meu suco de maracujá nela. Mas, como eu já havia tomado o suco (maracujá=calmante), a vontade passou rapidinho.

Gostei da desestruturação cronológica, da construção das personagens, da atuação dos protagonistas, da amarração da história, da poesia que é o enredo...

Como é doce aquela Clementine, como a Kate Winslet conseguiu dar a ela o tom ideal, entre a procura de todo mundo e o desvario.

Fiquei feliz por ter perdido a rejeição que eu tinha ao Jim Carrey, aquele careteiro. A atuação dele esteve quase perfeita, exceto por um exagero aqui e ali, mas nada que abalasse a estrutura do filme.

E que poema do Alexander Pope.

E como eu estou emocionada e feliz por ter a certeza de que somos seres dicotômicos. De que a fonte para a felicidade e para a tristeza é uma só. E de que somos nós que moldamos a vida.

Simples assim...


terça-feira, julho 27, 2004

Nasceu!!!

A história é assim: três moçoilas de bem com a vida, amigas, lindas, cheirosas e gostosas resolveram escrever juntas. Mas, como somos mudernas, continua cada uma na sua casa. O que mudou é que agora temos um matadouro para levar os homens da nossa vida e lá, devidamente protegidas pelo anonimato (!!!!), esquartejá-los como manda o figurino da Manequim.

Só não vou dizer para você ir correndo porque só eu escrevi até agora. Não é, Kika??? Não é, Lu???

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Vendi o meu carro!!! Estou total e irremediavelmente a pé. Mas sem dívidas. E é isso que importa (e não venha me dizer que não é, pois estou fazendo um condicionamento amoroso).

Ok, empolgada do jeito que sou, já conheço as linhas de ônibus e de metrô que me levam aos lugares aonde quero ir  e que me trazem de volta à minha casa. Já tenho até uma bolsinha daquelas de vovó, para guardar os trocadinhos. E é de oncinha, tá? Te mete!!!

Foi bom falar abertamente com as pessoas que eu amo sobre os meus problemas com dinheiro. Sou uma gastadora compulsiva, não sei me conter. Dizem que é doença, né? Mas essa vai ter que esperar na fila...


terça-feira, julho 20, 2004

Dia do Amigo

 
Eu sou a prova viva que derruba duas teorias absurdas que andam circulando à sorrelfa. As duas dizem respeito à amizade. Uma diz que é impossível haver amizade entre um homem e uma mulher. A outra afirma que não existe amizade sincera entre duas mulheres.
 
Bom, essas duas teorias, na minha humilde opinião, são excelente assunto para final de noite, quando você está falando de gansos e a outra parte da conversa está dissertando a respeito da floração das begônias no extremo oeste da Patagônia. Porque não existe absolutamente nada que fundamente essas afirmações.
 
Eu tenho um amigo, homem de carteirinha, pessoa incrível. Sabe quando você tem orgulho de dizer que conhece alguém? Pois o meu amigo não é artista global, não é cantor famoso, nem jogador de futebol. Mas, se não fosse parecer que eu estou treinando uma falsificação, pediria autógrafo dele todos os dias. Nossa amizade já dura três anos e eu, com a delicadeza que me é peculiar, já perguntei se ele estava interessado em outras coisas além de na minha amizade. Situação esclarecida, começamos a cultivar um relacionamento que hoje é uma das maiores alegrias da minha vida. Como costumo dizer para as pessoas que eu amo, a minha vida existiria sem ele, mas não teria um décimo do carinho, da diversão, do apoio e do amor que encontro nele.
 
Quanto à outra teoria, eu só posso rir. Porque tenho duas irmãs que são amigas de doer os ossos, tenho tias que são amigas, tenho a minha mãe, que só não é mais minha amiga por limitações do cargo. E tenho algumas amigas fora da família socialmente convencionada. Não são amigas específicas, do tipo "essa é boa para fazer compras", ou "essa é boa para fofocar". São amigas totais, completas, queridas, amadas e respeitadas.
 
Acabei de me lembrar de uma coisa: quando a minha sobrinha Céci tinha uns três ou quatro anos, ela andava na rua comigo abraçada à minha perna. E dizia: "Nós estamos andando que nem amigas, né, Dada?". Fico emocionada até hoje. Para ela, ser amiga era andar abraçada na rua. Era meio esquisito andar com ela pendurada na minha perna, mas eu fazia questão de sair assim, como "amigas".
 
E esses relacionamentos não vieram parar na minha vida porque eu sou fofa, ou por causa dos meus lindos olhos. Eu mereço cada um deles. Porque eu os cultivo. E essa é a chave. Saber cultivar. Saber estar perto, mas saber também se afastar, quando é necessário. Saber dar amor, mas saber dar broncas também. Saber falar feito uma maritaca, mas saber ouvir como um monge.
 
E amar de verdade. Não é esse amor de propaganda de refrigerante. Amor mesmo, com erros, acertos, vontade de esganar, preocupações, alegrias, comemorações. Amor.
 
FELIZ DIA DOS AMIGOS
PARA TODOS OS MEUS
QUERIDOS AMIGOS!!!
 
 

quinta-feira, julho 15, 2004

Bom dia por quê???

Sabe aqueles dias em que você se sente bem capaz de matar o Bambi com uma Uzi? Pois é, hoje baixou um mau-humor em mim que até agora eu não consegui entender. TPM? Crise dos trinta e tantos? Falta de sexo?

Vou providenciar uma camiseta para esses dias. Vai ser preta, com os dizeres "Nem vem!".

terça-feira, julho 13, 2004

Exorcizando

Começa assim:

eu tenho um cérebro (apesar de algumas pessoas ainda duvidarem, inclusive eu...rs...).

Esse meu cérebro resolveu, por conta própria (juro que não fui consultada), adquirir um pequeno tumor, ali, perto da hipófise. Coisa mínima, nada preocupante. Às vezes eu nem lembro que ele existe. É assim como um inquilino gente boa, que não arrasta móveis, não dá festas barulhentas, não discute a relação aos berros e coisa e tal.

Ilustrando:



Mas, como nem tudo na vida é assim blábláblá (ver post anterior), de quando em vez, esse inquilino costuma dar o ar da sua graça. Os efeitos? Meus olhos ficam embaçados, doem bastante. Minha memória fica um pouco fraca, começo a confundir as coisas. Às vezes, minhas palavras não acompanham meus pensamentos, e eu tenho a impressão de que nada do que eu estou dizendo faz sentido.

E aí eu pergunto: drogas para quê???

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Em tempo: sei que algumas pessoas queridas vão levar um choque ao ler isso, mas juro que não é necessário se preocupar. Se não fosse forçar muito a barra, eu até diria que sou uma pessoa normal...



Para o meu anjinho, com carinho

Existe uma pessoa na minha vida que eu amo muito, verdadeiramente. Explico: amo outras pessoas verdadeiramente, mas ele é especial. Porque eu tomei a decisão de fazê-lo parte da minha vida. E ninguém – a não ser eu e ele –, nenhuma situação ou acontecimento vai mudar isso.

Acontece que ontem eu, desavisadamente, dei uma notícia triste para ele. No meio da conversa, ele disse que preferia ter sido eu a qualquer outra pessoa. Mas eu não preferia não...e, se eu pudesse escolher, nunca, nunca daria qualquer notícia que o fizesse triste. Só aquelas que colocassem um sorriso naquele rosto que eu amo tanto. No entanto...

A vida não é assim, feito propaganda de pasta de dente ou novela de Manoel Carlos. Não existe nenhuma garantia de que, ao final de muito sofrimento e decepções, a gente vai ser feliz para sempre. Não sei se é para dar valor, ou se as coisas simplesmente são. Talvez seja para nos ensinar que "apesar" tem mais valor do que "porque".

Meu anjinho, tenho tantos planos para a sua vida. Se você me ouvisse, tudo seria tão perfeito...

Ainda bem que não ouve, pois só assim você passa pelas experiências de que precisa. Dizem que é assim que crescemos.

Eu ainda não estou convencida. Ainda queria proteger você dessas tristezas. Coisas de quem ama...

segunda-feira, julho 12, 2004

Um homem, uma mulher, uma criança e um carrinho de compras

Local: Um famoso hipermercado de Brasília

Horário: Perto das 21h

Moça solteira entra na fila do caixa rápido para comprar uma orquídea e um pão-pizza. À sua frente, já se encontram um homem com sua filhinha. No carrinho dos dois, caixas de sucrilhos, muitos chocolates, sorvetes e latinhas de cerveja.

Ele – Nossa, que flor bonita! É para a sua casa?

Ela (avaliando o material e concluindo que valia a pena responder) – Não, é para a minha mãe. Aniversário de casamento...

Papo vai, papo vem, ela descobre que ele tem 35 anos, que é separado, que a filhinha mora com a mãe, mas passa os finais de semana com o pai. Ele pergunta o nome dela, se ela mora sozinha. A paquera rola suave, como se espera em uma fila de supermercado. De repente, a menina linda, com encantadores olhos azuis, resolve dar a sua contribuição:

– Quando eu fizer 18 anos, vou morar com o papai.

Ele – Ela mora com a mãe e com a avó. Sabe como é, na casa do pai ela acha que vai ter mais liberdade...

Ela – É, isso é um padrão...

Menininha – Eu quero morar com o meu pai porque minha vó fica falando que ele é um vagabundo...

Ele – O que é isso, minha filha...a sua avó fala demais...

E lança um sorriso que busca a compreensão da moça.

Menininha – Pai, ela diz que você não presta, que só me dá besteira para comer, que bebe demais, que leva um monte de mulheres para casa, que não cuida de mim direito...aí eu choro...

Ai, ai...não é doce ver um amor morrer antes mesmo de começar??


sexta-feira, julho 09, 2004

Limites

Há algum tempo, eu escrevi que não sabia dizer não. Que não sabia fazer as pessoas respeitarem a minha vontade, os meus limites.

Hoje aconteceu uma coisa que me fez pensar nisso de novo.

Eu recebi flores. Muitas e lindas flores, em um arranjo bem bonito. E eu adoro receber flores. Só que essas flores vieram de uma pessoa de quem eu estou querendo me afastar. Uma pessoa que não respeita o meu espaço, que, quanto mais eu digo "chega!", menos entende. É uma pessoa abusiva, que me faz sentir mal, que faz chantagens emocionais, que me deixa com o astral lá no pé.

Escrevi um e-mail dizendo que recebi as flores, mas afirmando que não havia entendido o porquê delas. Pedi que não fizesse isso de novo, especialmente aqui no meu trabalho. Todo mundo vê, todo mundo pergunta, eu fico para morrer. Li o e-mail para um amigo em comum e ele disse que eu tinha sido muito polida. Mas é o que eu sou. Não sei ser grosseira.

Que direito essa pessoa tem de estragar um dos meus maiores prazeres, que é receber flores? Como eu recebo flores tão lindas e fico triste, a ponto de ter que levá-las para uma outra sala, bem longe de mim (é, porque eu não jogo flores no lixo de jeito nenhum)?

Pessoas malucas, muitas pessoas malucas no mundo...



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Só a título de registro: enquanto isso, Keanu nunca me mandou nem um galhinho de arruda. Pode??? Onde está a justiça neste mundo?

quinta-feira, julho 08, 2004

Clube da Luluzinha

Coisas de ontem e de hoje que merecem registro:

* a bolsa l-i-n-d-a que a Kika estava usando (ganhou do Kiko, tá? Te mete!);

* a gargalhada espontânea que o garçom soltou quando a Lu fez o último pedido da noite: mousse de chocolate com guaraná diet, por favor;

* as confissões de canalhice (não conto nem sob tortura!);

* as histórias de infância;

* os ex-;

* a Lu (de novo!!), hoje, no almoço, pedindo uma saladinha básica, acompanhada de uma porção de...batatas fritas;

* as risadas, as brincadeiras;

* a nossa amizade se fortalecendo!



Coisas de mulherzinha


Convencionou-se chamar de coisas de mulherzinha toda e qualquer expressão de sentimentos, gritinhos histéricos de admiração, frescurinhas muito cabíveis em determinados momentos, crises de TPM, encontros de Clubes da Luluzinha e todas as outras coisas que mullherezinhas fazem quando estão, juntas ou separadas, atravessando momentos especiais, quer de dor ou de alegria.

Bom, eu, particularmente, adoro coisas de mulherzinha. Pratico, recomendo e aprovo.

Ontem participei de um encontro desses, de mulherzinha. E foi tão bom, que repetimos hoje, na hora do almoço. Conversamos, rimos, desabafamos, trocamos idéias, contamos histórias...

Já virou chavão dizer que as mulheres não são fiéis umas às outras. Que não existe amizade sincera entre duas mulheres. Não sei que experiências a pessoa que cunhou essa opinião teve, mas as experiências que eu tive me mostram justamente o contrário. Tenho amigas muito amadas, que me são fiéis e às quais eu sou fiel. Lassie perde de longe.

Entre as atitudes dos outros que me incomodam, coloco a mania que algumas pessoas têm de querer espalhar a discórdia. De achar que o mais óbvio é que nasça a inveja, a mágoa entre duas pessoas.

Eu estou fazendo a minha parte: adoro as minhas amigas. Conto com elas a todo o momento. Respeito, admiro, fico feliz com as conquistas, choro junto pelas tristezas, brigo, dou conselhos e estou sempre lá quando elas precisam, de um jeito ou de outro. Tenho duas irmãs-amigas, tenho três amigas-irmãs, tenho muitas amigas especiais. Tenho amigas que fazem parte da minha vida há vinte anos. E tenho duas novas "amigas de infância".

Né, Lu? Né, Kika?

quarta-feira, julho 07, 2004

A Raposa e as Uvas

Uma amiga minha muito querida, muito especial e muito boba está apaixonada. Deveria ser uma boa notícia essa, mas a minha amiga está sofrendo.

Demorou um tempo até que ela encontrasse A pessoa. E, quando ela encontrou, a pessoa estava, digamos assim, oficialmente ocupada. Depois, a pessoa "desocupou". E a minha amiga, sempre tão insegura, decidiu respeitar esse tempo de desfazimento de amor, de desamoramento. E foi aí que ela bobeou. Porque outras pessoas nem pensaram em respeitar esse tempo e crau!, atacaram.

Minha amiga é uma mulher bonita (apesar de ela ter dúvidas sobre isso), inteligente (apesar de não ter o alcance do quanto) e muito, mas muito especial. E eu não digo isso só porque ela é minha amiga. Mas essa pessoa especial está sofrendo. Ela não teve palavras para declarar o amor por essa pessoa. E agora não tem coragem de falar seu sofrimento. Fica dizendo que não se importa, que é isso mesmo, que o que tiver que acontecer acontece.

Ela nem me pediu conselhos, acho que não quer falar sobre essas coisas. Mas estou me preparando: e se ela me perguntar o que deve fazer? O que eu vou responder? Vai fundo? Desiste? Eu não sei o que dizer para a minha amiga. Porque coração dos outros é terra onde não se pisa. E se ele não aceitar o amor dela? E se ele também estiver interessado?
Vale nesse momento a máxima "Faça o que seu coração mandar"?

Sei lá! Essas coisas são muito complicadas.

sexta-feira, julho 02, 2004

Caminhando e cantando

De vez em quando, eu tenho umas idéias de jerico. Tá, não é tãããooo de vez em quando, mas também não é todo dia.

Na quarta-feira eu tive uma. Hoje tive outra. Vamos pela ordem.

Eu precisava fazer uma perícia de um tratamento dentário. O perito fica no Setor Comercial Sul. Eu trabalho no Banco Central. Isso dá uns 400m ou 500m. O horário era 11h15. Eu estava de sandalinha de salto. E com pressa. E atrasada. E o caminho é bem estragadinho, em alguns trechos não tem nem calçada direito.

Misturando todos esses dados em um cérebro com condições perfeitas de temperatura e pressão, o resultado seria: vou de carro.

Mas, como quem processou os dados foi o meu cérebro, o resultado foi: vou a pé!

Saldo: uma lista imaginária de cacarecos para comprar em camelôs, dez ou doze tropeções, uma recordação das balinhas que eu comprava na porta do colégio, uma recordação do tempo que um amigo meu passou no Hospital de Base, observações dos rostos das pessoas, muita conversa de mim comigo mesma e uma bolha monstruosa na sola do pé direito.

E antes que alguém diga que o saldo foi positivo, vou logo avisando que a bolha vale por mil. Porque ela me fez sentir muita dor. E porque eu não podia colocar os pés em uma bacia com água e sal. E porque eu precisei trabalhar o resto da tarde. Mas sobrevivi.

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Sobrevivi porque precisava ter a idéia de jerico de hoje, é claro.

Comprei uma revista, acho que da Avon (comecem a avaliar o estrago, por favor), sobre Pilates. Veio o kit completo: revista com os exercícios básicos, uma bola bem legal e umas borrachas estranhas, com cara de acessório SM. E lá fui eu começar a minha vida saudável.

Primeiro, eu preciso dizer que já fui bailarina. Que o meu corpo já foi flexível, leve, tal qual uma lagartixa. Tá certo que foi no século passado, mas foi real. Eu pensava em um movimento, meu corpo respondia, lindo, saudável.

Hoje, estou esta ruína balzaquiana (draminha básico). Logo nos primeiros exercícios, meu pescoço travou. Um movimento que eu fazia, literalmente, com um pé nas costas. Estou um pau!!! E vim trabalhar assim, toda dolorida, do pescoço ao pé embolhado.

Vou perguntar de novo: quem contratou um roteirista mexicano para escrever a novela da minha vida??? Eu queria o Manoel Carlos!!!

sexta-feira, junho 25, 2004

Alô, alô, responde...

É, a "mudernidade" tem dessas coisas. Acontece que ontem eu cheguei a minha casa e encontrei minha irmã com cara de enterro.

Ela: Tenho uma coisa muito triste para te contar.

Eu: Quem morreu???

Ela: Ninguém! Eu, hein! É que eu perdi o meu celular.


Acontece que o dito celular foi um presente de eu pra ela. Bonitinho, pequenininho. Parece que ela o esqueceu na lanchonete dos Correios e não achou mais.

Passou o dia ontem ligando para o celular. Caixa postal direto. Avisou que eu precisava ligar para a Vivo e bloqueá-lo, pois ele está no meu nome.

Hoje alguém atendeu o celular. Um tal de Zé. Disse que comprou o aparelho na rodoviária. Minha amiga Lê ficou assombrada com a rapidez do moço amigo do alheio. E eu me senti personagem de uma crônica de LFV.

Para bloquear a linha, eu preciso mandar um fax com um monte de letrinhas: BO, CPF, RG, NF e NS. Em cinco dias. Para desbloquear, pelo que eu entendi, basta alguém ligar...

Tô quase ligando para o Zé e fazendo um acordo...

Saiu na chuva...

Eu disse que não queria falar sobre isso, mas não consegui conter a minha grande boca. Então, como diria o saudoso Vicente Matheus, "quem está na chuva é para se queimar".

A pedidos:

O Analfabeto Político
Bertold Brecht


O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

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E esse analfabeto não é necessariamente aquele que não sabe ler, que não consegue interpretar um texto, que não sabe assinar o próprio nome. É também aquele que não se informa (como o texto diz, magistralmente). Aquele que vai empurrando com a barriga, que vai fazendo piada. Aí, quando a situação chega a um ponto – previsível, diga-se de passagem – insustentável, o analfabeto político "desperta" para a política. E desanda a fazer críticas que não têm fundamento.

Se não, vejamos:

Proer (alguém aí se lembra dessa vergonha???)

Salário mínimo de R$160,00

Risco-Brasil a mais de 1.000 pontos

Projeto Sivam

Privatização do Sistema Telebrás e da Vale do Rio Doce

Aprovação da reeleição

Nicolalau e o TRT paulista

Os precatórios do DNER

Marka/FonteCindam

O uso da Base de Alcântara pelos EUA

A biopirataria

Sr. Eduardo Jorge...

O rombo (opss) da Sudam

O Fundef, meu Deus, o Fundef

E o apoio a Fujimori??

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E existe muito mais...esses casos foram os mais recentes, de uns oito anos para cá.

Por isso eu digo que não votei no Lula esperando soluções mágicas. Por que eu não quero soluções mágicas.

O governo do PT está pisando na bola? Sim. Está errando em tudo? De forma alguma.

Não assinei um cheque em branco para o Lula. Sei que vou criticar esse governo, mas também vou saber valorizar seus acertos. Porque eu quero que dê certo. Para mim, como cidadã. Para o país. E sinto vergonha desta oposição, formada de analfabetos políticos, que não hesitam em prejudicar o país em nome de uma supremacia "para inglês ver".

Ah, e antes que alguém toque no assunto: o PT já foi oposição sim. E nem sempre eu concordei com as posturas do partido. Não concordo com a infantilidade do "se você já fez, eu também posso fazer...lálálá...bruuuuu".

quarta-feira, junho 23, 2004

Conto de Fadas

Eu não gosto de falar sobre isso. Tenho evitado a todo custo, mas agora eu quero deixar registrada a minha opinião para poder vir checá-la daqui a alguns anos.

Eu votei no Lula. Lucidamente. Não fui enganada por nenhuma promessa, não me iludi com imagens de um país justo e perfeito em um piscar de olhos. Sabia da equipe fraca, da possibilidade de um início claudicante. E que eu concordaria com algumas coisas e discordaria de outras (alguns chamam a isso de "livre pensar"). Por isso tudo, acho de uma falta de noção sem tamanho as pessoas que se dizem "traídas pelo PT". Vi militantes ferrenhos, os chamados petistas xiitas, rasgando as carteirinhas, com lágrimas nos olhos. Deu vontade de perguntar o que eles esperavam desse governo. Aliás, o que esperam de todos os governos? A própria palavra – esperar – já traz em si uma atitude passiva.

Cheguei à conclusão de que preciso viver apesar dos governos. FHC, com todos os seus técnicos e burocratas, deixou o país no caos que todos sabem. Desmantelou a saúde, a telefonia, a economia. E agora tem todas as soluções que não colocou em prática durante os oito anos em que esteve no poder. E enche os pulmões, e critica, e formula planos brilhantes para resolver todos os problemas. Inclusive os sociais, que ele, um sociólogo, não minorou nos oito anos em que esteve com o cetro na mão.

Vem a questão do mínimo. A oposição, de maneira idiota e irresponsável, tenta aumentar o valor. Tudo bem para as grandes empresas, que têm lucros indecentes, mas vamos imaginar como uma prefeitura do interior do país vai fazer para honrar sua folha de pagamento. E as viúvas do PT batem palmas. Acham lindo que o governo sofra essa derrota. É como a história do escorpião. Não se pode mudar a natureza. No nosso caso, a natureza de ignorantes políticos. De acordo com um mocinho que andou por aí falando coisas interessantes, esse é o pior tipo.

quinta-feira, junho 17, 2004

Exercitando o coração

O coração é um músculo, certo? O meu eu exercito com bons sentimentos. Sou uma marombeira emocional.

Ontem, vivi uma das maiores emoções da minha vida. Minha irmã veio de surpresa, lá da Alemanha, trazendo a minha sobrinha-afilhada. O coração fez umas trezentas flexões em um minuto.

Como é possível transferir tanto amor de uma pessoa para outra? Amo a minha sobrinha pelo amor que tenho pela minha irmã. Quando a Céci (minha primeira sobrinha) nasceu, eu fiquei pensando se seria possível amar tanto outra criança como eu a amava. Eu a reconheço pelo cheiro, sei pelo tom da sua voz se o dia na escolinha foi bom ou não. E tenho um desejo tão forte de que ela seja feliz, que às vezes enfio os pés pelas mãos. (Só para constar: minha irmã mais velha, a mãe da Céci, não me deixa mais levá-la para ver o Papai Noel. Só porque eu sempre brigo com as outras mães que ficam tentando furar fila.) Sinto que vai ser igual com a Laila. Meu coração ficou colorido quando a vi pela primeira vez. Já conheço o cheirinho da pele dela. Foi paixão à primeira vista. Para sempre...

domingo, junho 13, 2004

Da série "Hipocrisia Pouca É Bobagem" ou "Eu Faço Isso Também"

Eu chamei uma pessoa que eu não conheço de "querida". Sempre achei rodículo quem chama os outros de "querida", "fofa" e palavras afins. Mas, de uns tempos para cá, dei de chamar os outros de "meu anjo". É o garçom, o flanelinha, o mocinho do caixa...tudo bem, eu justificava que "meu anjo" guardava alguma coisa de esotérica, que não era brega que nem "querida" ou "fofa". ONDE ESTÃO MINHAS AMIGAS NESSAS HORAS???

Mas hoje eu chamei a mocinha do caixa do estacionamento de "querida". Será que é alguma influência do tempo? É que aqui em Brasília está fazendo um frio...nãããooo...é breguice em estado puro. Toma jeito, mulher!!

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Expotchê com Bel e Edna. Saldo: três expressos, um sapatinho tipo assim, tênis, e uma caixa de chocolate que o meu lado ingênuo acreditou vir direto de Gramado. Muitos casacos de couro. Uma cantadinha discreta do mocinho do café. A quem eu chamei de "meu anjo", é claro.

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Vejam bem como é difícil iniciar um relacionamento: hoje, e somente hoje, eu precisava ganhar um Santo Antônio (não podia comprar, não, não) e praticar técnicas de tortura chinesa com ele (tirar a criança que ele traz nos braços, colocá-lo de cabeça para baixo dentro d'água). Ok, a girl has to do what she has to do, mas, olha só: deu preguiça. Depois eu reclamo...

Agora é só ladeira abaixo...

Acabou-se tudo: minha auto-estima, meu orgulho. Agora as crianças podem rir de mim, os cachorros podem fazer xixi no meu pé, urubu pode me chamar de minha nêga. Podem expor minhas intimidades, comentar sobre a minha aparência, diminuir minha capacidade intelectual.

UMA AMIGA MINHA SAIU NAQUELAS FOTINHAS DE EVENTOS DE CARAS!!!!!!!!

MEU MUNDO CAIU!!! VOU ALI ENCHER A CARA!!!

sábado, junho 12, 2004

Senhoras e senhores, a música da minha vida:

MAIS SIMPLES

É sobre-humano amar
'cê sabe muito bem
É sobre-humano amar, sentir,
Doer, gozar
Ser feliz
Vê quem sou eu quem te diz
Não fique triste assim
É soberano e está em ti querer até
Muito mais
A vida leva e traz
A vida faz e refaz
Será que quer achar
Sua expressão mais simples?
Mas deixa tudo e me chama
Eu gosto de te ter
Como se já não fosse a coisa mais humana
Esquecer
É sobre-humano viver
E como não seria
Sinto que fiz esta canção em parceria
Com você
A vida leva e traz
A vida faz e refaz
Será que quer achar
Sua expressão mais simples?

sexta-feira, junho 11, 2004

Do que é feito o amor?

Quantas pessoas estão andando agora pela cidade totalmente sós? Estou incluindo nessa pergunta aquelas que já compraram presentes para amanhã. Quantas pessoas estão vivendo a tal "solidão a dois" da qual Cazuza falava?

Estou só, você aí está só, estamos todos sós. Hilke já dizia isso. Estamos todos sós. E isso precisa ser exatamente ruim?

Chego aos 34 anos sem saber direito quem sou. Não cumpri metade dos planos que fiz, sei lá, aos 18, 19 anos. Mas àquela época eu era uma outra pessoa. Eu acreditava que bastava ser amada, que dessa forma tudo se ajeitaria. Bom, dois noivados e vários namoros unilaterais depois, percebo que nem todo amor é capaz. Que mais vale uma simpatia compartilhada do que uma louca paixão de mão única.

Quem sabe não é época de fazer novos planos? Planos de uma mulher de 34 anos, agora. Uma mulher que não sabe de tudo, mas que quer, de verdade, aprender. Uma mulher que não é só amores, que é filha, irmã, tia, amiga, profissional.

Talvez seja isso...ou talvez seja a TPM...vai saber!

quarta-feira, maio 05, 2004

Pimenta

E quem será, hein, gente, o deputado federal que foi flagrado transando com o seu (dele!) assessor no banheiro de uma boate famosa aqui de Brasília? Dizem que um monte de gente testemunhou a cena. Quem levantou a "questã" foi a Paula Santana, colunista do Jornal de Brasília. E eu fiquei com a pulga atrás da orelha.

E não me venham com esta história de o-que-você-tem-a-ver-com-isso, porque eu sou curiosa mesmo.

terça-feira, maio 04, 2004

Quintana, para acalmar o coração

Dos nossos males


A nós bastem nossos próprios ais,


Que a ninguém sua cruz é pequenina.


Por pior que seja a situação da China,


Os nossos calos doem muito mais...




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Discordar, quem há de??

quinta-feira, abril 29, 2004

Tapioca

Para as gentes de Brasília.

Vão, vocês não podem deixar de ir. É lá na 311N, segundo bloco da W3 para baixo. Chama Sabor do Sertão (eu acho...só tenho certeza do Sertão...). É uma tapiocaria. M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!!!!

Eu, "enquanto pessoa e a nível de paraense" sou uma expert no assunto. Quando recebi o convite para ir até lá, pensei: "Ihhh, outro povo que faz uma panqueca de polvilho e jura que está comendo tapioca". Mas, felizmente, quebrei a cara. Provei duas: uma de queijo coalho e carne de sol desfiada e outra de leite condensado e coco. De comer chorando de rir. Muito bom. Os sucos também são deliciosos. Tem de cupuaçu, de graviola, de cajá e por aí vai. O atendimento é bem peculiar. O garçom (é, só tem um) é um doce. Fiquei encantada.

Vão logo, gostem e falem bem. Vamos fazer propaganda do que é bom.

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Meu anjinho, eu amo você. O que não significa que concordo com as suas opiniões. E isso é o melhor. Porque amo a sua essência, amo tudo aquilo que faz você ser o que você é. E a essência de uma pessoa não muda. Opiniões mudam.

quarta-feira, abril 28, 2004

Bocozices

Eu sou uma pessoa de reações estranhas. Na primeira última vez que a minha irmã me mandou à merda, eu chorei uns três dias seguidos. Tenho dessas coisas, de coração à flor da pele, capaz de se machucar com qualquer coisa. Mas é só com quem eu gosto muito.

Um medo enorme que eu sinto é das ditas convenções sociais e legais. Morro de medo de fazer alguma coisa que seja contra a moral e os bons costumes (pelo menos em público). Contrariar a lei vigente, então, nem se fala. Eu não faço nem retorno na contramão às três da manhã. Pinta um pavor meio Kafka de de repente ser condenada, presa, esquecida em uma masmorra fria e úmida.

Conseqüência: vejo um monte de fotinhas lindas pela web, mas não me atrevo a colocá-las aqui por causa dos tais direitos protegidos. Todas as imagens que usei são inofensivas, creio eu.

Aí, vou fazer uma visita à minha amiga Fal e fico sabendo que uma pessoa escreveu porcas e parafusos para ela, acusando-a de roubar imagens e textos. Inclusive, por uma graça da vida, o texto é da própria Fal.

Pergunta: por que as pessoas se preocupam tanto com esses tais de direitos? Tudo bem. Se eu um dia aloprar, pegar umas fotos do Sebastião Salgado, uns textos do Neruda, umas gravuras do Miró e sair por aí dizendo que eu que tirei, escrevi, desenhei e ainda vender, podem me prender naquela masmorra fria e úmida e jogar a chave fora. Mas, quando uma pessoa usa um texto ou uma imagem e dá os créditos para o autor, que mal há?

Um artista de verdade, um esteta, tem prazer em ver sua obra admirada e invejada (pq não?). Mas não é – e eu quero ser bem enfática nisso que vou dizer – um agenciador da beleza de sua arte. Ganhar dinheiro com o belo é justificável, mas produzir coisas feias em nome do belo é imperdoável.

Mocinha do nome de quatro letras, vá gastar o seu tempo em coisas mais produtivas.

Fal, minha meliante adorada, estou com vc até o amargo fim...rs...

terça-feira, abril 27, 2004

Finas ervas

Da série "E o que isso tem a ver comigo?", preciso declarar a todos a minha paixão pelo alecrim. Amo aquela erva. Faço apologia mesmo. Se fosse possível, fumaria unzinho de alecrim todos os dias.



Uma coisa que me encanta, e que não quero perder nunca, é a capacidade de associar cheiros e sabores a momentos especiais. Uma pessoa da minha vida tem gosto de goiabada com pão. Outra sempre me vem à memória quando tomo sorvete de coco. Todos os incensos me fazem pensar na minha irmã mais velha. E, quando a minha irmã caçula vem para o Brasil, gosto de dormir cheirando os cabelos dela.

Alecrim é a minha avó. Brinco com ela dizendo que ela não tem cara de vó. Magrinha, pequenina, toda espevitada. Um poço de mágoas cinqüentenárias, uma fonte de sabedoria atemporal. Fez faculdade com mais de sessenta anos, mora em um sítio, sonha com um muro. Foi com ela que aprendi que o suco da casca de abacaxi é mais gostoso do que o feito com a polpa. Ela que não dorme, que só olha para dentro. Que toma um cafezinho preto antes do café da manhã. Que está sempre lá. Sempre. Que fez a minha mãe chorar quando veio a Brasília para cuidar do meu pai, enquanto a minha mãe ia cuidar da minha irmã, que tinha tido a Laila. Uma família de mulheres cuidadoras. Minha avó. Que teve seis filhas, que criou seis filhas, que educou e formou seis filhas. Cuida de plantas, conhece ervas e tem um carinho especial para cada neto. Minha vóvis. Meu colo. Meu espelho.

segunda-feira, abril 26, 2004

I'm so proud...

Fabrícia is a very rare female name.
Very few females in the US are named Fabrícia.
Be proud of your unique name!
source namestatistics.com


Ainda não descobri qual é a utilidade da informação acima, mas se vc quiser saber sobre o seu name, vai . Isso eu vi no Pulso Único, que tem outras coisas muito legais.

Refletindo

Eu não gosto do Diogo Mainardi. Mas sou viciada nele. Toda semana, eu leio a Veja só para poder criticar o texto dele. Sei que isso não faz a mínima diferença para o dito-cujo. Que as minhas críticas não fazem nem cócegas na sola dos pés dele. Mas é vício...e vício é o seguinte: é phoda!!!

Mas eis que eu gostei do texto dele desta semana. Vc já leu? Eu pensei em colar aqui, mas não quero dar mole pro Mainardi. Não gosto dele. Por isso, vou elogiar de novo o texto dele: está muito bom. Incoerência? De forma alguma! É que ele é tão chato, mas tão cricri, que deve detestar quando alguém abaixo do que ele julga inteligente (ou seja: qualquer pessoa que não ele próprio) elogia um texto dele. Gostei mesmo.

O fato de eu ter gostado não significa que eu concorde com o ponto de vista exposto no texto. Tudo bem, vou colar o texto...senão, daqui a alguns dias, nem eu vou saber do que estava falando!!

Diogo Mainardi
Sou culpado, confesso


Acabo de matar de fome uma criancinha no interior do Acre. Não, não foi a primeira. Matei muitas outras no passado. E, confesso, continuarei a matar. Enquanto elas morrem, passeio de bicicleta com meu filho pela orla de Ipanema, indiferente a tudo. Como é que ainda não fui preso? Como é que ainda não fui linchado? Bem que eu mereceria.

Quem me acusou de matar criancinhas no interior do Acre foi a Fundação Getúlio Vargas. De acordo com seu mais recente Mapa da Fome, um terço da população brasileira vive num estado de miséria absoluta. Pelos cálculos da FGV, erradicar toda essa miséria é muito mais simples e barato do que parece. Basta que cada endinheirado como eu entregue a um miserável a quantia de 14 reais. Isso significa que aquela criancinha no interior do Acre só morreu de fome porque cometi a mesquinharia suprema de negar-lhe uns trocados. Juro que não foi de propósito. Estou disposto a dar bem mais que 14 reais para expiar meus crimes sociais. A FGV só precisa explicar a quem devo dá-los. Ao mendigo no farol? Ao ministro Patrus Ananias? À Pastoral da Terra? Outra pergunta: posso descontar os 14 reais do imposto de renda? Porque eu sempre pensei, erroneamente, que os impostos servissem para isso: impedir que as criancinhas morressem de fome no interior do Acre. Aguardo esclarecimentos urgentes da FGV.

Além de matar criancinhas de fome, eu também sou culpado por boa parte dos assassinatos no Rio de Janeiro. É o que afirmam todas as pessoas de bem da cidade. Elas apontam o dedo para mim e me acusam de ser cúmplice do narcotráfico, com o argumento de que a responsabilidade pela violência não é só dos bandidos, mas da sociedade como um todo. Até hoje eu supunha que minha única contribuição para o mundo do crime fosse entregar meu relógio e minha carteira à bandidagem. Mas não. Para influentes figuras da sociedade carioca, como Arnaldo Jabor e Gisela Amaral, todos nós temos uma parcela de culpa. Inclusive eu. Minha culpa é me eximir de meus deveres sociais. Os narcotraficantes atiram em mim porque não dou aulas de balé ou teatro na favela.

O movimento Viva Rio dá aulas de balé e teatro na favela. Na última quarta-feira, promoveu também o Dia do Carinho, em que centenas de voluntários subiram o morro da Rocinha para distribuir rosas a seus moradores. Não teria sido melhor a polícia subir o morro com algemas? Os moradores da Rocinha teriam agradecido. O logotipo do Dia do Carinho mostrava um negrinho sorridente com um gorro de assaltante na cabeça. A mensagem dos organizadores do evento era clara: se subirmos o morro com rosas, vocês param de descê-lo com suas metralhadoras? Não vejo nada de errado em tentar melhorar a vida dos favelados. Pelo contrário. Mas sempre achei que era um erro atribuir a essas associações beneméritas um papel na luta contra a criminalidade. Imagino que os traficantes do Comando Vermelho tenham todos os discos do AfroReggae. Imagino também que suas filhas aprendam balé nos cursos oferecidos pelo Viva Rio. Como não quero que Arnaldo Jabor e Gisela Amaral me acusem de pactuar com a bandidagem, porém, telefonei ao Viva Rio e me cadastrei para o Dia do Carinho, oferecendo-me para levar uma rosa a um morador da Rocinha. Ainda bem que não me ligaram de volta.

Coisas que dinheiro nenhum paga

Voltar para o trabalho depois de um mês de férias e ganhar uma caixa de ovinhos de Sonho de Valsa...

quarta-feira, abril 14, 2004

Cotas para quem precisa

Estou simplesmente passada. Curtia eu a minha intoxicação alimentar pós-páscoa quando vi na TV uma garota, loira dos olhos verdes, declarando-se negra na inscrição para o vestiba da UNB. Cuma é que é? Indagada sobre o inusitado da situação, a moçoila justificou-se: "Meu pai é negro. Pensei que o sistema de cotas fosse extensivo aos descendentes..."

Ah, bom...agora eu entendi...o pai dela é negro.

Para entender o processo: a Universidade de Brasília é uma das primeiras (ou a primeira) a adotar o sistema de cotas para negros e pardos. As inscrições começaram nesta semana. E o bafafá também.

O indivíduo vai lá fazer a inscrição e, caso deseje, declara-se negro ou pardo. Os funcionários tiram, então, uma foto do indivíduo, para posterior avaliação.

O ser humano é de uma graça impressionante. Depois de todo creme alisador, de toda chapinha, de toda maquiagem clareadora, as pessoas resolveram assumir seu lado negão. Alguém, por favor, recorde comigo: até outro dia, eram usados vários eufemismos para evitar a definição da cor das pessoas. Escurinho, moreninho, queimadinho, marrom-bombom. Nunca negro ou pardo. Outro dia, li um texto absurdo, em que o autor afirmava que o preconceito vinha porque preto é uma cor ligada a coisas negativas. Ora, por favor...

Não tem um filme em que o cara se passa por negro para entrar em uma escola? Pois é, a realidade imita a fantasia.

Sou a favor, sim, de cotas para pessoas de baixa renda, que não podem competir de igual para igual com aqueles que têm condições de pagar cursinhos e bons colégios. Pobreza não tem cor. Existem pobres negros, brancos, escurinhos, marrom-bombom e por aí vai.

E sobre o saneamento do ensino público, ninguém fala? E sobre melhorar a qualidade dos alunos de escolas públicas? Sistema de cotas é um paliativo, uma alavanca para que possa ser feita uma verdadeira reestruturação no ensino público. Vamos colocar esse remendo colorido na calça rasgada e achar que estamos bem na foto?

Vou ficar aqui, sentadinha, esperando para ver as novas cotas que serão criadas...tenho a sensação de que ainda vou me divertir muito.

quinta-feira, abril 08, 2004

FELIZ PÁSCOA!!!

MUITOS OVOS E COELHINHOS PARA QUEM É DE OVOS E COELHINHOS!!

MUITO DESCANSO PARA QUEM QUER QUE O MUNDO SE ACABE EM BARRANCO!!

De olhos vermelhos...

É assim que começa a minha música preferida de Páscoa. Aquela que diz "um ovo, dois ovos, três ovos.." sempre me pareceu uma incitação ao consumo desenfreado. E à posterior dor de barriga. Pior ainda aquela parte do "...azul, amarelo, vermelho também...", porque eu penso naqueles ovos colorido de botecos de quinta.

No geral, gosto muito dessas datas comemorativas. Sou cristã, mas não sou católica. Portanto, posso curtir a alegria sem a culpa. Se bem que eu sempre achei esquisito festejar o desencarne do Cristo. Ainda mais com chocolate, que tem uma conotação meio afrodisíaca. E ainda acrescentam coelhos de olhos vermelhos nessa história!!

(ok, vamos combinar que balinhas, pirulitos, chicletes, jujubas e afins são coisas para crianças, mas chocolates demandam uma certa maturidade para serem apreciados a contento)

As pessoas meio que piram nessas ocasiões. Brigam pelo último Diamante Negro 15 para poder comemorar a Páscoa. Xingam os filhos que escolheram este ou aquele ovo, porque está tudo tão caro...mas compram. E levam ovo recheado de chateação para ofertar às crianças que, naturalmente, terão uma intoxicação alimentar.

Eu comprei há tempos os ovos dos meus amados. Comprei a preferência de cada um, com o maior carinho. Nem me aborreci. Quer dizer...a não ser o do Rodolfo, que eu e a Céci comemos em uma noite sombria, de desespero absoluto, que só poderia ser resolvido com um chocolate. Diamante Negro. 15. Tudo bem, eu confesso. Era comigo que aquela pessoa estava brigando, mas eu abri mão. E comprei um 21.

Adoro a Páscoa!

quarta-feira, abril 07, 2004

Amestrando orgasmos

Ontem fui ao projeto Sempre um Papo, no Conjunto Cultural da Caixa Econômica. O convidado foi o Ruy Castro, autor, além do livro que dá nome ao post, das biografias do Garrincha (linda!), do Nelson Rodrigues (muito boa!), do livro sobre a Bossa Nova (Chega de Saudade), do livro Carnaval no Fogo e muitos outros.

Figura simpática, o Ruy (já virei amiga de infância). E muito legais essas conversas com escritores. Há uma semana, fui a um bate-papo com Fernando Morais. Outra pessoa muito interessante. Estou lendo o último livro dele, Cem Quilos de Ouro.



Bom, vamos aos detalhes.
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Uma das pessoas da platéia perguntou ao Ruy Castro se ele, assim como o LFV, escrevia para sobreviver. Ele respondeu que, apesar de nunca ter escrito uma linha sequer de graça, ainda precisava fazer matérias para jornais e revistas.
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Perguntaram desde quando o Garrincha bebia. Ele respondeu que desde o berço, uma vez que pai e o avô já bebiam e que o Garrincha, quando criança, tomava uma mistura de cachaça, rapadura e mel.

Depois de dizer que a primeira idéia que ele teve foi de escrever sobre o alcoolismo, assunto que o interessava sobremaneira, mas que acabou desviando a atenção para o Garrincha, uma pessoa da platéia teve a falta de sensibilidade, de noção, de delicadeza de pedir para ele explicar o porquê do interesse pelo alcoolismo. Pode?
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Ele adora gatos. Pensei que ele fosse chorar quando começou a falar sobre a dignidade e a beleza dos gatos. Achei legal.
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Ele não grava as entrevistas. Prefere anotar os pontos-chave em um bloquinho, com a maior discrição, que é para o entrevistado não ficar muito incomodado.
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Ele é bairrista. Mas é um bairrista gente boa.
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Ele contou uma coisa que eu sempre soube: não existe UMA garota de ipanema. Tom e Vinícius se inspiraram em muitas musas.

E Leila Diniz (divina!) foi à praia de bíquini no dia em que tiraram aquela célebre foto porque só tinha aquele bíquini. Apesar de fazer novelas e filmes, ela não era rica, pagava aluguel e tudo o mais, assim como a Marilyn M. Ela não tinha a intenção de chocar ou de levantar nenhuma bandeira. Isso eu já imaginava...
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Papo na hora do autógrafo:

EU – Oi, Ruy! Trouxe dois livros para você autografar. Um é para o meu amigo Geraldo. Os orgasmos são para mim!
Ruy – Ainda bem, não é mesmo?
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Só tenho a acrescentar que estou gostando muito do livro dos orgasmos. E recomendo.

terça-feira, abril 06, 2004

Confesso que errei

Sabe aquelas antices que vc acha que são exclusividades suas? Agora já podem ser cometidas na web tumém!!!

Acontece que eu fui visitar o brógui de uma pessoa que escreve muito bem. Ele levantou a poeira lá no Drops, com todas as moçoilas querendo um contato direto. Acontece tumém que eu quis bancar a espirituosa, para fazer um tipinho, sacumé? Lá no brógui ele escreveu que era – pééééimmmm – errado pedir para ele lincar outros bróguis. Eu, com os meus neurônios em eterna discussão, entendi que era errado pedir para lincar o brógui dele...e fui toda frozô dizendo que "adoro fazer coisas erradas". Toma, paspalha!!! Ainda bem que existem pessoas de bom humor...ele é um lord, e ainda me respondeu com uma palavrinha inglesa...

Eis aqui, para o deleite de todos, o Cara da Sopa!!!!

É proibido proibir!!!

Teoricamente, a rede deveria ser um espaço democrático, com liberdade de expressão. Acontece que começa a tomar corpo uma repressão nunca dantes navegada. É o ataque dos politicamente corretos. Não podemos mais criticar nada, nem ninguém. Qualquer dia aparece a Liga dos Defensores dos Guaxinins Mancos e Sudorentos. Sai pra lá, jacaré!!!
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Minha querida diz que a Vila Sônia está debaixo d'água. Aqui em Brasília isso não acontece porque nós usamos os políticos como bóias...

Histórias para ninar Garotinho

Era uma vez, há muitos e muitos anos, um rei bem diferente. Por que diferente? Oras, porque ele era um rei de vanguarda. Deixava que a rainha aparecesse como a dirigente do reino, só para fazer uma figura. Na verdade, quem mandava era ele. Oficialmente, o rei se ocupava de desvendar os crimes que aconteciam no reino. Não havia ninguém melhor que ele para desempenhar essa tarefa, pois o dito rei era fã número um de Agatha Christie.

Em um triste dia, uma tragédia abalou o reino do Rio de Abril. Dois visitantes de um reino distante foram mortos bem debaixo das barbas do rei. Quem teria sido? O crime parecia perfeito, mas o rei, com um dos livros de sua autora preferida debaixo do braço, foi ao vaso real para matutar.

O tempo passava e nada de aparecer o autor do crime. Os moradores do reino já estavam ficando desconfiados do rei quando, de repente, foi apresentado em praça pública o assassino confesso: o homem-goiaba. Diante do povo aturdido, o meliante contou com riqueza de detalhes o acontecido, roteiro assinado pelo rei, é claro. Estava ele trepado em uma árvore, como de costume, e foi importunado pelo visitante estrangeiro, que lhe dirigia impropérios em um língua estranha, mas que graças a um dicionário português-língua estranha que o homem-goiaba sempre portava no bolso da calça, puderam ser entendidos. Sentindo o ódio se avolumar dentro do seu ser, o homem-goiaba tomou de um pé-de-cabra e golpeou tanto o estrangeiro, como a esposa do dito.

Alguns dias depois, o homem-goiaba, tentando se safar, ainda inventou um história que misturava quarenta mil reais, batedores de ovos e dois anões besuntados em óleo de amêndoas.

O rei ganhou no quesito criatividade.

Reminiscências

A Falzinha desenterrou a múmia e eu quase morri de saudades. Agora, lá no Drops, ela conta "potocas". Genial!!!

Acontece que potocas fazem parte da minha vida desde sempre. Nasci em Belém do Pará e adoro dizer que sou uma papa-chibé de carteirinha e boletim de freqüência. Vim para Brasília há mais de vinte anos, mas se há uma coisa que a minha família soube me dar – e muito bem dadas – foram as minhas raízes. E elas estão lá, plantadas no solo úmido de Belém.

Amo as histórias daquela terra, o cheiro de patchuli, as mangas do cemitério, que são mais doces por causa do adubo (hehehe), a merenda no meio da tarde, o tacacá quente, pelando, tomado às 3h da tarde, com o sol a pino, os banhos nos igarapés de águas geladas, o cascalho, vendido de porta em porta, o parque de diversões em Nazaré, as peles morenas, os olhos arregalados perguntando "Tu dizes?".

E, além de tudo isso, adoro ver que a minha terra produz arte de qualidade. Na música, no teatro, na escultura, na literatura. Pena que pouca gente no Brasil saiba disso. Pena que pouca gente saiba, por exemplo, do antigo matadouro que virou centro de artes. Que, quando alguns grupos de teatro paraenses se apresentam em outros estados, a lotação esgota, porque eles são bons, bons, bons. Pena que poucos brasileiros se dêem ao trabalho de olhar mais para perto, em vez de irem se render à cultura importada.

Não, eu não sou contra a cultura de outros países. Aprecio bastante, até. Mas sou contra a atitude infantil e pouco evolutiva das pessoas que negam suas origens e as substituem por próteses que nunca serão iguais às originais.
Só isso.

Para quem quiser conferir: Cultura Pará

Viva e deixe viver

Em meio a tantas pessoas que gostam de criticar e de pensar que a sua opinião vale mais do que a do Maracanã inteiro, encontro uma pessoa que faz bom uso da idéia de blogar. Muito linda e doce, ela está fazendo um registro virtual de todas as gracinhas do seu filhão, aquelas frases de efeito que todas as crianças soltam de quando em vez e que nos matam de emoção. Não vou lincar aqui porque não sei se ela quer publicidade. Só comentei porque é tão doce, tão bonito...

Escambo

Existem algumas coisas do chamado "mundo moderno" com as quais eu tenho problemas praticamente insolúveis. Dinheiro é uma delas. Eu não gosto de dinheiro, não sei lidar com dinheiro. Gosto tão pouco que, quando tenho dinheiro, trato logo de trocá-lo por alguma coisa que me seja mais palatável.

Num é brincadeira, não!!!!

Por isso fiquei feliz quando vi uma reportagem sobre um grupo de amigos do Rio de Janeiro (se não me engano), que organizou um clube de escambo. Funciona assim: um dos amigos é professor de inglês, outra faz pães integrais, outro é quiroterapeuta, outra é contadora. Então, um troca uma aula por uma quantidade de pães, outra troca a declaração do IR por uma massagem...e por aí vai. Isso para mim é civilidade. É a vitória sobre a mediocridade da dita sociedade moderna.

Quando eu dava aulas, fiquei sabendo da história de um pai que não estava mais conseguindo pagar as mensalidades da escola. Ele tinha uma fábrica de móveis e quebrou geral. A diretora da escola (era uma escola de religiosas), uma mulher admirável, com um olhar lá na frente, combinou com ele o seguinte: trocaria as mensalidades atrasadas por uns armários e prateleiras de que a escola precisava. E foi assim. Ele não precisou tirar os filhos da escola. Não recebeu nada de graça. E consegui se reerguer fazendo pequenos trabalhos de marcenaria, contando sempre com a recomendação da irmã-diretora.

Pouca coisa? Eu sou do time da madre Tereza de Calcutá. Um dia, perguntaram para ela de que adiantava tanto sacrifício, tanto trabalho, se a ajuda dela era apenas uma gota no oceano. Ela respondeu: "Se eu não fizesse o meu trabalho, seria uma gota a menos".

Volteeeeiiiiii!!!

Poesia é nascer flor
Onde antes apenas cinza
O resto é realidade



quinta-feira, fevereiro 05, 2004

A cena do dia...

Manhã de quinta-feira, Setor Comercial Sul de Brasília, edifício Antonio Venâncio Silva, 12º andar. Esta que escreve se debulhando em lágrimas porque o gerente do escritório do seguro de vida do meu pai aventou a possibilidade de eu perder o meu paizinho querido. O gerente dizendo que eu precisava ser prática, e as lágrimas rolando grossas. Resumo da ópera: existe um gerente de seguros de vida solto por Brasília com uma péssima impressão de mim...




Algum psiquiatra na platéia???

quarta-feira, fevereiro 04, 2004



Mi, adorei, viu???
Gosto muito de ler esta moça. Ela escreve muito lindo.

Outra lista

Sei que ainda estamos em fevereiro, mas vou começar a fazer a lista dos presentes que eu quero ganhar. O daí de baixo é o primeiro. E não precisa nem embrulhar...

Listinha

COISAS QUE ME FIZERAM MUITO FELIZ NESSES ÚLTIMOS DIAS

Ganhei um girassol da minha mãe. Pode parecer uma coisa banal, mas essa é a flor de que eu mais gosto. E ganhar qualquer coisa da minha mãe me leva aos céus...

Minha sobrinha Céci – linda, inteligente, bem-humorada, feliz – e a minha irmã amada voltaram de Floripa. A casa não está mais vazia e silenciosa, graças a Deus!

Minha sobrinha Laila, coisinha mais fofa e querida do mundo, começou a ter aulas de natação. Ela tem quatro meses, quase cinco.

Vi meu pai sorrindo pelo menos cinco vezes. De verdade, rindo de balançar a barriga!

Consegui imprimir uma montagem linda que eu fiz com uma foto da minha afilhadinha adorada, a Babi.

Tio Rui voltou. Ele voltou para o nosso colo.

Ganhei muitos beijos e carinhos virtuais das pessoas lindas do LV da minha florzinha.

Digam lá, e eu tenho motivos para não sorrir???

terça-feira, fevereiro 03, 2004

Piadinha

Eccca!!! Li os posts anteriores e me achei muito triste, muito realista. Vamos a uma piadinha para relaxar...

Conversinha entre uma rosa e uma couve-flor...

Rosa – Não sei por que você tem nome de flor. Toda feia, sem cor, sem perfume. Eu sim, mereço esse nome. Sou linda, cheirosa, todos me idolatram.

Couve-flor – É, eles podem achar você linda e maravilhosa. Mas quem é que eles comem?

Risadas agora, por favor: quáquáquáquá!!!

Em tempo: eu como pétalas de rosas.

Eu e eu mesma



Tive uma overdose de "Sex and the City" nesse final de semana. Adoro, simplesmente adoro essa série. Ok, vamos combinar que elas vivem em "neverneverland", mas não deixa de ser uma espécie de catarse para mim que, como as personagens, tenho mais de trinta, sou solteira e tenho o dedo podre para escolher companhia masculina. Tá certo, não é sempre. Já encontrei algumas jóias na minha vida. Mas, se for fazer um balanço, vou ficar morrendo de vergonha de ver o resultado.

Já fiquei noiva duas vezes. Na primeira, eu tinha dezenove anos, nada na cabeça e um namorado muito autoritário. Então, eu fiquei noiva por osmose. Até o dia em que eu descobri o inexorável: ele me traía. E eu fiquei feliz. Era um motivo para terminar!!! Na segunda vez, eu já estava com 27, era de se esperar que já tivesse também alguma coisa na cabeça (além dos chifres do primeiro...hehehehe), mas há provas em contrário...terminei, mesmo tendo apartamento e tudo o mais já preparado, porque tinha medo de virar personagem do Linha Direta. Ele era muuuuiiiitttooo ciumento.

Sete anos depois, estou vendo Carrie e suas amigas viverem na telinha muitas das coisas que já vivi na minha vida. Claro que sem os sapatos de 400 dólares e sem o Mr. Big, que é d-i-v-i-n-o. Mas com as mesmas esperanças e ilusões. Não estou querendo começar um debate sobre a solidão das mulheres modernas, ou então usar chavões do tipo: "Os homens não querem compromisso", "As mulheres estão muito fáceis". Só estou constatando: não soube amar direito. Não soube construir relacionamentos legais. Vou continuar tentando. Fazer o q, né???

sexta-feira, janeiro 30, 2004

Fala sério!!!




"Falar a verdade me faz tão beeeemmm...". Essa pérola do cancioneiro nacional vem diretamente dos anos 80, aqueles anos em que podíamos fazer escovinha tipo panteras, usar roupas de cores cítricas e cantarolar melodias de grupos-de-uma-música-só sem correr o risco de sermos presos.

Mas não é da música que quero falar. É do conteúdo...hahahaha...sem brincadeira. Já que blogs são uma espécie de analista virtual sem honorários (o que me anima muito!), vou fazer uma sessão "eis-me por dentro". Quem não suporta emoções fortes, por favor, mude de página.

Um dos piores hábitos que adquiri no decorrer da minha vida foi o de engolir sapos. Falo muito, mas não o que eu deveria falar. Às vezes por falta de coragem, às vezes por não querer magoar, por falta de ar, por falta de malícia, por falta ou por excesso de vergonha. O fato é que já deixei de dizer muita coisa na minha vida. E para algum lugar essas coisas têm que ir, não é meiiisssmo? No meu caso, elas ficaram na garganta. E se reuniram em assembléia e resolveram, metade mais um, formar um tumor. Como eu sou da linha dura, repressiva, fui ao mocinho de branco e mandei tirar.

E será que eu aprendi?? Nãããooo!!! Ainda admiro as minhas amigas que conseguem devolver o suco no restaurante porque não foi coado. Ou o filé que não está no ponto certo. Eu fico calada. Se bobear, até digo um "obrigada".

Tenho planos perfeito para a vida de todas as minhas pessoas amadas. Se elas seguissem passo a passo as minhas dicas, tudo se resolveria. Mas, na hora de dizer aquelas verdades para as pessoas que amo, a voz some, e eu só consigo calar. E às vezes eu choro. Depende muito da outra pessoa. E aí está o meu erro. Não devia depender da outra pessoa. Devia depender só de mim.

É porque eu acho que vou magoar os outros se falar de forma mais dura. Mas não consigo seguir o raciocínio: se a pessoa estiver tranqüila em relação ao que está fazendo, não vai se abalar com o que eu disser. Se ela se incomodar, se magoar, é porque o comentário tocou em alguma ferida. Eu penso assim, comigo é isso que acontece. Se alguém me diz alguma coisa mais dura e eu me magôo, geralmente é porque eu não estou segura do que quero. Ou então estou na TPM, tem isso também...mas, se estou confiante, segura do que estou vivendo, não me incomodo nem um tico. E ainda amo mais a pessoa que me deu o toque.

Bom, vou continuar tentando...amar dá choque, tem muitos cerimoniais. É que nem missa: eu sempre erro a hora de sentar e levantar. Quando foi o ensaio, que ninguém me avisou????

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Para rir...

Vamo lá, nóis sofre, mais nóis goza...dá rugas, eu sei, mas rir é muito bom!!!

Vai , vai...

Façam o que eu digo...

Por que eu faço coisas que abomino em outras pessoas? Sempre critiquei aquelas gralhas que ficam perguntando "E aí, quando você vai casar"? Sempre tive vontade de devolver: "E aquele seu problema de a)flatulência, b)mau-hálito, c)chulé, melhorou?".

Pois hoje eu, senhorita Crítica em pessoa, peguei-me mostrando as fotos da filhota linda da minha irmã para um amigo lindo dela (da minha irmã) e disparando um: "E o seu, quando vem?".

Morte lenta e dolorosa para os hipócritas como eu!!!! Sai pra lá, gafanhoto!!!

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Resposta para a Fabi e para a Jaque...

Estava andando distraída pela rua quando tropeçou em um pacote. Depois de ver estrelas e de listar todos os palavrões que conhecia, percebeu que, com a topada, o pacote se abriu. Por curiosidade (sabe como é, signo de gêmeos, conjunção lunar e etc), abriu um pouco mais e viu que, lá dentro, havia um amor. Não era um amor novo, já estava, inclusive, bastante usado, mas dava para perceber que era dos bons, sólido, firme. Desembrulhou tudo, dobrou o papel e colocou o amor sobre uma mureta. Marcas de mordidas aqui, faltando alguns pedaços ali, mas ele estava praticamente inteiro. O cheiro ainda era bom, um restinho de laranja com canela. A cor era firme, destas que não desbotam. Decidiu levar o amor para casa. Não era seu, ela nem sabia quem o havia abandonado assim, na rua. Já entrara em sua vida causando dor: a topada machucara o dedão direito. Mas não é todo dia que se encontra um amor assim, embrulhado para presente no meio da rua. Chegando a casa, não encontrou um lugar onde pudesse colocar o amor. Ora o lugar era pequeno, o amor não cabia ali. Ora era grande demais, e o amor ficava perdido em meio a tanto espaço. Pensou mesmo se não seria o caso de guardá-lo em um banco, afinal, era artigo raro nestes dias, alguém poderia querer roubá-lo. Mas desistiu da idéia. Era tão bonito, tão colorido...estava pensando no melhor lugar para exibi-lo (sim, porque, arrependida da idéia de encerrá-lo em um cofre, agora queria mostrá-lo a todos que entrassem em sua casa), quando notou que ele rolou para um canto do sofá. E parecia confortável ali, encostado nas almofadas. “Então, era ali que ele queria ficar!”, pensou. E ali ele ficou.

Não era o seu primeiro amor. Ela já tivera outros. Alguns ela ganhara, outros ela comprara, mas nenhum deles tinha aquele apelo meigo, quase um pedido de cuidados, com suas marcas de mordidas e seus pedaços faltosos. Cuidava daquele amor com todo o seu coração. E ele retribuía. As marcas ficavam menos visíveis. Um dia, ela até pensou ter visto um sorriso. Podia jurar. E o amor crescia. As pessoas que a visitavam se surpreendiam com aquele amor. Um amor que não era dela, que ela encontrou na rua, que ela trouxe para casa. E ela fazia questão de mostrá-lo. De contar como o encontrou. Dez, vinte, cem, duzentas vezes. E as pessoas estranhavam. “Mas você nem sabe de quem é!! De onde ele veio? Não é falsificado?”. E foram tantos os comentários que o amor começou a ficar assim, meio ressabiado. E já não brilhava tanto, nem exalava
seu cheiro de canela e laranja. E ela percebeu. E um dia deitou no sofá, bem perto do amor. E chorou silenciosamente. Ele não era seu, podia até ser falso, mas lhe fazia um bem tão grande. Era tão bom sabê-lo ali, perto dela. Fechou os olhos e não percebeu que o amor encostara-se a seu corpo. Sentiu apenas o calor que emanava dele. Abriu os olhos e ainda teve tempo de ver uma pontinha entrando no seu peito, para sempre.



De gatos e tristezas

Manhã chuvosa, um frio bem gostoso, do jeito que eu prefiro. Levantei no tranco, tomei um banhinho, vesti a roupa, arrumei o cabelo, peguei uma maçã, minha mãe pediu que eu comprasse pão, fui abrir o portão...e vi...uma gata morta embaixo do meu carro. Sou uma mulher de 34 anos, tenho uma vida legal, trabalho, estudo, mas ainda não consegui digerir direito essa história de morte. Ainda mais quando ela se apresenta para mim às 8h de uma manhã de uma segunda-feira. Tá certo, era uma gata de rua, eu não a conhecia, não convivia com ela. Mas eu fiquei triste pelo apagar da vida, pelo sumir, pelo desfazer-se. Pensei na minha amada Fal, que ama os gatos. Tenho uma outra amada, a Loren, que já chegou a ter treze (!!!) gatos em um apartamento. Mas o que ficou na minha cabeça durante todo o caminho para o trabalho foi a idéia do fim. Tenho problemas em aceitar o fim. De qualquer coisa. Nunca terminei um relacionamento com um ponto final. Sempre foram reticências. Alguns eu retomei só para ver que não existiam mais. De vez em quando, um nome vem à minha cabeça, um nome bem antigo, cor sépia, cheiro de naftalina. Às vezes perco minutos inteiros fantasiando sobre a vida que deixei para trás, e que era sempre perfeita. Tenho medo de encarar o presente. Tenho medo porque sei que ele depende apenas de mim. O passado virou história, a gente sempre pode incluir uma cena aqui, outra ali. Dividir as responsabilidades, as culpas. O presente não. O presente leva apenas a nossa assinatura, não tem co-autoria. E é isso que me assombra.




E foi necessário achar uma gata morta para conseguir me dizer isso assim, sem subterfúgios. Tenho medo do presente. Fazer o quê?

sexta-feira, janeiro 23, 2004

Carta aberta ao governador

Querido Governador Joaquim Roriz:

A intenção desta missiva é mantê-lo informado sobre o que acontece aqui em Brasília durante a sua ausência. Não votei no senhor, mas como respeito o processo democrático, sinto-me na obrigação de deixá-lo ciente dos fatos, uma vez que os seus assessores, no afã de preservar o seu lado emocional tão sensível, escondem a realidade. Inclusive, testemunhei a sua surpresa ao tomar conhecimento de algumas atitudes erradas perpetradas por seus companheiros políticos. Uma pessoa tão crédula como o senhor, que confia nos amigos até a última instância, não pode deixar de se assombrar com o mal-feito dos outros.

Sem mais delongas, vamos aos fatos:

- uma parte do teto do Hospital de Base desabou. É, caiu. Talvez pelas chuvas abundantes que têm despencado por aqui, talvez pela idade do prédio (um representante do hospital esteve na televisão alegando que o prédio tem 44 anos!!!!!Talvez fosse o caso de formar uma comitiva para ir a São Paulo, ou ao Rio de Janeiro, ou a Minas Gerais, para aprender como se constroem prédios que durem mais de cem, duzentos anos). Tenho uma teoria ainda mais interessante: o que fez o teto do hospital desabar foi o intenso trânsito de doentes provenientes de outras cidades, que entopem o sistema de saúde do DF. Essas pessoas não sabem que, aqui em Brasília, não buzinamos, não fazemos barulho em demasia, ou seja, somos perfeitos cavalheiros e damas. Talvez o teto do citado hospital, chocado com tantas pessoas de hábitos diferentes dos nossos, tenha desistido de dar cobertura a tamanho despropósito. Outra teoria: os doentes de câncer, principalmente os que estão em estado terminal, devem ter escondido os remédios no teto, é claro que orientados por algum petista rancoroso (sempre eles!), para parecer que está havendo falta de medicamentos (logo no seu governo...hahaha). Com o peso, o pobre teto não resistiu e caiu. O importante, governador, é que o problema já está sendo resolvido. As pessoas que tinham consultas marcadas no HB foram mandadas para outros centros de saúde. Alguns mais longe da Rodoviária, é claro, mas já está provado que uma boa caminhada faz maravilhas para a saúde. E do que mais eles estão precisando além de saúde??

Algumas pessoas, instruídas, é óbvio, por petistas insatisfeitos, insinuam que o senhor não se importa com a saúde do DF. Que absurdo, senhor governador!! E o stress que o senhor aliviou nos moradores do Lago Sul com a construção da terceira ponte? Imagina a fortuna que eles iriam gastar em analistas por ficarem presos nos intermináveis engarrafamentos de Brasília...pobrezinhos...

- e esse povo que continua a invadir área pública? Quem mandou? Quem chamou? Aposto que foi algum petista com dor-de-cotovelo, só para depois jogar a culpa no senhor. Como disse brilhantemente a nossa vice-governadora, a culpa das invasões, na verdade, é de JK, que trouxe aquele tanto de gente para trabalhar aqui nos anos 50. Nem tinha tanto trabalho assim, para que aquele tanto de gente? Teve também aquele moço que disse “Crescei e multiplicai-vos”. Olha só, que incitação à reprodução sem planejamento, à invasão de terras, pois é claro que eles vão precisar de espaço para alojar o produto dessa multiplicação. Acho que JK e esse moço eram, na verdade, petistas enrustidos, que queriam jogar o povo, desde aquela época, contra o senhor (como eles sabiam do seu futuro governo? Não tenho certeza, mas acho que Dom Bosco sonhou com o senhor...).

Do que essas pessoas reclamam, pelamordedeus? Brasília sempre foi uma cidade diferente, de vanguarda. Não é coerente que ela seja diferente em outras coisas também? Por exemplo, cobrar IPTU em terrenos irregulares. Quer coisa mais lógica? E permitir que uma fave...desculpe, que uma invasão fique por mais de quinze anos sobre uma área de preservação ambiental, jogando lixo em nascentes, poluindo tudo? Quer coisa mais pitoresca e acolhedora? Não é à toa que Brasília é uma das capitais mais visitadas do país em datas festivas...

Não permita, governador, que as minhas notícias atrapalhem o seu passe...quero dizer, o seu trabalho aí na Europa. Aliás, mais uma vez o senhor está defendendo com unhas e dentes e musse para cabelos os interesses da sociedade. Um trem-bala daqui para Goiânia. O que poderíamos desejar mais do que isso? Escolas, projetos sociais, crianças comendo lixo, doentes morrendo por falta de remédio, desemprego, violência? Coisas pequenas. Nunca vi uma escola ganhando prêmio de arquitetura que nem a terceira ponte ganhou. Uma beleza...

Curta bastante o ar europeu, volte bem descansado para assumir novamente o seu cargo de “pai dos pobres”. Brasília o espera de braços abertos, querido governador...

P.S: Ah, estou mandando também uns quarenta beijos. Um para cada integrante da sua modesta comitiva. Espero que estejam gostando dos hotéis cinco estrelas que nós, contribuintes, estamos patrocinando para alguns deles. Afinal, alguém precisa se divertir, não é mesmo?