sexta-feira, janeiro 30, 2004

Fala sério!!!




"Falar a verdade me faz tão beeeemmm...". Essa pérola do cancioneiro nacional vem diretamente dos anos 80, aqueles anos em que podíamos fazer escovinha tipo panteras, usar roupas de cores cítricas e cantarolar melodias de grupos-de-uma-música-só sem correr o risco de sermos presos.

Mas não é da música que quero falar. É do conteúdo...hahahaha...sem brincadeira. Já que blogs são uma espécie de analista virtual sem honorários (o que me anima muito!), vou fazer uma sessão "eis-me por dentro". Quem não suporta emoções fortes, por favor, mude de página.

Um dos piores hábitos que adquiri no decorrer da minha vida foi o de engolir sapos. Falo muito, mas não o que eu deveria falar. Às vezes por falta de coragem, às vezes por não querer magoar, por falta de ar, por falta de malícia, por falta ou por excesso de vergonha. O fato é que já deixei de dizer muita coisa na minha vida. E para algum lugar essas coisas têm que ir, não é meiiisssmo? No meu caso, elas ficaram na garganta. E se reuniram em assembléia e resolveram, metade mais um, formar um tumor. Como eu sou da linha dura, repressiva, fui ao mocinho de branco e mandei tirar.

E será que eu aprendi?? Nãããooo!!! Ainda admiro as minhas amigas que conseguem devolver o suco no restaurante porque não foi coado. Ou o filé que não está no ponto certo. Eu fico calada. Se bobear, até digo um "obrigada".

Tenho planos perfeito para a vida de todas as minhas pessoas amadas. Se elas seguissem passo a passo as minhas dicas, tudo se resolveria. Mas, na hora de dizer aquelas verdades para as pessoas que amo, a voz some, e eu só consigo calar. E às vezes eu choro. Depende muito da outra pessoa. E aí está o meu erro. Não devia depender da outra pessoa. Devia depender só de mim.

É porque eu acho que vou magoar os outros se falar de forma mais dura. Mas não consigo seguir o raciocínio: se a pessoa estiver tranqüila em relação ao que está fazendo, não vai se abalar com o que eu disser. Se ela se incomodar, se magoar, é porque o comentário tocou em alguma ferida. Eu penso assim, comigo é isso que acontece. Se alguém me diz alguma coisa mais dura e eu me magôo, geralmente é porque eu não estou segura do que quero. Ou então estou na TPM, tem isso também...mas, se estou confiante, segura do que estou vivendo, não me incomodo nem um tico. E ainda amo mais a pessoa que me deu o toque.

Bom, vou continuar tentando...amar dá choque, tem muitos cerimoniais. É que nem missa: eu sempre erro a hora de sentar e levantar. Quando foi o ensaio, que ninguém me avisou????

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Para rir...

Vamo lá, nóis sofre, mais nóis goza...dá rugas, eu sei, mas rir é muito bom!!!

Vai , vai...

Façam o que eu digo...

Por que eu faço coisas que abomino em outras pessoas? Sempre critiquei aquelas gralhas que ficam perguntando "E aí, quando você vai casar"? Sempre tive vontade de devolver: "E aquele seu problema de a)flatulência, b)mau-hálito, c)chulé, melhorou?".

Pois hoje eu, senhorita Crítica em pessoa, peguei-me mostrando as fotos da filhota linda da minha irmã para um amigo lindo dela (da minha irmã) e disparando um: "E o seu, quando vem?".

Morte lenta e dolorosa para os hipócritas como eu!!!! Sai pra lá, gafanhoto!!!

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Resposta para a Fabi e para a Jaque...

Estava andando distraída pela rua quando tropeçou em um pacote. Depois de ver estrelas e de listar todos os palavrões que conhecia, percebeu que, com a topada, o pacote se abriu. Por curiosidade (sabe como é, signo de gêmeos, conjunção lunar e etc), abriu um pouco mais e viu que, lá dentro, havia um amor. Não era um amor novo, já estava, inclusive, bastante usado, mas dava para perceber que era dos bons, sólido, firme. Desembrulhou tudo, dobrou o papel e colocou o amor sobre uma mureta. Marcas de mordidas aqui, faltando alguns pedaços ali, mas ele estava praticamente inteiro. O cheiro ainda era bom, um restinho de laranja com canela. A cor era firme, destas que não desbotam. Decidiu levar o amor para casa. Não era seu, ela nem sabia quem o havia abandonado assim, na rua. Já entrara em sua vida causando dor: a topada machucara o dedão direito. Mas não é todo dia que se encontra um amor assim, embrulhado para presente no meio da rua. Chegando a casa, não encontrou um lugar onde pudesse colocar o amor. Ora o lugar era pequeno, o amor não cabia ali. Ora era grande demais, e o amor ficava perdido em meio a tanto espaço. Pensou mesmo se não seria o caso de guardá-lo em um banco, afinal, era artigo raro nestes dias, alguém poderia querer roubá-lo. Mas desistiu da idéia. Era tão bonito, tão colorido...estava pensando no melhor lugar para exibi-lo (sim, porque, arrependida da idéia de encerrá-lo em um cofre, agora queria mostrá-lo a todos que entrassem em sua casa), quando notou que ele rolou para um canto do sofá. E parecia confortável ali, encostado nas almofadas. “Então, era ali que ele queria ficar!”, pensou. E ali ele ficou.

Não era o seu primeiro amor. Ela já tivera outros. Alguns ela ganhara, outros ela comprara, mas nenhum deles tinha aquele apelo meigo, quase um pedido de cuidados, com suas marcas de mordidas e seus pedaços faltosos. Cuidava daquele amor com todo o seu coração. E ele retribuía. As marcas ficavam menos visíveis. Um dia, ela até pensou ter visto um sorriso. Podia jurar. E o amor crescia. As pessoas que a visitavam se surpreendiam com aquele amor. Um amor que não era dela, que ela encontrou na rua, que ela trouxe para casa. E ela fazia questão de mostrá-lo. De contar como o encontrou. Dez, vinte, cem, duzentas vezes. E as pessoas estranhavam. “Mas você nem sabe de quem é!! De onde ele veio? Não é falsificado?”. E foram tantos os comentários que o amor começou a ficar assim, meio ressabiado. E já não brilhava tanto, nem exalava
seu cheiro de canela e laranja. E ela percebeu. E um dia deitou no sofá, bem perto do amor. E chorou silenciosamente. Ele não era seu, podia até ser falso, mas lhe fazia um bem tão grande. Era tão bom sabê-lo ali, perto dela. Fechou os olhos e não percebeu que o amor encostara-se a seu corpo. Sentiu apenas o calor que emanava dele. Abriu os olhos e ainda teve tempo de ver uma pontinha entrando no seu peito, para sempre.



De gatos e tristezas

Manhã chuvosa, um frio bem gostoso, do jeito que eu prefiro. Levantei no tranco, tomei um banhinho, vesti a roupa, arrumei o cabelo, peguei uma maçã, minha mãe pediu que eu comprasse pão, fui abrir o portão...e vi...uma gata morta embaixo do meu carro. Sou uma mulher de 34 anos, tenho uma vida legal, trabalho, estudo, mas ainda não consegui digerir direito essa história de morte. Ainda mais quando ela se apresenta para mim às 8h de uma manhã de uma segunda-feira. Tá certo, era uma gata de rua, eu não a conhecia, não convivia com ela. Mas eu fiquei triste pelo apagar da vida, pelo sumir, pelo desfazer-se. Pensei na minha amada Fal, que ama os gatos. Tenho uma outra amada, a Loren, que já chegou a ter treze (!!!) gatos em um apartamento. Mas o que ficou na minha cabeça durante todo o caminho para o trabalho foi a idéia do fim. Tenho problemas em aceitar o fim. De qualquer coisa. Nunca terminei um relacionamento com um ponto final. Sempre foram reticências. Alguns eu retomei só para ver que não existiam mais. De vez em quando, um nome vem à minha cabeça, um nome bem antigo, cor sépia, cheiro de naftalina. Às vezes perco minutos inteiros fantasiando sobre a vida que deixei para trás, e que era sempre perfeita. Tenho medo de encarar o presente. Tenho medo porque sei que ele depende apenas de mim. O passado virou história, a gente sempre pode incluir uma cena aqui, outra ali. Dividir as responsabilidades, as culpas. O presente não. O presente leva apenas a nossa assinatura, não tem co-autoria. E é isso que me assombra.




E foi necessário achar uma gata morta para conseguir me dizer isso assim, sem subterfúgios. Tenho medo do presente. Fazer o quê?

sexta-feira, janeiro 23, 2004

Carta aberta ao governador

Querido Governador Joaquim Roriz:

A intenção desta missiva é mantê-lo informado sobre o que acontece aqui em Brasília durante a sua ausência. Não votei no senhor, mas como respeito o processo democrático, sinto-me na obrigação de deixá-lo ciente dos fatos, uma vez que os seus assessores, no afã de preservar o seu lado emocional tão sensível, escondem a realidade. Inclusive, testemunhei a sua surpresa ao tomar conhecimento de algumas atitudes erradas perpetradas por seus companheiros políticos. Uma pessoa tão crédula como o senhor, que confia nos amigos até a última instância, não pode deixar de se assombrar com o mal-feito dos outros.

Sem mais delongas, vamos aos fatos:

- uma parte do teto do Hospital de Base desabou. É, caiu. Talvez pelas chuvas abundantes que têm despencado por aqui, talvez pela idade do prédio (um representante do hospital esteve na televisão alegando que o prédio tem 44 anos!!!!!Talvez fosse o caso de formar uma comitiva para ir a São Paulo, ou ao Rio de Janeiro, ou a Minas Gerais, para aprender como se constroem prédios que durem mais de cem, duzentos anos). Tenho uma teoria ainda mais interessante: o que fez o teto do hospital desabar foi o intenso trânsito de doentes provenientes de outras cidades, que entopem o sistema de saúde do DF. Essas pessoas não sabem que, aqui em Brasília, não buzinamos, não fazemos barulho em demasia, ou seja, somos perfeitos cavalheiros e damas. Talvez o teto do citado hospital, chocado com tantas pessoas de hábitos diferentes dos nossos, tenha desistido de dar cobertura a tamanho despropósito. Outra teoria: os doentes de câncer, principalmente os que estão em estado terminal, devem ter escondido os remédios no teto, é claro que orientados por algum petista rancoroso (sempre eles!), para parecer que está havendo falta de medicamentos (logo no seu governo...hahaha). Com o peso, o pobre teto não resistiu e caiu. O importante, governador, é que o problema já está sendo resolvido. As pessoas que tinham consultas marcadas no HB foram mandadas para outros centros de saúde. Alguns mais longe da Rodoviária, é claro, mas já está provado que uma boa caminhada faz maravilhas para a saúde. E do que mais eles estão precisando além de saúde??

Algumas pessoas, instruídas, é óbvio, por petistas insatisfeitos, insinuam que o senhor não se importa com a saúde do DF. Que absurdo, senhor governador!! E o stress que o senhor aliviou nos moradores do Lago Sul com a construção da terceira ponte? Imagina a fortuna que eles iriam gastar em analistas por ficarem presos nos intermináveis engarrafamentos de Brasília...pobrezinhos...

- e esse povo que continua a invadir área pública? Quem mandou? Quem chamou? Aposto que foi algum petista com dor-de-cotovelo, só para depois jogar a culpa no senhor. Como disse brilhantemente a nossa vice-governadora, a culpa das invasões, na verdade, é de JK, que trouxe aquele tanto de gente para trabalhar aqui nos anos 50. Nem tinha tanto trabalho assim, para que aquele tanto de gente? Teve também aquele moço que disse “Crescei e multiplicai-vos”. Olha só, que incitação à reprodução sem planejamento, à invasão de terras, pois é claro que eles vão precisar de espaço para alojar o produto dessa multiplicação. Acho que JK e esse moço eram, na verdade, petistas enrustidos, que queriam jogar o povo, desde aquela época, contra o senhor (como eles sabiam do seu futuro governo? Não tenho certeza, mas acho que Dom Bosco sonhou com o senhor...).

Do que essas pessoas reclamam, pelamordedeus? Brasília sempre foi uma cidade diferente, de vanguarda. Não é coerente que ela seja diferente em outras coisas também? Por exemplo, cobrar IPTU em terrenos irregulares. Quer coisa mais lógica? E permitir que uma fave...desculpe, que uma invasão fique por mais de quinze anos sobre uma área de preservação ambiental, jogando lixo em nascentes, poluindo tudo? Quer coisa mais pitoresca e acolhedora? Não é à toa que Brasília é uma das capitais mais visitadas do país em datas festivas...

Não permita, governador, que as minhas notícias atrapalhem o seu passe...quero dizer, o seu trabalho aí na Europa. Aliás, mais uma vez o senhor está defendendo com unhas e dentes e musse para cabelos os interesses da sociedade. Um trem-bala daqui para Goiânia. O que poderíamos desejar mais do que isso? Escolas, projetos sociais, crianças comendo lixo, doentes morrendo por falta de remédio, desemprego, violência? Coisas pequenas. Nunca vi uma escola ganhando prêmio de arquitetura que nem a terceira ponte ganhou. Uma beleza...

Curta bastante o ar europeu, volte bem descansado para assumir novamente o seu cargo de “pai dos pobres”. Brasília o espera de braços abertos, querido governador...

P.S: Ah, estou mandando também uns quarenta beijos. Um para cada integrante da sua modesta comitiva. Espero que estejam gostando dos hotéis cinco estrelas que nós, contribuintes, estamos patrocinando para alguns deles. Afinal, alguém precisa se divertir, não é mesmo?

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Caminhos


Foto de Ana Pinto


Sei que um dia, quando eu for embora, a única bagagem que levarei serão os amores que tive. As tristezas que vivi e causei, as alegrias exageradas que experimentei, as saudades, as paixões. Tudo isso deixarei em um armário, em uma rodoviária distante e esquecida. Levarei apenas os meus amores. Aqueles que me fizeram desejar ser melhor, os que me ensinaram a crescer, mesmo com dor. Os que me mostraram sabores, cores, odores. Os que revelaram o melhor e o pior de mim. Serão minha única bagagem. Embalados um a um, com carinho e cuidado. De vez em quando, em minha longa caminhada, tirarei um da mochila, apertarei contra o peito, até sentir aquecido o coração, e seguirei caminhando.

Obrigada, tio Rui, pela emoção que você me fez viver hoje.

Angeli









terça-feira, janeiro 20, 2004

Pérolas bancárias

Eu não ia escrever nada hoje. O trabalho está corrido, muita coisa para fazer...mas algumas coisas precisam ser registradas, guardadas para a posteridade...observem o trecho negritado na matéria abaixo, retirada do jornal Correio Braziliense...

Banco Popular começa a abrir conta na próxima semana
13h43 - O BPB (Banco Popular do Brasil) começa a abrir conta corrente para o público informal, ou seja, sem carteira assinada, na próxima semana. A estimativa é que as operações sejam inauguradas no dia 29.

Será o primeiro passo do plano de operação da subsidiária do Banco do Brasil --criada para atender o público informal e de baixa renda--, que começa a funcionar em caráter experimental este mês em Brasília (DF), São Paulo (SP) e Recife (PE).

A projeção é que o BPB dê início às suas operações comerciais em escala nacional em março, quando a campanha de mídia da instituição entrar no ar. A Conta Popular do Brasil vai concorrer diretamente com a conta Caixa Aqui, da Caixa Econômica Federal, voltada para o público de baixa renda.

Como sua concorrente, a Conta Popular do Brasil poderá ser aberta sem depósito mínimo e sem comprovação de renda. Até os sem-teto poderão ter uma conta, já que para ser correntista basta apresentar uma declaração de endereço para recebimento de correspondência. O presidente do BPB, Ivan Guimarães, disse que o futuro correntista do banco não precisará nem de CPF (Cadastro de Pessoa Física) para abrir a conta. "O banco emitirá o CPF para os correntistas que não tiverem o documento". O BPB pretende abrir 1 milhão de contas correntes até dezembro. Até o final de 2008, o banco quer contar com 4,7 milhões de clientes.

Apesar das metas ambiciosas, Guimarães disse que o BPB não tem pressa para alcançar esses números. "As coisas bem feitas são lentas. Nossa maior preocupação é garantir a segurança das operações do banco".

O BPB prestará atendimento para seus correntistas somente por meio de correspondentes bancários --estabelecimentos comerciais credenciados junto ao BB para prestar alguns serviços de banco. A meta é contar com uma rede de 4.500 pontos de atendimento até final de 2004.

Entre os serviços que devem ser oferecidos pelo BPB estão fundos de investimentos, seguros, títulos de capitalização e crédito pessoal.

Da Folha News

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Espera um pouquinho: o indivíduo não é sem-teto??? O que vai estar escrito nessa declaração de residência?? Rua Nada, número 0. Lembrei aquela musiquinha: "...na rua dos bobos, número zero".

Misericóóórdia!!!!

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Finde

O que fiz no final de semana? Aqui em Brasília está chovendo praticamente doze horas por dia. Planejei ir comer um sushi no restaurante da Lê, na Quituarte, mas a chuva não deixou. Isso foi na sexta. De lá para cá:

- reli umas partes de um livro que eu adoro e recomendo: "O Homem Que Comeu de Tudo", de Jeffrey Steingarten;



- vi dois filmes dos quais não gostei muito: "Pão e Tulipas" e "A Professora de Piano". O primeiro eu achei meio repetitivo, tipo "já-vi-essa-cena-antes-em-outros-filmes". O segundo achei violento demais. Que mulher maluca era aquela?;

- no domingo, assisti ao jogo da seleção (sim, eu gosto e ainda acredito!!!);

- ao meu último vício televisivo, que eu não tenho perdido por nada, Queer Eye for a Straight Guy. Muito bom, morro de rir;

- a um pedaço daquela obra que homenageia a estupidez humana e que se chama Big Brother Brasil 4 ( me interrogando por que aqueles barracos ainda me prendem a atenção. Será que sou estúpida tbm? Céuuuuus);

- à entrevista da Luciana Vendraminni para a Marília Gabriela. Fiquei bege, passada. Dez horas tomando banho? Vinte e seis horas parada em uma calçada? O que é isso? Esses tais de TOC são mesmo impressionantes.

E foi só.

quinta-feira, janeiro 15, 2004

Giracaco

Ai, ai...hoje fui ao mocinho doutor que cuida do Rubens e da Fatinha (meus dois neurônios). Começo a ficar preocupada: nenhum mocinho de branco quer se responsabilizar pelos dois. O de hoje, que eu adoro de paixão, mandou-me para um outro. Quando ele me disse a especialidade do outro, imediatamente me lembrei daqueles chicletes que vinham com figurinhas de bichinhos misturados, tipo girafa + macaco= giracaco. Hehehehe...e o que é a modernidade. O outro mocinho doutor é um neuroendocrinologista. Se pudesse escolher, eu queria um neuroendocrinoginecopodólogo. Aí sim, ficava de bom tamanho!!!

quarta-feira, janeiro 14, 2004

Grupo de auto-ajuda

Alguém pode me dizer quem compõe um grupo de auto-ajuda? Eu e as minhas personalidades múltiplas?

Caco Galhardo

Sabe aquele spam "Aumente o tamanho do seu pênis"? O Caco Galhardo escreveu este texto hilário:

AUMENTE O TAMANHO DO SEU PÊNIS!

Quem nunca recebeu um spam com esse título que atire a primeira pedra. Já virou um clássico da Internet: Aumente seu pênis. Acho que pelo menos uma vez por semana recebo um spam desses. Fico imaginando como entrei no mailing dessa empresa. Será que fui indicado por alguma amiga? Uma que tenha se decepcionado com o tamanho do meu pênis? Nunca tive reclamações e para falar bem a verdade, confesso que estou satisfeito com o tamanho do meu pênis (exceto após mergulhos em piscinas geladas). Então, por que tantos spams? Acho que vou começar a responder. Caro senhor, por favor, exclua-me de seu mailing, pois estou satisfeito com o tamanho do meu pênis!!!

Esses spams estão causando efeito contrário. Ao invés de aumentar o pênis, estão aumentando o saco. É que a cada vez que abro o spam, meu saco vai ficando mais cheio, pra dizer a verdade, já está arrastando no chão. Não preciso mais de spams de "Aumente o tamanho do seu pênis", e sim de "Diminua o tamanho do seu saco"! Haja!

É humilhante, acho que vou processar essa empresa por desacato. Está pensando o quê, que meu pau é pequeno?! Já fiquei ofendido. Então vou botar a empresa no pau. No pau não, no pauzão, que é para combinar com o produto!

Quem será que compra essas bombinhas para aumentar o tamanho do pênis? É deprimente. Na portaria do prédio:

- Seu Caco, chegou encomenda para o senhor. - Encomenda? - Está aqui, produto para aumentar o pênis. - Ah sei: é que encomendei para meu avô - Tô sabendo, seu Caco, tô sabendo! E a patrôa, vai bem?

Deus que me livre! E vai que dá zica. Sei lá, e se ao invés de aumentar, estoura? Pênis estourado! Tô fora! Não aguento mais esses spams, deixa o tamanho do meu pênis assim que já está bom demais! E tenho dito! Só queria saber quem foi a maldita que me pôs nessa lista!! É isso, feliz ano novo, muito amor, muita paz, muita saúde e muito pênis em 2004!

Jacques Prévert

Sempre fui apaixonada pelas poesias desse homem. Ele tem uma acidez quase inocente, infantil. Esta foi a primeira poesia dele que me caiu nas mãos. Desde então, sou uma voraz devoradora da sua obra...



O gato e o pássaro

Uma cidade escuta desolada
O canto de um pássaro ferido
É o único pássaro da cidade
Que o devorou pela metade
E o pássaro pára de cantar
O gato pára de ronronar
E de lamber o focinho
E a cidade prepara para o pássaro
Maravilhosos funerais
E o gato que foi convidado
Segue o caixãozinho de palha
Em que deitado está o pássaro morto
Levado por uma menina
Que não pára de chorar
Se soubesse que você ia sofrer tanto
Lhe diz o gato
Teria comido ele todinho
E depois teria te dito
Que tinha visto ele voar
Voar até o fim do mundo
Lá onde o longe é tão longe
Que de lá não se volta mais
Você teria sofrido menos
Sentiria apenas tristeza e saudades

Não se deve deixar as coisas pela metade.

Tortura Medieval

Em um momento de desvario, entrei em um clínica de tratamento estético e comprei um pacote de massagem estética + estimulação russa + endermologia. E ainda fiquei feliz da vida, contando os dias para começar o "tratamento". Triste ilusão...gosto de ver como ainda sou inocente em certos aspectos.

No primeiro dia, empolgação total. A mocinha da massagem com uma carinha bem boazinha, pediu para eu tirar a roupa e deitar em uma caminha bem perfumadinha e...em questão de segundos, a governanta alemã que vive nela tomou posse daquele corpo. Tive a oportunidade de me sentir exatamente como uma massa e nunca, garanto a vocês, nunca o nome "pão sovado" fez tanto sentido para mim. Depois veio a tal de "estimulação russa", umas plaquinhas que dão um choque angustiante. Pensei em comunas, socialismo, Lênin, princesa Anastasia e concluí que o nome não poderia ser tão apropriado. Passei o resto do dia tomando choques retardados, que nem desenho animado.

O segundo dia, que foi hoje, já me encontrou veterana na arte de apanhar sem reclamar. Tirei a massagem de letra, a não ser por uma dor lacinante em algum lugar na parte interna da coxa direita (desculpem os detalhes, mas uma dor assim sempre vem com nome, telefone e endereço). A sádica da massagista (brincadeirinha, ela é um amor!) havia reservado, no entanto, uma das piores torturas: endermologia. Devia ser endemoniologia (essa máquina fez mal para os meus neurônios...ai...). É uma coisa inexplicável: uma máquina com uma extensão, que parece uma mão. A sádica ligou a máquina, ajustou o nível de sucção (sim, queridos, a máquina suga) e grudou na minha pele. Qualquer um perceberia que ali estava ocorrendo uma tentativa clara de arrancar a minha pele. Mas eu não pude fazer nada além de dar uns gemidos, e abafados, para não pagar mico na clínica. E eu paguei por isso...

Portanto, depois de ser sovada, eletrocutada, amassada, sugada e despelada, juro solenemente:

1º Nunca mais tomar refrigerante
2º Beber pelo menos dois litros de água por dia
3º Maneirar na comida, principalmente na massa
4º Fazer caminhadas regularmente

Não é falta de fé na humanidade não, mas vamos ver até onde isso vai durar...por enquanto, a lembrança da dor me aterroriza o suficiente para ver um banquete em uma folha de alface...

terça-feira, janeiro 13, 2004

Princípio da Reciprocidade

Olha só: meus instintos mais primitivos se deliciaram com o fichamento dos turistas americanos. O gorila pré-histórico que habita as cavernas do meu ser saiu, tacape em mãos, comemorando o tal do princípio da reciprocidade. Mas logo foi recapturado pelo domador que instalei na minha placa-mãe. E a civilidade voltou a imperar.

É claro que os EUA têm o direito de se protegerem, mas essa desculpa só começou a pegar do 11 de setembro para cá. Vamos revirar arquivos e encontrar "n" relatos de turistas, brasileiros ou não, que foram constrangidos pelo controle de imigração estadunidense muito antes dos atentados terroristas. É verdade, também, que isso não acontece apenas nos EUA. Já vi pessoas sendo muito mal tratadas em aeroportos de países da Europa.

O Brasil, por sua vez, sempre levou a fama de ser uma mãe para os turistas estrangeiros. Até nos assaltos eles levam a a preferência (ops, falha do domador...ironia pré-histórica...). E é essa a realidade. Vi o mocinho lá do Rio desesperado porque os turistas americanos iam sumir, levando os tais de R$2.000.000.000 que eles despejam todos os anos em terras cariocas (que, por sinal, significa "casa do homem branco"...sacaram a sutileza??...hehehe). Por isso, as autoridades decidiram: os turistas do Tio Sam vão ser fichados, mas receberão, depois, mimos e afagos de mulatas (tipo exportação, of course).

Resumindo: os EUA realmente se julgam o umbigo limpinho do mundo, mesmo que o mundo inteiro saiba que eles estão muito longe disso em vários quesitos. Os brasucas são mal vistos em terras estadunidenses (com honrosas exceções, of course), mas o Brasil não pode abrir mão do turismo. A solução? Ué, e alguém achou que eu tivesse a solução? Se eu a tivesse, não estaria aqui trabalhando. Estaria jogando golfe com Bush, em uma de suas fazendas...just kidding...

segunda-feira, janeiro 12, 2004

Terra de ninguém

Uma das coisas que aprendi nesses 34 anos foi tentar entender o papel de algumas pessoas na minha vida. Coraçãozinho é terra de ninguém, já disseram com muita propriedade.

Algumas pessoas entram sem avisar, sem pedir licença, jogam papel de bala no chão, falam alto, desrespeitando momentos de quietude, abrem a geladeira sem a menor cerimônia. E saem sem fazer a cama, sem lavar a louça, sem tirar a poeira.

Outras não...outras entram com delicadeza, abrindo a porta o suficiente para fazer tocar o sino de vento. Sentam na beiradinha da cama, tiram da mala um velho porta-retrato e ajeitam um canto para ele na mesinha de cabeceira. Enchem a casa-coração de girassóis e perfumam o ar com alecrim. E, quando menos esperamos, estão andando pelos cômodos, arrastando pantufas de plumas...

São assim as pessoas que eu amo...



Nós e laços

Eu estava com uns pedaços de fio nas mãos e observei uma coisa: se unirmos dois pedaços com um nó e depois puxarmos as perninhas dos fios, o nó fica mais apertado. Mas, se dermos um laço, os fios se separam, suavemente.

Simples, não? É assim que fazemos na vida. Às vezes, usamos um para unir nosso caminho ao caminho de outras pessoas. Se, por um acaso, os caminhos tomam direções opostas, esse nó aperta, machuca, e nós não permitimos que essas pessoas saiam da nossa vida. Se usássemos um laço, a separação seria mais suave. Cada qual seguiria seu caminho.

Coisas a aprender em 2004: mais laços e menos nós...

Uma historinha de amor

Biblioteca da Universidade de Brasília. Acho que em 1989 ou
1988. Eu namorava um chileno, estudante de Engenharia Florestal, lutador de caratê e que desenhava duendes e fadinhas lindamente. Mas apareceu aquele estudante de Letras, assim como eu,
na minha turma de Língua Portuguesa 5. E ele era lindo, inteligente, melancólico. Tudo o que uma apaixonada por literatura procurava em um ser humano. E nós fomos fazer um trabalho juntos. Nós e mais umas cinco pessoas. O meu namorado foi se despedir. Ele ia para um acampamento da facu. E eu fui procurar um dicionário com o meu poeta. Eu estava agachada, procurando o tal dicionário nas prateleiras de baixo. E ele de repente me abraçou e me beijou. Os lábios dele tremiam, e eu entendi todas as julietas, as isoldas, as camilas, as carolinas, as lúcias. E
aquele beijo durou um minuto de eternidade (e dura até hoje).
E as pessoas que estavam na biblioteca aplaudiram. E eu caí sentada no chão.

Acabei com o chileno. Comecei a namorar o meu poeta. E foram
muitos meses de sonetos, brigas, ciúmes e muito amor. E ele me dava livros e escrevia dedicatórias lindas e engraçadas.

Dez anos depois, eu o encontrei em um cursinho preparatório
para concursos. Sentei ao lado dele e não me dei conta disso.
No intervalo, ele me chamou e eu quase enfartei. Era ele.
Igualzinho à minha lembrança. Casado, pai de dois filhos, professor universitário.
E disse que a maior lembrança que tinha de mim era o jeito que eu prendia o cabelo
e mexia na minha bolsa de dança, enorme. E todo o meu amor daquele tempo voltou.
Conversamos bobagens. E nos perdemos de novo.

Moral da história: príncipes deviam ter prazo de validade!

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Vamos amar, pessoas!!!

Algumas frases lindas sobre o amor, copiadas da revista Bons Fluidos:

"O amor já está, já está sempre. Falta apenas o golpe de graça que se chama paixão."
Clarice Lispector

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"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de se gostar."
José Saramago

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"Eu não quero viver – quero antes de tudo amar, e viver apenas acidentalmente."
Zelda Fitzgerald

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"Vem antes do sol a luz que em tua pupila me desenha. Aceito amar-me assim, refletida no olhar com que me vês."
Adélia Prado

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"Amar é mudar a alma de casa."
Mário Quintana

Maria Rita está em Portugal

...e o Cláudio Luiz também. Eu adoro a Maria Rita, mas acho mais importante o mundo saber que o Claudinho está em Portugal. Ah, mas ele está pensando em vir para o Brasil. E tenho dito. Ponto!

O olhar passeou...

por um caso de assédio. Foi comigo. Não, assanhados, não foi um assédio sexual. Ia ser legal assim, numa sexta, mas não foi. Foi um assédio bancário. Eu ainda não sei lidar muito bem com pessoas insistentes, mas hoje dei o meu primeiro passo de tartaruga em direção à liberdade de expressão. Fui pagar uma conta. Essa conta eu pago sempre com um mês de atraso. O mundo inteiro sabe disso, tanto que o mocinho cobrador do Banco nem me liga mais. Lá fui eu: tira celular, tira chave, tira frente do rádio do carro, tira máquina de fotinhas para poder passar na porta giratória. Cheguei aos caixas e...pimba!!! Não tinha senha!! Volta para pegar senha. A maquininha da senha está quebrada. Chama o guarda. Pega uma senha rústica, escrita à mão. Ihhh, fila quilométrica. Resolvi pagar no envelope. A mocinha que calcula está ajudando uma senhorinha simpática que não sabe mexer na máquina. Aparece o gerente (é ele, o assediador!!!). Ele diz que o cálculo tem que ser feito por uma mocinha lá de dentro, pois é necessário ligar sei lá para onde. Começo a explicar para ele que eu sempre paguei atrasado, que o mundo...desisti. Não sei o que ele colocou na cadeira onde eu sentei, mas, quando dei por mim, estava hipnotizada, ouvindo coisas como "taxas menores", "cheque especial", "linha de crédito aprovada" e tirando cepefê e carteira de identidade da bolsa. A mocinha, com carinha de inocente, segurava uma proposta de abertura de conta. Ahá!! Mas eu fui mais forte. Peguei o meu carnê (e ela nem ligou para lugar nenhum para calcular o atraso), arranquei meus documentos da mão dela (delicadamente, é claro) e disse, superior,: "Tô com pressa. Liga pra mim depois, tá?". Sou ou não sou uma mulher dura e impositiva?

quinta-feira, janeiro 08, 2004

O olhar passeando...

Andando pela rua em uma manhã qualquer de um mês qualquer ela parou de repente. E se não fosse aquilo a vida? E se houvesse outra, com mais clarezas, mais oportunidades, mais vento soprando no cabelo. Lembrou do lampejo que teve durante o banho, uns dois dias antes: eu estou lamentando agora o que deixei escapar há cinco anos. Será que daqui a cinco anos estarei lamentando o que deixo escapar hoje? Não...deve haver outra história para ser vivida. Com uma agenda mais certinha, com contas pagas no dia certo. Com o dinheiro economizado, as amizades mantidas, os pais apaziguados, os irmãos harmonizados, o peso certo, o cabelo bem penteado. Mas será que existe uma com os frios que já passaram pela barriga? Com o eco dos “eu te amo”? Com o arrepio de um aperto de mão? Com o carinho de um olhar mais demorado? Não...aquela era a vida certa. Não há mais dúvidas. Daqui a cinco anos ela estaria lamentando tê-la deixado na esquina de uma manhã qualquer de um mês qualquer...