terça-feira, abril 06, 2004

Escambo

Existem algumas coisas do chamado "mundo moderno" com as quais eu tenho problemas praticamente insolúveis. Dinheiro é uma delas. Eu não gosto de dinheiro, não sei lidar com dinheiro. Gosto tão pouco que, quando tenho dinheiro, trato logo de trocá-lo por alguma coisa que me seja mais palatável.

Num é brincadeira, não!!!!

Por isso fiquei feliz quando vi uma reportagem sobre um grupo de amigos do Rio de Janeiro (se não me engano), que organizou um clube de escambo. Funciona assim: um dos amigos é professor de inglês, outra faz pães integrais, outro é quiroterapeuta, outra é contadora. Então, um troca uma aula por uma quantidade de pães, outra troca a declaração do IR por uma massagem...e por aí vai. Isso para mim é civilidade. É a vitória sobre a mediocridade da dita sociedade moderna.

Quando eu dava aulas, fiquei sabendo da história de um pai que não estava mais conseguindo pagar as mensalidades da escola. Ele tinha uma fábrica de móveis e quebrou geral. A diretora da escola (era uma escola de religiosas), uma mulher admirável, com um olhar lá na frente, combinou com ele o seguinte: trocaria as mensalidades atrasadas por uns armários e prateleiras de que a escola precisava. E foi assim. Ele não precisou tirar os filhos da escola. Não recebeu nada de graça. E consegui se reerguer fazendo pequenos trabalhos de marcenaria, contando sempre com a recomendação da irmã-diretora.

Pouca coisa? Eu sou do time da madre Tereza de Calcutá. Um dia, perguntaram para ela de que adiantava tanto sacrifício, tanto trabalho, se a ajuda dela era apenas uma gota no oceano. Ela respondeu: "Se eu não fizesse o meu trabalho, seria uma gota a menos".

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