Da série "E o que isso tem a ver comigo?", preciso declarar a todos a minha paixão pelo alecrim. Amo aquela erva. Faço apologia mesmo. Se fosse possível, fumaria unzinho de alecrim todos os dias.
Uma coisa que me encanta, e que não quero perder nunca, é a capacidade de associar cheiros e sabores a momentos especiais. Uma pessoa da minha vida tem gosto de goiabada com pão. Outra sempre me vem à memória quando tomo sorvete de coco. Todos os incensos me fazem pensar na minha irmã mais velha. E, quando a minha irmã caçula vem para o Brasil, gosto de dormir cheirando os cabelos dela.
Alecrim é a minha avó. Brinco com ela dizendo que ela não tem cara de vó. Magrinha, pequenina, toda espevitada. Um poço de mágoas cinqüentenárias, uma fonte de sabedoria atemporal. Fez faculdade com mais de sessenta anos, mora em um sítio, sonha com um muro. Foi com ela que aprendi que o suco da casca de abacaxi é mais gostoso do que o feito com a polpa. Ela que não dorme, que só olha para dentro. Que toma um cafezinho preto antes do café da manhã. Que está sempre lá. Sempre. Que fez a minha mãe chorar quando veio a Brasília para cuidar do meu pai, enquanto a minha mãe ia cuidar da minha irmã, que tinha tido a Laila. Uma família de mulheres cuidadoras. Minha avó. Que teve seis filhas, que criou seis filhas, que educou e formou seis filhas. Cuida de plantas, conhece ervas e tem um carinho especial para cada neto. Minha vóvis. Meu colo. Meu espelho.
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