Biblioteca da Universidade de Brasília. Acho que em 1989 ou
1988. Eu namorava um chileno, estudante de Engenharia Florestal, lutador de caratê e que desenhava duendes e fadinhas lindamente. Mas apareceu aquele estudante de Letras, assim como eu,
na minha turma de Língua Portuguesa 5. E ele era lindo, inteligente, melancólico. Tudo o que uma apaixonada por literatura procurava em um ser humano. E nós fomos fazer um trabalho juntos. Nós e mais umas cinco pessoas. O meu namorado foi se despedir. Ele ia para um acampamento da facu. E eu fui procurar um dicionário com o meu poeta. Eu estava agachada, procurando o tal dicionário nas prateleiras de baixo. E ele de repente me abraçou e me beijou. Os lábios dele tremiam, e eu entendi todas as julietas, as isoldas, as camilas, as carolinas, as lúcias. E
aquele beijo durou um minuto de eternidade (e dura até hoje).
E as pessoas que estavam na biblioteca aplaudiram. E eu caí sentada no chão.
Acabei com o chileno. Comecei a namorar o meu poeta. E foram
muitos meses de sonetos, brigas, ciúmes e muito amor. E ele me dava livros e escrevia dedicatórias lindas e engraçadas.
Dez anos depois, eu o encontrei em um cursinho preparatório
para concursos. Sentei ao lado dele e não me dei conta disso.
No intervalo, ele me chamou e eu quase enfartei. Era ele.
Igualzinho à minha lembrança. Casado, pai de dois filhos, professor universitário.
E disse que a maior lembrança que tinha de mim era o jeito que eu prendia o cabelo
e mexia na minha bolsa de dança, enorme. E todo o meu amor daquele tempo voltou.
Conversamos bobagens. E nos perdemos de novo.
Moral da história: príncipes deviam ter prazo de validade!
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