segunda-feira, dezembro 12, 2005

Vai um chazinho aí?

O que os seus amigos fizeram no sábado? Foram ao teatro? Ao cinema? A uma festa?

Bom, uma das minhas amigas foi a uma reunião do Santo Daime. E ouvir a descrição da experiência mudou a minha vida. Porque essa minha amiga é de uma autenticidade fascinante. Faz escova progressiva, usa unhas de porcelana, curte música sertaneja, tem várias tatuagens, piercing no nariz. Uma figura. Então, tudo o que ela conta não tem qualquer interferência afetada. Ela é o que é e interpreta o mundo a partir da realidade que ela conhece.

Ela contou do lugar, que é lindo. Falou sobre os cristais na mesa do mestre, sobre as cadeiras desconfortáveis, sobre a dosagem do chá, controlada pelo mestre, sobre os banheiros sempre cheios, porque os efeitos são percebidos por cima ou por baixo. Sobre os monitores com baldes, para o caso de alguém não conseguir chegar ao banheiro. Sobre a mulher com mais de 50 anos e com pele de pêssego. E sobre as cores. Sobre a luz branca, que ela enxergava mesmo de olhos fechados. E sobre a sensação de andar sobre nuvens.

"Vou morar numa caverna em Peri e comer calango assado."

Dá para não rir?

No que isso mudou a minha vida? Seguinte: tenho trabalhado com afinco no sentido de tornar a minha vida mais leve, mais fácil de carregar. Minha meta é chegar aos 40 anos praticando um hedonismo saudável. Quando converso com pessoas que se permitem, que experimentam o novo, fico encantada. Porque eu tenho uma dificuldade muito grande de me permitir. Eu sofro por coisas mínimas. Coloco lente de aumento em tantas situações ridículas.

Não, não vou tomar o chá, não vou flutuar pelas nuvens. Não agora. Mas, do mesmo jeito que passei a ver as árvores de Brasília com mais nitidez e beleza, quero descobrir em mim as luzes, mesmo sem precisar abrir os olhos.

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Período de dedicação extrema aos livros. No blog, no farra, no nada até passar o concurso do BC.