sexta-feira, março 30, 2007

Traços

Eu não consigo fazer uma linha reta. Nem usando régua. Um dia, eu estava revisando um relatório e fiz uma marcação. O programador visual veio me perguntar qual era o problema naquele trecho.

– Os marcadores estão desalinhados... olha só... eu até fiz um risco com a régua para você se guiar...

– Fá...

– Sim?

– O risco está torto...

É daí para pior. Por isso, eu tenho uma profunda admiração pelas pessoas que sabem desenhar. Deve ser muito bom poder concretizar idéias em forma de desenho. Se bem que bonequinhos-palito não são nada maus...

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quarta-feira, março 28, 2007

Pequenos p(h)oderes

Eu concordo plenamente com aquela pessoa que disse que, para conhecer um ser humano, basta darmos a ele um pouquinho de poder. Não é um poderzão, não. Um tiquinho só, assim, um lasca de unha. Sim, porque gente pequena se contenta com coisas pequenas.

Um dos meus filmes prediletos – E o Vento Levou – tem um diálogo ótimo, em que a escrava diz para a Scarllet que um burro com arreios de ouro é apenas um burro com arreios de ouro. Mas, no caso do pequeno p(h)oderoso, o buraco é bem mais embaixo. Porque uma pessoa que pensa pequeno, mas que tem poder, ainda que pouco, pode criar uma crise sistêmica em todo o processo. E aí, todo mundo vai caindo, feito esculturas de dominó.

Tive uma ruim-nião hoje que demandou todas as minhas técnicas de autocontrole: pensei em Ghandi, sentei sobre as minhas mãos, para não gesticular, respirei fundo diversas vezes, pensei no azul, cantarolei musiquinhas bonitinhas na minha cabeça. E, mesmo assim, fiquei feliz por não ter o hábito de andar armada.

Mas o dia está lindo, os passarinhos cantam, daqui a pouco o Ri vai me dar um chiclete. E eu não vou dar mais esse pequeno poder a essa pequena pessoa.

segunda-feira, março 26, 2007

Estranhos encontros

Ela entrou no metrô. Cabelos bem presos em um coque, saia e blusa pretas, bem comportadas, óculos e uma bolsa enorme. Sentou ao lado de um rapaz que, de cabeça baixa, ouvia música com fones de ouvido. Assim que o metrô começou a se mover, ela tirou um livro da bolsa (Tete a tete, sobre Sartre e Beauvoire). Ia ser um longa viagem...

De repente, ela se sente observada pelo rapaz. Olha para ele e...

– Vandinha Corda Bamba!

– O quê, meu senhor?!!

– Eu estava tentando lembrar onde já tinha visto a tua cara! Vandinha Corda Bamba, lá da boate Love Sky.

– O senhor está enganado. Deve estar me confundindo com alguém.

– E eu lá vou esquecer essas coxas, Vandinha? Cada uma dá pro mês lá em casa.

– Meu senhor, eu já disse que é um engano. Nunca vi o senhor na minha vida, nunca coloquei os pés nessa e em nenhuma boate.

– Quié isso, Vandinha? Tá com vergonha? E que roupa de crente é essa?

– Senhor, essa é a minha roupa de trabalho.

– Trabalho? Tá fazendo ponto com essa roupa?

– Fazendo o quê, senhor? Não, eu sou governanta.

– Governanta, sei. Sei bem o que tu governa. Vai tê show lá hoje?

– Não sei do que o senhor está falando.

– Do show de strip, ué. Um amigo meu tá louco pra ver o teu número. Aquele lance de tirar a roupa se equilibrando numa cordinha, maior doidera.

– O SENHOR, POR FAVOR, ME RESPEITE!

– Quié isso, Vandinha?

Mas ela já havia se retirado para o outro lado do vagão. O rapaz pensou que talvez tivesse se enganado mesmo. Vandinha Corda Bamba com aquelas roupas? E às 7 da manhã? Não rolava.

Discretamente, ela retira um caderninho de dentro da bolsa. Pega uma caneta, vira as folhas e risca "Love Sky" de uma lista de quinze nomes. E suspira.

– É... tá na hora de mudar.

sexta-feira, março 23, 2007

Coisas estranhas...

Eu estou ficando cada vez mais besta. Não sei se é a idade, ou se eu sempre fui besta e nunca dei muita atenção a isso.

Há algum tempo, vi um amigo na fila do banco. Já fazia um tempo que não o via. O normal, então, seria ir falar com ele, não é mesmo? Mas eu não fui. Fiquei tão emocionada de vê-lo que fiquei parada.

Ontem, eu vi uma amiga minha na banquinha do 5ss. Ela estava lendo uma revista, muito compenetrada. Achei tão bonita aquela cena dela ali, tão dentro do que estava lendo, que não quis interromper.

Depois as pessoas acham que eu sou mal educada, que não cumprimento.

Se você me conhece, se é corajoso(a) o suficiente para ser meu(minha) amigo(a), atenção:

Eu não sou mal educada, não! Sou só besta.

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– Você fez uma tatuagem!

– Viu? Num tá linda?

– Tá... mas por que vc não fez assim, quando era nova?

Não sintam pena... eu devo merecer.

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Minha nova "capacidade" é escorregar o pé dentro da sandália. Vocês conseguem? Imaginem a cena, então:

Eu estava saindo do banco, depois de ficar meia hora na fila para pagar um título, que, claro, estava atrasado. De repente, como virou hábito aqui em Brasília, caiu o maior toró. Eu sorri triunfante porque, pelo menos naquele dia, não havia esquecido o guarda-chuva. E lá fui eu. Mas os meus pés ficaram todos molhados (eu estava de sandalinha) , e o creme hidratante derreteu... aí eu tentava andar e não conseguia, ficava patinando no lugar... bom, não foi uma experiência muito agradável, mas, pelas risadas de uns mocinhos que estavam ali perto, eu fiz alguém muito feliz por alguns segundos...

Mistério

Estou eu aqui imersa no meu atual mistério: o que, Deus meu, sustenta um relacionamento?



Passei fevereiro na casa da minha irmã, convivendo diuturnamente com uma relação de verdade. E não parava de pensar: o que une? O que faz com que as razões para ficar sejam maiores e mais fortes do que o desejo de ir embora?



Tenho amizade com muitos casais, por isso posso observar de perto. A grande maioria, sem qualquer traço de sadismo, é de plástico. Falsa. Vazia. São poucos os que têm "aquilo".



Fiquei sabendo que a única preocupação que minha mãe tem a meu respeito é o fato de eu ainda estar só. É que eu prefiro ficar só sozinha.



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Novidades, não é mesmo?






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Sheilinha, eu adoro quando você me lê... sinto que a distância diminui...

Kika, amilga, e esse filtro foi feito com o maior amor...

Rogério... é vc? Vc mesmo? Que diliça!!!

segunda-feira, março 12, 2007

A escolha

– Love me, choose me!

Essa frase foi dita pela Meredith, do Grey's Anatomy. Ela estava falando com o Derek, que estava na dúvida se ficava com ela ou se voltava para a esposa. Essa cena ficou no fundo da minha cabeça. E se reperte ciclicamente.

Levanta a mão aí quem nunca disse essa frase em silêncio. Quem nunca quis ser amado e escolhido.

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Uma das minhas manias automobilísticas é ficar observando o que as pessoas penduram no retrovisor dos carros. Terços são campeões. Mas também tem gente que pendura fitinhas do N.S. do Bomfim, crachás, licenças de estacionamento, aqueles dadinhos de pelúcia. Outro dia, eu vi uma lata de cerveja e, em outro carro, fiquei intrigada, uma meia-calça. Eu tenho um filtro dos sonhos que a minha linda Tecri fez. E vc?

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Demorei tanto tempo para entender isso, que é uma das grandes verdades da vida. Mas aprendi a tempo. Estou tirando pelo menos uma hora por dia para ME agradar. E descobri que sou tão facinha de se agradar...