quinta-feira, outubro 27, 2005

Em código

Eu tenho um amigo muito antigo. Um dos poucos amigos antigos que tenho. E nós temos uma brincadeira há mais de quinze anos. De vez em quando ele me liga, ou (depois que entramos na era cibernética) me manda um e-mail. E só pergunta uma coisa. Eu respondo. Desejamos um bom dia e uma boa vida um para o outro e nos despedimos. A pergunta começa sempre igual: "E se eu te desse...".

Ontem, vi essa brincadeira no Orkut. A lembrança do meu amigo veio. Já faz um tempo que ele não me pergunta nada.

Por essas sincronias da vida, hoje de manhã bem cedo meu celular tocou. E eu escutei aquela voz conhecida, com um leve sotaque:

"E se eu te desse um barco?"

"Eu iria para longe, porque, às vezes, a vontade de ir embora é maior do que
qualquer motivo para ficar..."

"E se eu te desse uma gaiola?"

"Eu prenderia um passarinho, só para poder soltar depois. Tenho uma
necessidade de ser bom que ultrapassa qualquer limite."

"Bom dia, boa vida."

"Para você também!"

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Brasília está assim hoje:

verde, muito verde. Em alguns lugares, muito colorida, insuportavelmente colorida. Parece que alguém saiu com giz de cera pintando o que antes estava cinza. As flores caem e formam desenhos lindos no chão. E eu, que sempre sinto vontade de deitar no meio da rua, tenho que me controlar e lembrar que preciso trabalhar, pagar contas, encontrar pessoas... é muito difícil viver aqui quando Brasília está assim. Porque dá vontade de parar tudo e de ficar. Ficar debaixo de uma árvore para tomar banho de flores.

E está sonora, também, por causa das cigarras. Estão longe de ser unanimidade, mas eu gosto de sentir a seiva que elas jogam em quem passa pelos estacionamentos das quadras residenciais. E de passar de carro por um grupo de árvores... brrrrr... depois um descampado... depois outras árvores... brrrrr...

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Bom dia, boa vida!

quarta-feira, outubro 19, 2005

Uma rosa é uma rosa

Eu adoro encher o saco das minhas sobrinhas... mordo, belisco, aperto, falou "eu te amo" trezentas vezes por dia. A Céci já até me pediu para eu amá-la um pouco menos. Impossible, dear!

Em agosto deste ano, quando estive na casa da Bia, minha irmã caçula, ensinei para a Laila-Lailoca como dizer "eu te amo" em português. E o gesto de juntar os dedos para dizer "muito". Ela aprendeu direitinho. E eu ficava toda derretida quando ela repetia "Eu te amo... muuuuiiiito"... e juntava os dedinhos.

Depois, descobri que ela não falava "eu te amo". Na verdade, falava "pijamo", com som de "dj" no "j". Ela fazia uma relação fonética com "pijama". E aí ficou.

Hoje de manhã, acordando com esse calor carnavalesco, pelo telefone:

– Oi, Lailoca, cara de pipoca! Tudo bem?

– Oi, dinda! Pijamo!

– Eu também pijamo, minha linda!

– Muuuuiiiiitttooo...



E precisa de mais?

Queeennnntttteee!!!

"Que calor carnavalesco!"

Sim, minha amiga. Carnavalesco ad nauseam...

segunda-feira, outubro 17, 2005

7 Motivos...

...para os meus amigos não me mandarem mais e-mails falando sobre o referendo:

1. Minha decisão já está tomada.

2. Sim, eu sei ler. E interpretar. Os atores da Globo não estão me enganando.

3. Não acredito em papai noel, nem em coelhinho da páscoa, nem em teorias de conspiração que envolvam grandes empresas de segurança internacionais ou o comércio de armas dos EUA.

4. Odeio números. Quanto maiores, mais os odeio.

5. Está começando a me irritar. Abrir a minha caixa de mensagens e encontrar nove textos, entre sins e nãos, com trechos sublinhados, em destaque vermelho, imagens de armas e etc. não me faz ficar feliz, eu juro.

6. Como diz minha amilga, o voto é secreto. E eu não perguntei nada. Não quero saber se você é "sim" ou "não".

7. A campanha do Natal sem Fome começou ontem. Que tal mandar e-mails sobre isso?

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Sabe aquela piada sobre o que é lógica? A do cara que tem um aquário? Pois é... observem o esquema abaixo:

BANDIDOS MORREM DE MEDO DE CIDADÃOS DE BEM ARMADOS > BANDIDOS VÃO VOTAR SIM > EU VOU VOTAR SIM > EU ESTOU A FAVOR DOS BANDIDOS

Ok, sou bandida. Assumo. Só não sabia. Mas agradeço ao meu décimo amigo que mandou um e-mail sobre o referendo. Sou bandida. Talvez eu deva mudar meu nome para Fá Pequena. Sei lá. E vou lá reivindicar minha parte na divisão.

Agora, que vai ser engraçado aquele monte de bandido, tudo de título de eleitor ou documento com foto, esperando na filinha da zona eleitoral para votar no referendo e, assim, garantir que só eles (!!!!) terão armas, ahhhh... isso vai!

Tá vendo por que eu não posso levar isso a sério???

sexta-feira, outubro 14, 2005

Doutor Sabe Tudo

Meu médico de cabeça (não, não é um terapeuta, é o meu neuroendocrinologista) é assim:

Tem os cabelos finos, já ficando ralos, que ele despenteia, depois apóia o queixo na mão e me pergunta:

– Por que você faz isso?

Isso, bem entendido, é sumir por oito meses, não tomar o medicamento que ele passa e não me cuidar como ele orienta.

Ele puxa a minha mão, examina as minhas unhas, o meu cotovelo, a parte de trás da minha orelha. O celular toca, era o orientando dele, que queria tirar umas dúvidas sobre a tese que ia defender. Ele fala por uns cinco minutos. Enquanto isso, eu olho a cobertura de um ex-bingo e os carros lá embaixo, parados no sinal.

Ele desliga e me explica que sugeriu mudanças no texto. Ele me olha. Ele me vê. Eu juro. E fico sem graça. Ele me diz que eu estou envelhecendo por dentro. E que os meus ossos vão acabar se desmanchando. Eu brinco dizendo que, então, não vai precisar nem cremar: voltarei ao pó naturalmente. Ele não ri. Despenteia mais um pouco os cabelos e repete:

– Por que você faz isso?

Eu não sei, doutor. Talvez porque eu me considere muito forte, ou muito fraca. Talvez porque eu me ame demais, ou de menos. Talvez porque eu seja maluca, ou porque eu não queira ficar maluca. Talvez porque eu queira chamar atenção, ou porque eu queira passar em brancas nuvens. Eu não sei.

– Vou ser seu amo e senhor agora. Você promete obedecer?

– Prometo.

– Por que eu deveria acreditar, se da última vez você disse a mesma coisa?

– Porque eu coloquei o pé no fundo.

– Então, eu acredito.

Ele ainda brincou com um cérebro que estava em cima da mesa.

– É um cérebro de mulher, sabia?

– Mesmo? Por quê?

– Porque está cortado pela metade.

Ha-ha-ha...

Faço uma consulta que é uma terapia, tudo ao mesmo tempo.

Ele me pesa. Mas não quer me dizer o peso. Diz que é segredo médico.

– Quanto eu tenho que emagrecer para ficar bem?

– Na minha opinião, você está ótima do jeito que está.

Ele passa mais de uma hora na consulta. Ele conversa, conta piadas, faz a gente chorar. E, quando estou saindo, ele me abraça e diz, olhando de verdade nos meus olhos:

– Faz mais isso não...

Faço não, doutor, eu prometo!

terça-feira, outubro 11, 2005

Passeios do Olhar



Caliandra, a flor do Cerrado

.d.e.s.i.g.n.

Eu sou fã declarada dos "desiguinis" que trabalham comigo. Fã mesmo, de tirar o chapéu mesmo sem usar chapéu, o que, venhamos e convenhamos, não é tarefa fácil, mas posssível, uma vez que... bom, esse não é o assunto!

A Tecri faz parte dessa equipe. Aliás, mais do que isso, a Tecri faz parte da minha vida. E eu admiro muito o trabalho dela...



A Saga!!

Tá puto? Alguém pisou no seu calo? Seu dia não está, assim, uma Brastemp? Ainda existe uma solução:



A LEGÍTIMA ESTÁ AQUI!!! NÃO ACEITE IMITAÇÕES!!!

segunda-feira, outubro 10, 2005

Sobre o post anterior...

Eu pensei em apagar. Porque está, além de clichezérrimo, ridículo... e, além de ridículo, aborrecido e chato. Mas deixa ele aí. Gosto de reler essas coisas um tempo depois e ver como parecia tãããooo importante na época...

A questão é que eu não gosto de perder o controle sobre a minha vida. Por isso bebo só até um limite: conseguir colocar o cotovelo na mesa. Na hora que começa a escorregar, eu paro. Por isso eu não uso drogas pesadas, só aquelas recomendadas pelo doutor da cabeça. Por isso procuro não me meter em fofocas. Por isso prefiro nem saber de nada.

E eu fico descompensada todas as vezes que uma pessoa determina as minhas atitudes. Quando eu estou ali, quietinha no meu canto, e vem um ser me fazer ficar triste ou com raiva. E quando eu tomo determinadas atitudes por conta desse ser.

Sei que é tudo comigo... irremediável. Mas eu vou aprendendo. Hoje escrevi um e-mail para a Evinha, minha prima mui amada, dizendo que eu preciso fazer yoga, meditação, freqüentar feiras de alimentos orgânicos com uma cestinha de vime no braço, cantar mantras... sei lá! Mas alguma coisa nesse sentido eu tenho que fazer. Porque eu preciso me realinhar... mas tem gente que não ajuda!!!

Nas entrelinhas

Eu, enquanto pessoa, a nível de revisora, resolvi analisar umas frases do nosso dia-a-dia e, principalmente, as suas entrelinhas...

Primeirona:

E só quero que você seja feliz.

Análise 1: Você pode até ser feliz, eu faço uma concessão. Mas isso SE, e somente SE, EU for ficar feliz. Se a sua alegria implica a minha tristeza... sinto muito...

Análise 2: Na verdade, eu estou pouco ligando para o fato de você estar feliz ou não, mas como não quero sair mal na fita, saquei esse chavão com cara de comida de ontem...

sexta-feira, outubro 07, 2005

Alunissado

"Tranco-me num quarto minguante
Alegre, mas com lágrimas nos olhos..."


*Sou eu hoje, basicamente...

Os sem-noção

Estamos sendo invadidos... pessoas totalmente sem noção, sem sentido de nada estão dominando o mundo. S-o-c-o-r-r-o.

Os bancos estão em greve, tudo bem. Respeito, dou a maior força. Hoje precisei ir ao Setor Comercial. Estacionei na garagem em que eu sempre estaciono e que, por uma infeliz coincidência, fica no mesmo prédio que o Bradesco. Os grevistas fecharam tudo, bloquearam os elevadores, jogaram tinta(!!) nas escadas de acesso à garagem. E eu tive que, com o meu salto arranha-céu*, descer pela rampa que deveria ser de uso exclusivo dos carros.

Corta, cena 2.

Eu, Lê e Tê indo almoçar. Passamos por um grupo de grevistas daqui do BC que estava fazendo uma reunião debaixo de uma árvore. Passamos conversando, rindo, falando alto. Estávamos na rua, táqueospa!!! De repente, uma mocinha levanta e faz "shhhhh" para a gente. Como dedinho na boca e tudo. Eu tive um ataque de riso. A Tê queria voltar lá e gritar mais um pouco. Eu só conseguia rir. Das duas uma: ou eu estou conseguindo ficar zen, ou a minha histeria está alcançando níveis perigosos... eu hein!!!




*Minha querida Isabel Allende diz que usa saltos altos por uma questão de sobrevivência. Eu, do alto do meu 1,55m, assino embaixo.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Minimaratona

Oi, oi... puf, puf... passei aqui... puf, puf... só para ver se estava tudo certo... puf, puf... mó correria. E, diante da confusão que está a minha vida... puf, puf... só me resta usar a inter... puf, puf.. jeição que mora na boca dos adolescentes brasilienses:

CARÁIVÉI

Ela expressa com perfeição o que ando passando ultimamente...

*E, se alguém implicar com o meu "puf, puf" vai ter...