sexta-feira, julho 30, 2004

Pura poesia

How happy is the blameless vestal's lot
Como são felizes aqueles que não têm culpa
The world forgetting, by the world forgot
Os que esqueceram o mundo e que foram pelo mundo esquecidos
Eternal sunshine of the spotless mind!
Eterno raio de sol da mente imaculada!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd
Cada prece atendida e cada desejo resignado

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Deu para perceber que eu fui assistir ao filme com o Jim Carrey e com a Kate Winslet, não é? E que esse filme mexeu comigo. Muito. Tanto que, quando eu ainda estava extasiada olhando os créditos e uma moça passou dizendo que o filme era o maior "besteirol", me despertou uma vontade tão grande de jogar o resto do meu suco de maracujá nela. Mas, como eu já havia tomado o suco (maracujá=calmante), a vontade passou rapidinho.

Gostei da desestruturação cronológica, da construção das personagens, da atuação dos protagonistas, da amarração da história, da poesia que é o enredo...

Como é doce aquela Clementine, como a Kate Winslet conseguiu dar a ela o tom ideal, entre a procura de todo mundo e o desvario.

Fiquei feliz por ter perdido a rejeição que eu tinha ao Jim Carrey, aquele careteiro. A atuação dele esteve quase perfeita, exceto por um exagero aqui e ali, mas nada que abalasse a estrutura do filme.

E que poema do Alexander Pope.

E como eu estou emocionada e feliz por ter a certeza de que somos seres dicotômicos. De que a fonte para a felicidade e para a tristeza é uma só. E de que somos nós que moldamos a vida.

Simples assim...


terça-feira, julho 27, 2004

Nasceu!!!

A história é assim: três moçoilas de bem com a vida, amigas, lindas, cheirosas e gostosas resolveram escrever juntas. Mas, como somos mudernas, continua cada uma na sua casa. O que mudou é que agora temos um matadouro para levar os homens da nossa vida e lá, devidamente protegidas pelo anonimato (!!!!), esquartejá-los como manda o figurino da Manequim.

Só não vou dizer para você ir correndo porque só eu escrevi até agora. Não é, Kika??? Não é, Lu???

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Vendi o meu carro!!! Estou total e irremediavelmente a pé. Mas sem dívidas. E é isso que importa (e não venha me dizer que não é, pois estou fazendo um condicionamento amoroso).

Ok, empolgada do jeito que sou, já conheço as linhas de ônibus e de metrô que me levam aos lugares aonde quero ir  e que me trazem de volta à minha casa. Já tenho até uma bolsinha daquelas de vovó, para guardar os trocadinhos. E é de oncinha, tá? Te mete!!!

Foi bom falar abertamente com as pessoas que eu amo sobre os meus problemas com dinheiro. Sou uma gastadora compulsiva, não sei me conter. Dizem que é doença, né? Mas essa vai ter que esperar na fila...


terça-feira, julho 20, 2004

Dia do Amigo

 
Eu sou a prova viva que derruba duas teorias absurdas que andam circulando à sorrelfa. As duas dizem respeito à amizade. Uma diz que é impossível haver amizade entre um homem e uma mulher. A outra afirma que não existe amizade sincera entre duas mulheres.
 
Bom, essas duas teorias, na minha humilde opinião, são excelente assunto para final de noite, quando você está falando de gansos e a outra parte da conversa está dissertando a respeito da floração das begônias no extremo oeste da Patagônia. Porque não existe absolutamente nada que fundamente essas afirmações.
 
Eu tenho um amigo, homem de carteirinha, pessoa incrível. Sabe quando você tem orgulho de dizer que conhece alguém? Pois o meu amigo não é artista global, não é cantor famoso, nem jogador de futebol. Mas, se não fosse parecer que eu estou treinando uma falsificação, pediria autógrafo dele todos os dias. Nossa amizade já dura três anos e eu, com a delicadeza que me é peculiar, já perguntei se ele estava interessado em outras coisas além de na minha amizade. Situação esclarecida, começamos a cultivar um relacionamento que hoje é uma das maiores alegrias da minha vida. Como costumo dizer para as pessoas que eu amo, a minha vida existiria sem ele, mas não teria um décimo do carinho, da diversão, do apoio e do amor que encontro nele.
 
Quanto à outra teoria, eu só posso rir. Porque tenho duas irmãs que são amigas de doer os ossos, tenho tias que são amigas, tenho a minha mãe, que só não é mais minha amiga por limitações do cargo. E tenho algumas amigas fora da família socialmente convencionada. Não são amigas específicas, do tipo "essa é boa para fazer compras", ou "essa é boa para fofocar". São amigas totais, completas, queridas, amadas e respeitadas.
 
Acabei de me lembrar de uma coisa: quando a minha sobrinha Céci tinha uns três ou quatro anos, ela andava na rua comigo abraçada à minha perna. E dizia: "Nós estamos andando que nem amigas, né, Dada?". Fico emocionada até hoje. Para ela, ser amiga era andar abraçada na rua. Era meio esquisito andar com ela pendurada na minha perna, mas eu fazia questão de sair assim, como "amigas".
 
E esses relacionamentos não vieram parar na minha vida porque eu sou fofa, ou por causa dos meus lindos olhos. Eu mereço cada um deles. Porque eu os cultivo. E essa é a chave. Saber cultivar. Saber estar perto, mas saber também se afastar, quando é necessário. Saber dar amor, mas saber dar broncas também. Saber falar feito uma maritaca, mas saber ouvir como um monge.
 
E amar de verdade. Não é esse amor de propaganda de refrigerante. Amor mesmo, com erros, acertos, vontade de esganar, preocupações, alegrias, comemorações. Amor.
 
FELIZ DIA DOS AMIGOS
PARA TODOS OS MEUS
QUERIDOS AMIGOS!!!
 
 

quinta-feira, julho 15, 2004

Bom dia por quê???

Sabe aqueles dias em que você se sente bem capaz de matar o Bambi com uma Uzi? Pois é, hoje baixou um mau-humor em mim que até agora eu não consegui entender. TPM? Crise dos trinta e tantos? Falta de sexo?

Vou providenciar uma camiseta para esses dias. Vai ser preta, com os dizeres "Nem vem!".

terça-feira, julho 13, 2004

Exorcizando

Começa assim:

eu tenho um cérebro (apesar de algumas pessoas ainda duvidarem, inclusive eu...rs...).

Esse meu cérebro resolveu, por conta própria (juro que não fui consultada), adquirir um pequeno tumor, ali, perto da hipófise. Coisa mínima, nada preocupante. Às vezes eu nem lembro que ele existe. É assim como um inquilino gente boa, que não arrasta móveis, não dá festas barulhentas, não discute a relação aos berros e coisa e tal.

Ilustrando:



Mas, como nem tudo na vida é assim blábláblá (ver post anterior), de quando em vez, esse inquilino costuma dar o ar da sua graça. Os efeitos? Meus olhos ficam embaçados, doem bastante. Minha memória fica um pouco fraca, começo a confundir as coisas. Às vezes, minhas palavras não acompanham meus pensamentos, e eu tenho a impressão de que nada do que eu estou dizendo faz sentido.

E aí eu pergunto: drogas para quê???

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Em tempo: sei que algumas pessoas queridas vão levar um choque ao ler isso, mas juro que não é necessário se preocupar. Se não fosse forçar muito a barra, eu até diria que sou uma pessoa normal...



Para o meu anjinho, com carinho

Existe uma pessoa na minha vida que eu amo muito, verdadeiramente. Explico: amo outras pessoas verdadeiramente, mas ele é especial. Porque eu tomei a decisão de fazê-lo parte da minha vida. E ninguém – a não ser eu e ele –, nenhuma situação ou acontecimento vai mudar isso.

Acontece que ontem eu, desavisadamente, dei uma notícia triste para ele. No meio da conversa, ele disse que preferia ter sido eu a qualquer outra pessoa. Mas eu não preferia não...e, se eu pudesse escolher, nunca, nunca daria qualquer notícia que o fizesse triste. Só aquelas que colocassem um sorriso naquele rosto que eu amo tanto. No entanto...

A vida não é assim, feito propaganda de pasta de dente ou novela de Manoel Carlos. Não existe nenhuma garantia de que, ao final de muito sofrimento e decepções, a gente vai ser feliz para sempre. Não sei se é para dar valor, ou se as coisas simplesmente são. Talvez seja para nos ensinar que "apesar" tem mais valor do que "porque".

Meu anjinho, tenho tantos planos para a sua vida. Se você me ouvisse, tudo seria tão perfeito...

Ainda bem que não ouve, pois só assim você passa pelas experiências de que precisa. Dizem que é assim que crescemos.

Eu ainda não estou convencida. Ainda queria proteger você dessas tristezas. Coisas de quem ama...

segunda-feira, julho 12, 2004

Um homem, uma mulher, uma criança e um carrinho de compras

Local: Um famoso hipermercado de Brasília

Horário: Perto das 21h

Moça solteira entra na fila do caixa rápido para comprar uma orquídea e um pão-pizza. À sua frente, já se encontram um homem com sua filhinha. No carrinho dos dois, caixas de sucrilhos, muitos chocolates, sorvetes e latinhas de cerveja.

Ele – Nossa, que flor bonita! É para a sua casa?

Ela (avaliando o material e concluindo que valia a pena responder) – Não, é para a minha mãe. Aniversário de casamento...

Papo vai, papo vem, ela descobre que ele tem 35 anos, que é separado, que a filhinha mora com a mãe, mas passa os finais de semana com o pai. Ele pergunta o nome dela, se ela mora sozinha. A paquera rola suave, como se espera em uma fila de supermercado. De repente, a menina linda, com encantadores olhos azuis, resolve dar a sua contribuição:

– Quando eu fizer 18 anos, vou morar com o papai.

Ele – Ela mora com a mãe e com a avó. Sabe como é, na casa do pai ela acha que vai ter mais liberdade...

Ela – É, isso é um padrão...

Menininha – Eu quero morar com o meu pai porque minha vó fica falando que ele é um vagabundo...

Ele – O que é isso, minha filha...a sua avó fala demais...

E lança um sorriso que busca a compreensão da moça.

Menininha – Pai, ela diz que você não presta, que só me dá besteira para comer, que bebe demais, que leva um monte de mulheres para casa, que não cuida de mim direito...aí eu choro...

Ai, ai...não é doce ver um amor morrer antes mesmo de começar??


sexta-feira, julho 09, 2004

Limites

Há algum tempo, eu escrevi que não sabia dizer não. Que não sabia fazer as pessoas respeitarem a minha vontade, os meus limites.

Hoje aconteceu uma coisa que me fez pensar nisso de novo.

Eu recebi flores. Muitas e lindas flores, em um arranjo bem bonito. E eu adoro receber flores. Só que essas flores vieram de uma pessoa de quem eu estou querendo me afastar. Uma pessoa que não respeita o meu espaço, que, quanto mais eu digo "chega!", menos entende. É uma pessoa abusiva, que me faz sentir mal, que faz chantagens emocionais, que me deixa com o astral lá no pé.

Escrevi um e-mail dizendo que recebi as flores, mas afirmando que não havia entendido o porquê delas. Pedi que não fizesse isso de novo, especialmente aqui no meu trabalho. Todo mundo vê, todo mundo pergunta, eu fico para morrer. Li o e-mail para um amigo em comum e ele disse que eu tinha sido muito polida. Mas é o que eu sou. Não sei ser grosseira.

Que direito essa pessoa tem de estragar um dos meus maiores prazeres, que é receber flores? Como eu recebo flores tão lindas e fico triste, a ponto de ter que levá-las para uma outra sala, bem longe de mim (é, porque eu não jogo flores no lixo de jeito nenhum)?

Pessoas malucas, muitas pessoas malucas no mundo...



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Só a título de registro: enquanto isso, Keanu nunca me mandou nem um galhinho de arruda. Pode??? Onde está a justiça neste mundo?

quinta-feira, julho 08, 2004

Clube da Luluzinha

Coisas de ontem e de hoje que merecem registro:

* a bolsa l-i-n-d-a que a Kika estava usando (ganhou do Kiko, tá? Te mete!);

* a gargalhada espontânea que o garçom soltou quando a Lu fez o último pedido da noite: mousse de chocolate com guaraná diet, por favor;

* as confissões de canalhice (não conto nem sob tortura!);

* as histórias de infância;

* os ex-;

* a Lu (de novo!!), hoje, no almoço, pedindo uma saladinha básica, acompanhada de uma porção de...batatas fritas;

* as risadas, as brincadeiras;

* a nossa amizade se fortalecendo!



Coisas de mulherzinha


Convencionou-se chamar de coisas de mulherzinha toda e qualquer expressão de sentimentos, gritinhos histéricos de admiração, frescurinhas muito cabíveis em determinados momentos, crises de TPM, encontros de Clubes da Luluzinha e todas as outras coisas que mullherezinhas fazem quando estão, juntas ou separadas, atravessando momentos especiais, quer de dor ou de alegria.

Bom, eu, particularmente, adoro coisas de mulherzinha. Pratico, recomendo e aprovo.

Ontem participei de um encontro desses, de mulherzinha. E foi tão bom, que repetimos hoje, na hora do almoço. Conversamos, rimos, desabafamos, trocamos idéias, contamos histórias...

Já virou chavão dizer que as mulheres não são fiéis umas às outras. Que não existe amizade sincera entre duas mulheres. Não sei que experiências a pessoa que cunhou essa opinião teve, mas as experiências que eu tive me mostram justamente o contrário. Tenho amigas muito amadas, que me são fiéis e às quais eu sou fiel. Lassie perde de longe.

Entre as atitudes dos outros que me incomodam, coloco a mania que algumas pessoas têm de querer espalhar a discórdia. De achar que o mais óbvio é que nasça a inveja, a mágoa entre duas pessoas.

Eu estou fazendo a minha parte: adoro as minhas amigas. Conto com elas a todo o momento. Respeito, admiro, fico feliz com as conquistas, choro junto pelas tristezas, brigo, dou conselhos e estou sempre lá quando elas precisam, de um jeito ou de outro. Tenho duas irmãs-amigas, tenho três amigas-irmãs, tenho muitas amigas especiais. Tenho amigas que fazem parte da minha vida há vinte anos. E tenho duas novas "amigas de infância".

Né, Lu? Né, Kika?

quarta-feira, julho 07, 2004

A Raposa e as Uvas

Uma amiga minha muito querida, muito especial e muito boba está apaixonada. Deveria ser uma boa notícia essa, mas a minha amiga está sofrendo.

Demorou um tempo até que ela encontrasse A pessoa. E, quando ela encontrou, a pessoa estava, digamos assim, oficialmente ocupada. Depois, a pessoa "desocupou". E a minha amiga, sempre tão insegura, decidiu respeitar esse tempo de desfazimento de amor, de desamoramento. E foi aí que ela bobeou. Porque outras pessoas nem pensaram em respeitar esse tempo e crau!, atacaram.

Minha amiga é uma mulher bonita (apesar de ela ter dúvidas sobre isso), inteligente (apesar de não ter o alcance do quanto) e muito, mas muito especial. E eu não digo isso só porque ela é minha amiga. Mas essa pessoa especial está sofrendo. Ela não teve palavras para declarar o amor por essa pessoa. E agora não tem coragem de falar seu sofrimento. Fica dizendo que não se importa, que é isso mesmo, que o que tiver que acontecer acontece.

Ela nem me pediu conselhos, acho que não quer falar sobre essas coisas. Mas estou me preparando: e se ela me perguntar o que deve fazer? O que eu vou responder? Vai fundo? Desiste? Eu não sei o que dizer para a minha amiga. Porque coração dos outros é terra onde não se pisa. E se ele não aceitar o amor dela? E se ele também estiver interessado?
Vale nesse momento a máxima "Faça o que seu coração mandar"?

Sei lá! Essas coisas são muito complicadas.

sexta-feira, julho 02, 2004

Caminhando e cantando

De vez em quando, eu tenho umas idéias de jerico. Tá, não é tãããooo de vez em quando, mas também não é todo dia.

Na quarta-feira eu tive uma. Hoje tive outra. Vamos pela ordem.

Eu precisava fazer uma perícia de um tratamento dentário. O perito fica no Setor Comercial Sul. Eu trabalho no Banco Central. Isso dá uns 400m ou 500m. O horário era 11h15. Eu estava de sandalinha de salto. E com pressa. E atrasada. E o caminho é bem estragadinho, em alguns trechos não tem nem calçada direito.

Misturando todos esses dados em um cérebro com condições perfeitas de temperatura e pressão, o resultado seria: vou de carro.

Mas, como quem processou os dados foi o meu cérebro, o resultado foi: vou a pé!

Saldo: uma lista imaginária de cacarecos para comprar em camelôs, dez ou doze tropeções, uma recordação das balinhas que eu comprava na porta do colégio, uma recordação do tempo que um amigo meu passou no Hospital de Base, observações dos rostos das pessoas, muita conversa de mim comigo mesma e uma bolha monstruosa na sola do pé direito.

E antes que alguém diga que o saldo foi positivo, vou logo avisando que a bolha vale por mil. Porque ela me fez sentir muita dor. E porque eu não podia colocar os pés em uma bacia com água e sal. E porque eu precisei trabalhar o resto da tarde. Mas sobrevivi.

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Sobrevivi porque precisava ter a idéia de jerico de hoje, é claro.

Comprei uma revista, acho que da Avon (comecem a avaliar o estrago, por favor), sobre Pilates. Veio o kit completo: revista com os exercícios básicos, uma bola bem legal e umas borrachas estranhas, com cara de acessório SM. E lá fui eu começar a minha vida saudável.

Primeiro, eu preciso dizer que já fui bailarina. Que o meu corpo já foi flexível, leve, tal qual uma lagartixa. Tá certo que foi no século passado, mas foi real. Eu pensava em um movimento, meu corpo respondia, lindo, saudável.

Hoje, estou esta ruína balzaquiana (draminha básico). Logo nos primeiros exercícios, meu pescoço travou. Um movimento que eu fazia, literalmente, com um pé nas costas. Estou um pau!!! E vim trabalhar assim, toda dolorida, do pescoço ao pé embolhado.

Vou perguntar de novo: quem contratou um roteirista mexicano para escrever a novela da minha vida??? Eu queria o Manoel Carlos!!!