Para as gentes de Brasília.
Vão, vocês não podem deixar de ir. É lá na 311N, segundo bloco da W3 para baixo. Chama Sabor do Sertão (eu acho...só tenho certeza do Sertão...). É uma tapiocaria. M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!!!!
Eu, "enquanto pessoa e a nível de paraense" sou uma expert no assunto. Quando recebi o convite para ir até lá, pensei: "Ihhh, outro povo que faz uma panqueca de polvilho e jura que está comendo tapioca". Mas, felizmente, quebrei a cara. Provei duas: uma de queijo coalho e carne de sol desfiada e outra de leite condensado e coco. De comer chorando de rir. Muito bom. Os sucos também são deliciosos. Tem de cupuaçu, de graviola, de cajá e por aí vai. O atendimento é bem peculiar. O garçom (é, só tem um) é um doce. Fiquei encantada.
Vão logo, gostem e falem bem. Vamos fazer propaganda do que é bom.
************************************************************************************************
Meu anjinho, eu amo você. O que não significa que concordo com as suas opiniões. E isso é o melhor. Porque amo a sua essência, amo tudo aquilo que faz você ser o que você é. E a essência de uma pessoa não muda. Opiniões mudam.
quinta-feira, abril 29, 2004
quarta-feira, abril 28, 2004
Bocozices
Eu sou uma pessoa de reações estranhas. Na primeira última vez que a minha irmã me mandou à merda, eu chorei uns três dias seguidos. Tenho dessas coisas, de coração à flor da pele, capaz de se machucar com qualquer coisa. Mas é só com quem eu gosto muito.
Um medo enorme que eu sinto é das ditas convenções sociais e legais. Morro de medo de fazer alguma coisa que seja contra a moral e os bons costumes (pelo menos em público). Contrariar a lei vigente, então, nem se fala. Eu não faço nem retorno na contramão às três da manhã. Pinta um pavor meio Kafka de de repente ser condenada, presa, esquecida em uma masmorra fria e úmida.
Conseqüência: vejo um monte de fotinhas lindas pela web, mas não me atrevo a colocá-las aqui por causa dos tais direitos protegidos. Todas as imagens que usei são inofensivas, creio eu.
Aí, vou fazer uma visita à minha amiga Fal e fico sabendo que uma pessoa escreveu porcas e parafusos para ela, acusando-a de roubar imagens e textos. Inclusive, por uma graça da vida, o texto é da própria Fal.
Pergunta: por que as pessoas se preocupam tanto com esses tais de direitos? Tudo bem. Se eu um dia aloprar, pegar umas fotos do Sebastião Salgado, uns textos do Neruda, umas gravuras do Miró e sair por aí dizendo que eu que tirei, escrevi, desenhei e ainda vender, podem me prender naquela masmorra fria e úmida e jogar a chave fora. Mas, quando uma pessoa usa um texto ou uma imagem e dá os créditos para o autor, que mal há?
Um artista de verdade, um esteta, tem prazer em ver sua obra admirada e invejada (pq não?). Mas não é – e eu quero ser bem enfática nisso que vou dizer – um agenciador da beleza de sua arte. Ganhar dinheiro com o belo é justificável, mas produzir coisas feias em nome do belo é imperdoável.
Mocinha do nome de quatro letras, vá gastar o seu tempo em coisas mais produtivas.
Fal, minha meliante adorada, estou com vc até o amargo fim...rs...
Um medo enorme que eu sinto é das ditas convenções sociais e legais. Morro de medo de fazer alguma coisa que seja contra a moral e os bons costumes (pelo menos em público). Contrariar a lei vigente, então, nem se fala. Eu não faço nem retorno na contramão às três da manhã. Pinta um pavor meio Kafka de de repente ser condenada, presa, esquecida em uma masmorra fria e úmida.
Conseqüência: vejo um monte de fotinhas lindas pela web, mas não me atrevo a colocá-las aqui por causa dos tais direitos protegidos. Todas as imagens que usei são inofensivas, creio eu.
Aí, vou fazer uma visita à minha amiga Fal e fico sabendo que uma pessoa escreveu porcas e parafusos para ela, acusando-a de roubar imagens e textos. Inclusive, por uma graça da vida, o texto é da própria Fal.
Pergunta: por que as pessoas se preocupam tanto com esses tais de direitos? Tudo bem. Se eu um dia aloprar, pegar umas fotos do Sebastião Salgado, uns textos do Neruda, umas gravuras do Miró e sair por aí dizendo que eu que tirei, escrevi, desenhei e ainda vender, podem me prender naquela masmorra fria e úmida e jogar a chave fora. Mas, quando uma pessoa usa um texto ou uma imagem e dá os créditos para o autor, que mal há?
Um artista de verdade, um esteta, tem prazer em ver sua obra admirada e invejada (pq não?). Mas não é – e eu quero ser bem enfática nisso que vou dizer – um agenciador da beleza de sua arte. Ganhar dinheiro com o belo é justificável, mas produzir coisas feias em nome do belo é imperdoável.
Mocinha do nome de quatro letras, vá gastar o seu tempo em coisas mais produtivas.
Fal, minha meliante adorada, estou com vc até o amargo fim...rs...
terça-feira, abril 27, 2004
Finas ervas
Da série "E o que isso tem a ver comigo?", preciso declarar a todos a minha paixão pelo alecrim. Amo aquela erva. Faço apologia mesmo. Se fosse possível, fumaria unzinho de alecrim todos os dias.
Uma coisa que me encanta, e que não quero perder nunca, é a capacidade de associar cheiros e sabores a momentos especiais. Uma pessoa da minha vida tem gosto de goiabada com pão. Outra sempre me vem à memória quando tomo sorvete de coco. Todos os incensos me fazem pensar na minha irmã mais velha. E, quando a minha irmã caçula vem para o Brasil, gosto de dormir cheirando os cabelos dela.
Alecrim é a minha avó. Brinco com ela dizendo que ela não tem cara de vó. Magrinha, pequenina, toda espevitada. Um poço de mágoas cinqüentenárias, uma fonte de sabedoria atemporal. Fez faculdade com mais de sessenta anos, mora em um sítio, sonha com um muro. Foi com ela que aprendi que o suco da casca de abacaxi é mais gostoso do que o feito com a polpa. Ela que não dorme, que só olha para dentro. Que toma um cafezinho preto antes do café da manhã. Que está sempre lá. Sempre. Que fez a minha mãe chorar quando veio a Brasília para cuidar do meu pai, enquanto a minha mãe ia cuidar da minha irmã, que tinha tido a Laila. Uma família de mulheres cuidadoras. Minha avó. Que teve seis filhas, que criou seis filhas, que educou e formou seis filhas. Cuida de plantas, conhece ervas e tem um carinho especial para cada neto. Minha vóvis. Meu colo. Meu espelho.
Uma coisa que me encanta, e que não quero perder nunca, é a capacidade de associar cheiros e sabores a momentos especiais. Uma pessoa da minha vida tem gosto de goiabada com pão. Outra sempre me vem à memória quando tomo sorvete de coco. Todos os incensos me fazem pensar na minha irmã mais velha. E, quando a minha irmã caçula vem para o Brasil, gosto de dormir cheirando os cabelos dela.
Alecrim é a minha avó. Brinco com ela dizendo que ela não tem cara de vó. Magrinha, pequenina, toda espevitada. Um poço de mágoas cinqüentenárias, uma fonte de sabedoria atemporal. Fez faculdade com mais de sessenta anos, mora em um sítio, sonha com um muro. Foi com ela que aprendi que o suco da casca de abacaxi é mais gostoso do que o feito com a polpa. Ela que não dorme, que só olha para dentro. Que toma um cafezinho preto antes do café da manhã. Que está sempre lá. Sempre. Que fez a minha mãe chorar quando veio a Brasília para cuidar do meu pai, enquanto a minha mãe ia cuidar da minha irmã, que tinha tido a Laila. Uma família de mulheres cuidadoras. Minha avó. Que teve seis filhas, que criou seis filhas, que educou e formou seis filhas. Cuida de plantas, conhece ervas e tem um carinho especial para cada neto. Minha vóvis. Meu colo. Meu espelho.
segunda-feira, abril 26, 2004
I'm so proud...
Fabrícia is a very rare female name.
Very few females in the US are named Fabrícia.
Be proud of your unique name!
source namestatistics.com
Very few females in the US are named Fabrícia.
Be proud of your unique name!
source namestatistics.com
Ainda não descobri qual é a utilidade da informação acima, mas se vc quiser saber sobre o seu name, vai lá. Isso eu vi no Pulso Único, que tem outras coisas muito legais.
Refletindo
Eu não gosto do Diogo Mainardi. Mas sou viciada nele. Toda semana, eu leio a Veja só para poder criticar o texto dele. Sei que isso não faz a mínima diferença para o dito-cujo. Que as minhas críticas não fazem nem cócegas na sola dos pés dele. Mas é vício...e vício é o seguinte: é phoda!!!
Mas eis que eu gostei do texto dele desta semana. Vc já leu? Eu pensei em colar aqui, mas não quero dar mole pro Mainardi. Não gosto dele. Por isso, vou elogiar de novo o texto dele: está muito bom. Incoerência? De forma alguma! É que ele é tão chato, mas tão cricri, que deve detestar quando alguém abaixo do que ele julga inteligente (ou seja: qualquer pessoa que não ele próprio) elogia um texto dele. Gostei mesmo.
O fato de eu ter gostado não significa que eu concorde com o ponto de vista exposto no texto. Tudo bem, vou colar o texto...senão, daqui a alguns dias, nem eu vou saber do que estava falando!!
Diogo Mainardi
Sou culpado, confesso
Acabo de matar de fome uma criancinha no interior do Acre. Não, não foi a primeira. Matei muitas outras no passado. E, confesso, continuarei a matar. Enquanto elas morrem, passeio de bicicleta com meu filho pela orla de Ipanema, indiferente a tudo. Como é que ainda não fui preso? Como é que ainda não fui linchado? Bem que eu mereceria.
Quem me acusou de matar criancinhas no interior do Acre foi a Fundação Getúlio Vargas. De acordo com seu mais recente Mapa da Fome, um terço da população brasileira vive num estado de miséria absoluta. Pelos cálculos da FGV, erradicar toda essa miséria é muito mais simples e barato do que parece. Basta que cada endinheirado como eu entregue a um miserável a quantia de 14 reais. Isso significa que aquela criancinha no interior do Acre só morreu de fome porque cometi a mesquinharia suprema de negar-lhe uns trocados. Juro que não foi de propósito. Estou disposto a dar bem mais que 14 reais para expiar meus crimes sociais. A FGV só precisa explicar a quem devo dá-los. Ao mendigo no farol? Ao ministro Patrus Ananias? À Pastoral da Terra? Outra pergunta: posso descontar os 14 reais do imposto de renda? Porque eu sempre pensei, erroneamente, que os impostos servissem para isso: impedir que as criancinhas morressem de fome no interior do Acre. Aguardo esclarecimentos urgentes da FGV.
Além de matar criancinhas de fome, eu também sou culpado por boa parte dos assassinatos no Rio de Janeiro. É o que afirmam todas as pessoas de bem da cidade. Elas apontam o dedo para mim e me acusam de ser cúmplice do narcotráfico, com o argumento de que a responsabilidade pela violência não é só dos bandidos, mas da sociedade como um todo. Até hoje eu supunha que minha única contribuição para o mundo do crime fosse entregar meu relógio e minha carteira à bandidagem. Mas não. Para influentes figuras da sociedade carioca, como Arnaldo Jabor e Gisela Amaral, todos nós temos uma parcela de culpa. Inclusive eu. Minha culpa é me eximir de meus deveres sociais. Os narcotraficantes atiram em mim porque não dou aulas de balé ou teatro na favela.
O movimento Viva Rio dá aulas de balé e teatro na favela. Na última quarta-feira, promoveu também o Dia do Carinho, em que centenas de voluntários subiram o morro da Rocinha para distribuir rosas a seus moradores. Não teria sido melhor a polícia subir o morro com algemas? Os moradores da Rocinha teriam agradecido. O logotipo do Dia do Carinho mostrava um negrinho sorridente com um gorro de assaltante na cabeça. A mensagem dos organizadores do evento era clara: se subirmos o morro com rosas, vocês param de descê-lo com suas metralhadoras? Não vejo nada de errado em tentar melhorar a vida dos favelados. Pelo contrário. Mas sempre achei que era um erro atribuir a essas associações beneméritas um papel na luta contra a criminalidade. Imagino que os traficantes do Comando Vermelho tenham todos os discos do AfroReggae. Imagino também que suas filhas aprendam balé nos cursos oferecidos pelo Viva Rio. Como não quero que Arnaldo Jabor e Gisela Amaral me acusem de pactuar com a bandidagem, porém, telefonei ao Viva Rio e me cadastrei para o Dia do Carinho, oferecendo-me para levar uma rosa a um morador da Rocinha. Ainda bem que não me ligaram de volta.
Mas eis que eu gostei do texto dele desta semana. Vc já leu? Eu pensei em colar aqui, mas não quero dar mole pro Mainardi. Não gosto dele. Por isso, vou elogiar de novo o texto dele: está muito bom. Incoerência? De forma alguma! É que ele é tão chato, mas tão cricri, que deve detestar quando alguém abaixo do que ele julga inteligente (ou seja: qualquer pessoa que não ele próprio) elogia um texto dele. Gostei mesmo.
O fato de eu ter gostado não significa que eu concorde com o ponto de vista exposto no texto. Tudo bem, vou colar o texto...senão, daqui a alguns dias, nem eu vou saber do que estava falando!!
Diogo Mainardi
Sou culpado, confesso
Acabo de matar de fome uma criancinha no interior do Acre. Não, não foi a primeira. Matei muitas outras no passado. E, confesso, continuarei a matar. Enquanto elas morrem, passeio de bicicleta com meu filho pela orla de Ipanema, indiferente a tudo. Como é que ainda não fui preso? Como é que ainda não fui linchado? Bem que eu mereceria.
Quem me acusou de matar criancinhas no interior do Acre foi a Fundação Getúlio Vargas. De acordo com seu mais recente Mapa da Fome, um terço da população brasileira vive num estado de miséria absoluta. Pelos cálculos da FGV, erradicar toda essa miséria é muito mais simples e barato do que parece. Basta que cada endinheirado como eu entregue a um miserável a quantia de 14 reais. Isso significa que aquela criancinha no interior do Acre só morreu de fome porque cometi a mesquinharia suprema de negar-lhe uns trocados. Juro que não foi de propósito. Estou disposto a dar bem mais que 14 reais para expiar meus crimes sociais. A FGV só precisa explicar a quem devo dá-los. Ao mendigo no farol? Ao ministro Patrus Ananias? À Pastoral da Terra? Outra pergunta: posso descontar os 14 reais do imposto de renda? Porque eu sempre pensei, erroneamente, que os impostos servissem para isso: impedir que as criancinhas morressem de fome no interior do Acre. Aguardo esclarecimentos urgentes da FGV.
Além de matar criancinhas de fome, eu também sou culpado por boa parte dos assassinatos no Rio de Janeiro. É o que afirmam todas as pessoas de bem da cidade. Elas apontam o dedo para mim e me acusam de ser cúmplice do narcotráfico, com o argumento de que a responsabilidade pela violência não é só dos bandidos, mas da sociedade como um todo. Até hoje eu supunha que minha única contribuição para o mundo do crime fosse entregar meu relógio e minha carteira à bandidagem. Mas não. Para influentes figuras da sociedade carioca, como Arnaldo Jabor e Gisela Amaral, todos nós temos uma parcela de culpa. Inclusive eu. Minha culpa é me eximir de meus deveres sociais. Os narcotraficantes atiram em mim porque não dou aulas de balé ou teatro na favela.
O movimento Viva Rio dá aulas de balé e teatro na favela. Na última quarta-feira, promoveu também o Dia do Carinho, em que centenas de voluntários subiram o morro da Rocinha para distribuir rosas a seus moradores. Não teria sido melhor a polícia subir o morro com algemas? Os moradores da Rocinha teriam agradecido. O logotipo do Dia do Carinho mostrava um negrinho sorridente com um gorro de assaltante na cabeça. A mensagem dos organizadores do evento era clara: se subirmos o morro com rosas, vocês param de descê-lo com suas metralhadoras? Não vejo nada de errado em tentar melhorar a vida dos favelados. Pelo contrário. Mas sempre achei que era um erro atribuir a essas associações beneméritas um papel na luta contra a criminalidade. Imagino que os traficantes do Comando Vermelho tenham todos os discos do AfroReggae. Imagino também que suas filhas aprendam balé nos cursos oferecidos pelo Viva Rio. Como não quero que Arnaldo Jabor e Gisela Amaral me acusem de pactuar com a bandidagem, porém, telefonei ao Viva Rio e me cadastrei para o Dia do Carinho, oferecendo-me para levar uma rosa a um morador da Rocinha. Ainda bem que não me ligaram de volta.
Coisas que dinheiro nenhum paga
Voltar para o trabalho depois de um mês de férias e ganhar uma caixa de ovinhos de Sonho de Valsa...
quarta-feira, abril 14, 2004
Cotas para quem precisa
Estou simplesmente passada. Curtia eu a minha intoxicação alimentar pós-páscoa quando vi na TV uma garota, loira dos olhos verdes, declarando-se negra na inscrição para o vestiba da UNB. Cuma é que é? Indagada sobre o inusitado da situação, a moçoila justificou-se: "Meu pai é negro. Pensei que o sistema de cotas fosse extensivo aos descendentes..."
Ah, bom...agora eu entendi...o pai dela é negro.
Para entender o processo: a Universidade de Brasília é uma das primeiras (ou a primeira) a adotar o sistema de cotas para negros e pardos. As inscrições começaram nesta semana. E o bafafá também.
O indivíduo vai lá fazer a inscrição e, caso deseje, declara-se negro ou pardo. Os funcionários tiram, então, uma foto do indivíduo, para posterior avaliação.
O ser humano é de uma graça impressionante. Depois de todo creme alisador, de toda chapinha, de toda maquiagem clareadora, as pessoas resolveram assumir seu lado negão. Alguém, por favor, recorde comigo: até outro dia, eram usados vários eufemismos para evitar a definição da cor das pessoas. Escurinho, moreninho, queimadinho, marrom-bombom. Nunca negro ou pardo. Outro dia, li um texto absurdo, em que o autor afirmava que o preconceito vinha porque preto é uma cor ligada a coisas negativas. Ora, por favor...
Não tem um filme em que o cara se passa por negro para entrar em uma escola? Pois é, a realidade imita a fantasia.
Sou a favor, sim, de cotas para pessoas de baixa renda, que não podem competir de igual para igual com aqueles que têm condições de pagar cursinhos e bons colégios. Pobreza não tem cor. Existem pobres negros, brancos, escurinhos, marrom-bombom e por aí vai.
E sobre o saneamento do ensino público, ninguém fala? E sobre melhorar a qualidade dos alunos de escolas públicas? Sistema de cotas é um paliativo, uma alavanca para que possa ser feita uma verdadeira reestruturação no ensino público. Vamos colocar esse remendo colorido na calça rasgada e achar que estamos bem na foto?
Vou ficar aqui, sentadinha, esperando para ver as novas cotas que serão criadas...tenho a sensação de que ainda vou me divertir muito.
Ah, bom...agora eu entendi...o pai dela é negro.
Para entender o processo: a Universidade de Brasília é uma das primeiras (ou a primeira) a adotar o sistema de cotas para negros e pardos. As inscrições começaram nesta semana. E o bafafá também.
O indivíduo vai lá fazer a inscrição e, caso deseje, declara-se negro ou pardo. Os funcionários tiram, então, uma foto do indivíduo, para posterior avaliação.
O ser humano é de uma graça impressionante. Depois de todo creme alisador, de toda chapinha, de toda maquiagem clareadora, as pessoas resolveram assumir seu lado negão. Alguém, por favor, recorde comigo: até outro dia, eram usados vários eufemismos para evitar a definição da cor das pessoas. Escurinho, moreninho, queimadinho, marrom-bombom. Nunca negro ou pardo. Outro dia, li um texto absurdo, em que o autor afirmava que o preconceito vinha porque preto é uma cor ligada a coisas negativas. Ora, por favor...
Não tem um filme em que o cara se passa por negro para entrar em uma escola? Pois é, a realidade imita a fantasia.
Sou a favor, sim, de cotas para pessoas de baixa renda, que não podem competir de igual para igual com aqueles que têm condições de pagar cursinhos e bons colégios. Pobreza não tem cor. Existem pobres negros, brancos, escurinhos, marrom-bombom e por aí vai.
E sobre o saneamento do ensino público, ninguém fala? E sobre melhorar a qualidade dos alunos de escolas públicas? Sistema de cotas é um paliativo, uma alavanca para que possa ser feita uma verdadeira reestruturação no ensino público. Vamos colocar esse remendo colorido na calça rasgada e achar que estamos bem na foto?
Vou ficar aqui, sentadinha, esperando para ver as novas cotas que serão criadas...tenho a sensação de que ainda vou me divertir muito.
quinta-feira, abril 08, 2004
De olhos vermelhos...
É assim que começa a minha música preferida de Páscoa. Aquela que diz "um ovo, dois ovos, três ovos.." sempre me pareceu uma incitação ao consumo desenfreado. E à posterior dor de barriga. Pior ainda aquela parte do "...azul, amarelo, vermelho também...", porque eu penso naqueles ovos colorido de botecos de quinta.
No geral, gosto muito dessas datas comemorativas. Sou cristã, mas não sou católica. Portanto, posso curtir a alegria sem a culpa. Se bem que eu sempre achei esquisito festejar o desencarne do Cristo. Ainda mais com chocolate, que tem uma conotação meio afrodisíaca. E ainda acrescentam coelhos de olhos vermelhos nessa história!!
(ok, vamos combinar que balinhas, pirulitos, chicletes, jujubas e afins são coisas para crianças, mas chocolates demandam uma certa maturidade para serem apreciados a contento)
As pessoas meio que piram nessas ocasiões. Brigam pelo último Diamante Negro 15 para poder comemorar a Páscoa. Xingam os filhos que escolheram este ou aquele ovo, porque está tudo tão caro...mas compram. E levam ovo recheado de chateação para ofertar às crianças que, naturalmente, terão uma intoxicação alimentar.
Eu comprei há tempos os ovos dos meus amados. Comprei a preferência de cada um, com o maior carinho. Nem me aborreci. Quer dizer...a não ser o do Rodolfo, que eu e a Céci comemos em uma noite sombria, de desespero absoluto, que só poderia ser resolvido com um chocolate. Diamante Negro. 15. Tudo bem, eu confesso. Era comigo que aquela pessoa estava brigando, mas eu abri mão. E comprei um 21.
Adoro a Páscoa!
No geral, gosto muito dessas datas comemorativas. Sou cristã, mas não sou católica. Portanto, posso curtir a alegria sem a culpa. Se bem que eu sempre achei esquisito festejar o desencarne do Cristo. Ainda mais com chocolate, que tem uma conotação meio afrodisíaca. E ainda acrescentam coelhos de olhos vermelhos nessa história!!
(ok, vamos combinar que balinhas, pirulitos, chicletes, jujubas e afins são coisas para crianças, mas chocolates demandam uma certa maturidade para serem apreciados a contento)
As pessoas meio que piram nessas ocasiões. Brigam pelo último Diamante Negro 15 para poder comemorar a Páscoa. Xingam os filhos que escolheram este ou aquele ovo, porque está tudo tão caro...mas compram. E levam ovo recheado de chateação para ofertar às crianças que, naturalmente, terão uma intoxicação alimentar.
Eu comprei há tempos os ovos dos meus amados. Comprei a preferência de cada um, com o maior carinho. Nem me aborreci. Quer dizer...a não ser o do Rodolfo, que eu e a Céci comemos em uma noite sombria, de desespero absoluto, que só poderia ser resolvido com um chocolate. Diamante Negro. 15. Tudo bem, eu confesso. Era comigo que aquela pessoa estava brigando, mas eu abri mão. E comprei um 21.
Adoro a Páscoa!
quarta-feira, abril 07, 2004
Amestrando orgasmos
Ontem fui ao projeto Sempre um Papo, no Conjunto Cultural da Caixa Econômica. O convidado foi o Ruy Castro, autor, além do livro que dá nome ao post, das biografias do Garrincha (linda!), do Nelson Rodrigues (muito boa!), do livro sobre a Bossa Nova (Chega de Saudade), do livro Carnaval no Fogo e muitos outros.
Figura simpática, o Ruy (já virei amiga de infância). E muito legais essas conversas com escritores. Há uma semana, fui a um bate-papo com Fernando Morais. Outra pessoa muito interessante. Estou lendo o último livro dele, Cem Quilos de Ouro.
Bom, vamos aos detalhes.
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Uma das pessoas da platéia perguntou ao Ruy Castro se ele, assim como o LFV, escrevia para sobreviver. Ele respondeu que, apesar de nunca ter escrito uma linha sequer de graça, ainda precisava fazer matérias para jornais e revistas.
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Perguntaram desde quando o Garrincha bebia. Ele respondeu que desde o berço, uma vez que pai e o avô já bebiam e que o Garrincha, quando criança, tomava uma mistura de cachaça, rapadura e mel.
Depois de dizer que a primeira idéia que ele teve foi de escrever sobre o alcoolismo, assunto que o interessava sobremaneira, mas que acabou desviando a atenção para o Garrincha, uma pessoa da platéia teve a falta de sensibilidade, de noção, de delicadeza de pedir para ele explicar o porquê do interesse pelo alcoolismo. Pode?
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Ele adora gatos. Pensei que ele fosse chorar quando começou a falar sobre a dignidade e a beleza dos gatos. Achei legal.
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Ele não grava as entrevistas. Prefere anotar os pontos-chave em um bloquinho, com a maior discrição, que é para o entrevistado não ficar muito incomodado.
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Ele é bairrista. Mas é um bairrista gente boa.
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Ele contou uma coisa que eu sempre soube: não existe UMA garota de ipanema. Tom e Vinícius se inspiraram em muitas musas.
E Leila Diniz (divina!) foi à praia de bíquini no dia em que tiraram aquela célebre foto porque só tinha aquele bíquini. Apesar de fazer novelas e filmes, ela não era rica, pagava aluguel e tudo o mais, assim como a Marilyn M. Ela não tinha a intenção de chocar ou de levantar nenhuma bandeira. Isso eu já imaginava...
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Papo na hora do autógrafo:
EU – Oi, Ruy! Trouxe dois livros para você autografar. Um é para o meu amigo Geraldo. Os orgasmos são para mim!
Ruy – Ainda bem, não é mesmo?
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Só tenho a acrescentar que estou gostando muito do livro dos orgasmos. E recomendo.
Figura simpática, o Ruy (já virei amiga de infância). E muito legais essas conversas com escritores. Há uma semana, fui a um bate-papo com Fernando Morais. Outra pessoa muito interessante. Estou lendo o último livro dele, Cem Quilos de Ouro.
Bom, vamos aos detalhes.
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Uma das pessoas da platéia perguntou ao Ruy Castro se ele, assim como o LFV, escrevia para sobreviver. Ele respondeu que, apesar de nunca ter escrito uma linha sequer de graça, ainda precisava fazer matérias para jornais e revistas.
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Perguntaram desde quando o Garrincha bebia. Ele respondeu que desde o berço, uma vez que pai e o avô já bebiam e que o Garrincha, quando criança, tomava uma mistura de cachaça, rapadura e mel.
Depois de dizer que a primeira idéia que ele teve foi de escrever sobre o alcoolismo, assunto que o interessava sobremaneira, mas que acabou desviando a atenção para o Garrincha, uma pessoa da platéia teve a falta de sensibilidade, de noção, de delicadeza de pedir para ele explicar o porquê do interesse pelo alcoolismo. Pode?
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Ele adora gatos. Pensei que ele fosse chorar quando começou a falar sobre a dignidade e a beleza dos gatos. Achei legal.
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Ele não grava as entrevistas. Prefere anotar os pontos-chave em um bloquinho, com a maior discrição, que é para o entrevistado não ficar muito incomodado.
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Ele é bairrista. Mas é um bairrista gente boa.
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Ele contou uma coisa que eu sempre soube: não existe UMA garota de ipanema. Tom e Vinícius se inspiraram em muitas musas.
E Leila Diniz (divina!) foi à praia de bíquini no dia em que tiraram aquela célebre foto porque só tinha aquele bíquini. Apesar de fazer novelas e filmes, ela não era rica, pagava aluguel e tudo o mais, assim como a Marilyn M. Ela não tinha a intenção de chocar ou de levantar nenhuma bandeira. Isso eu já imaginava...
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Papo na hora do autógrafo:
EU – Oi, Ruy! Trouxe dois livros para você autografar. Um é para o meu amigo Geraldo. Os orgasmos são para mim!
Ruy – Ainda bem, não é mesmo?
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Só tenho a acrescentar que estou gostando muito do livro dos orgasmos. E recomendo.
terça-feira, abril 06, 2004
Confesso que errei
Sabe aquelas antices que vc acha que são exclusividades suas? Agora já podem ser cometidas na web tumém!!!
Acontece que eu fui visitar o brógui de uma pessoa que escreve muito bem. Ele levantou a poeira lá no Drops, com todas as moçoilas querendo um contato direto. Acontece tumém que eu quis bancar a espirituosa, para fazer um tipinho, sacumé? Lá no brógui ele escreveu que era – pééééimmmm – errado pedir para ele lincar outros bróguis. Eu, com os meus neurônios em eterna discussão, entendi que era errado pedir para lincar o brógui dele...e fui toda frozô dizendo que "adoro fazer coisas erradas". Toma, paspalha!!! Ainda bem que existem pessoas de bom humor...ele é um lord, e ainda me respondeu com uma palavrinha inglesa...
Eis aqui, para o deleite de todos, o Cara da Sopa!!!!
Acontece que eu fui visitar o brógui de uma pessoa que escreve muito bem. Ele levantou a poeira lá no Drops, com todas as moçoilas querendo um contato direto. Acontece tumém que eu quis bancar a espirituosa, para fazer um tipinho, sacumé? Lá no brógui ele escreveu que era – pééééimmmm – errado pedir para ele lincar outros bróguis. Eu, com os meus neurônios em eterna discussão, entendi que era errado pedir para lincar o brógui dele...e fui toda frozô dizendo que "adoro fazer coisas erradas". Toma, paspalha!!! Ainda bem que existem pessoas de bom humor...ele é um lord, e ainda me respondeu com uma palavrinha inglesa...
Eis aqui, para o deleite de todos, o Cara da Sopa!!!!
É proibido proibir!!!
Teoricamente, a rede deveria ser um espaço democrático, com liberdade de expressão. Acontece que começa a tomar corpo uma repressão nunca dantes navegada. É o ataque dos politicamente corretos. Não podemos mais criticar nada, nem ninguém. Qualquer dia aparece a Liga dos Defensores dos Guaxinins Mancos e Sudorentos. Sai pra lá, jacaré!!!
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Minha querida diz que a Vila Sônia está debaixo d'água. Aqui em Brasília isso não acontece porque nós usamos os políticos como bóias...
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Minha querida diz que a Vila Sônia está debaixo d'água. Aqui em Brasília isso não acontece porque nós usamos os políticos como bóias...
Histórias para ninar Garotinho
Era uma vez, há muitos e muitos anos, um rei bem diferente. Por que diferente? Oras, porque ele era um rei de vanguarda. Deixava que a rainha aparecesse como a dirigente do reino, só para fazer uma figura. Na verdade, quem mandava era ele. Oficialmente, o rei se ocupava de desvendar os crimes que aconteciam no reino. Não havia ninguém melhor que ele para desempenhar essa tarefa, pois o dito rei era fã número um de Agatha Christie.
Em um triste dia, uma tragédia abalou o reino do Rio de Abril. Dois visitantes de um reino distante foram mortos bem debaixo das barbas do rei. Quem teria sido? O crime parecia perfeito, mas o rei, com um dos livros de sua autora preferida debaixo do braço, foi ao vaso real para matutar.
O tempo passava e nada de aparecer o autor do crime. Os moradores do reino já estavam ficando desconfiados do rei quando, de repente, foi apresentado em praça pública o assassino confesso: o homem-goiaba. Diante do povo aturdido, o meliante contou com riqueza de detalhes o acontecido, roteiro assinado pelo rei, é claro. Estava ele trepado em uma árvore, como de costume, e foi importunado pelo visitante estrangeiro, que lhe dirigia impropérios em um língua estranha, mas que graças a um dicionário português-língua estranha que o homem-goiaba sempre portava no bolso da calça, puderam ser entendidos. Sentindo o ódio se avolumar dentro do seu ser, o homem-goiaba tomou de um pé-de-cabra e golpeou tanto o estrangeiro, como a esposa do dito.
Alguns dias depois, o homem-goiaba, tentando se safar, ainda inventou um história que misturava quarenta mil reais, batedores de ovos e dois anões besuntados em óleo de amêndoas.
O rei ganhou no quesito criatividade.
Em um triste dia, uma tragédia abalou o reino do Rio de Abril. Dois visitantes de um reino distante foram mortos bem debaixo das barbas do rei. Quem teria sido? O crime parecia perfeito, mas o rei, com um dos livros de sua autora preferida debaixo do braço, foi ao vaso real para matutar.
O tempo passava e nada de aparecer o autor do crime. Os moradores do reino já estavam ficando desconfiados do rei quando, de repente, foi apresentado em praça pública o assassino confesso: o homem-goiaba. Diante do povo aturdido, o meliante contou com riqueza de detalhes o acontecido, roteiro assinado pelo rei, é claro. Estava ele trepado em uma árvore, como de costume, e foi importunado pelo visitante estrangeiro, que lhe dirigia impropérios em um língua estranha, mas que graças a um dicionário português-língua estranha que o homem-goiaba sempre portava no bolso da calça, puderam ser entendidos. Sentindo o ódio se avolumar dentro do seu ser, o homem-goiaba tomou de um pé-de-cabra e golpeou tanto o estrangeiro, como a esposa do dito.
Alguns dias depois, o homem-goiaba, tentando se safar, ainda inventou um história que misturava quarenta mil reais, batedores de ovos e dois anões besuntados em óleo de amêndoas.
O rei ganhou no quesito criatividade.
Reminiscências
A Falzinha desenterrou a múmia e eu quase morri de saudades. Agora, lá no Drops, ela conta "potocas". Genial!!!
Acontece que potocas fazem parte da minha vida desde sempre. Nasci em Belém do Pará e adoro dizer que sou uma papa-chibé de carteirinha e boletim de freqüência. Vim para Brasília há mais de vinte anos, mas se há uma coisa que a minha família soube me dar – e muito bem dadas – foram as minhas raízes. E elas estão lá, plantadas no solo úmido de Belém.
Amo as histórias daquela terra, o cheiro de patchuli, as mangas do cemitério, que são mais doces por causa do adubo (hehehe), a merenda no meio da tarde, o tacacá quente, pelando, tomado às 3h da tarde, com o sol a pino, os banhos nos igarapés de águas geladas, o cascalho, vendido de porta em porta, o parque de diversões em Nazaré, as peles morenas, os olhos arregalados perguntando "Tu dizes?".
E, além de tudo isso, adoro ver que a minha terra produz arte de qualidade. Na música, no teatro, na escultura, na literatura. Pena que pouca gente no Brasil saiba disso. Pena que pouca gente saiba, por exemplo, do antigo matadouro que virou centro de artes. Que, quando alguns grupos de teatro paraenses se apresentam em outros estados, a lotação esgota, porque eles são bons, bons, bons. Pena que poucos brasileiros se dêem ao trabalho de olhar mais para perto, em vez de irem se render à cultura importada.
Não, eu não sou contra a cultura de outros países. Aprecio bastante, até. Mas sou contra a atitude infantil e pouco evolutiva das pessoas que negam suas origens e as substituem por próteses que nunca serão iguais às originais.
Só isso.
Para quem quiser conferir: Cultura Pará
Acontece que potocas fazem parte da minha vida desde sempre. Nasci em Belém do Pará e adoro dizer que sou uma papa-chibé de carteirinha e boletim de freqüência. Vim para Brasília há mais de vinte anos, mas se há uma coisa que a minha família soube me dar – e muito bem dadas – foram as minhas raízes. E elas estão lá, plantadas no solo úmido de Belém.
Amo as histórias daquela terra, o cheiro de patchuli, as mangas do cemitério, que são mais doces por causa do adubo (hehehe), a merenda no meio da tarde, o tacacá quente, pelando, tomado às 3h da tarde, com o sol a pino, os banhos nos igarapés de águas geladas, o cascalho, vendido de porta em porta, o parque de diversões em Nazaré, as peles morenas, os olhos arregalados perguntando "Tu dizes?".
E, além de tudo isso, adoro ver que a minha terra produz arte de qualidade. Na música, no teatro, na escultura, na literatura. Pena que pouca gente no Brasil saiba disso. Pena que pouca gente saiba, por exemplo, do antigo matadouro que virou centro de artes. Que, quando alguns grupos de teatro paraenses se apresentam em outros estados, a lotação esgota, porque eles são bons, bons, bons. Pena que poucos brasileiros se dêem ao trabalho de olhar mais para perto, em vez de irem se render à cultura importada.
Não, eu não sou contra a cultura de outros países. Aprecio bastante, até. Mas sou contra a atitude infantil e pouco evolutiva das pessoas que negam suas origens e as substituem por próteses que nunca serão iguais às originais.
Só isso.
Para quem quiser conferir: Cultura Pará
Viva e deixe viver
Em meio a tantas pessoas que gostam de criticar e de pensar que a sua opinião vale mais do que a do Maracanã inteiro, encontro uma pessoa que faz bom uso da idéia de blogar. Muito linda e doce, ela está fazendo um registro virtual de todas as gracinhas do seu filhão, aquelas frases de efeito que todas as crianças soltam de quando em vez e que nos matam de emoção. Não vou lincar aqui porque não sei se ela quer publicidade. Só comentei porque é tão doce, tão bonito...
Escambo
Existem algumas coisas do chamado "mundo moderno" com as quais eu tenho problemas praticamente insolúveis. Dinheiro é uma delas. Eu não gosto de dinheiro, não sei lidar com dinheiro. Gosto tão pouco que, quando tenho dinheiro, trato logo de trocá-lo por alguma coisa que me seja mais palatável.
Num é brincadeira, não!!!!
Por isso fiquei feliz quando vi uma reportagem sobre um grupo de amigos do Rio de Janeiro (se não me engano), que organizou um clube de escambo. Funciona assim: um dos amigos é professor de inglês, outra faz pães integrais, outro é quiroterapeuta, outra é contadora. Então, um troca uma aula por uma quantidade de pães, outra troca a declaração do IR por uma massagem...e por aí vai. Isso para mim é civilidade. É a vitória sobre a mediocridade da dita sociedade moderna.
Quando eu dava aulas, fiquei sabendo da história de um pai que não estava mais conseguindo pagar as mensalidades da escola. Ele tinha uma fábrica de móveis e quebrou geral. A diretora da escola (era uma escola de religiosas), uma mulher admirável, com um olhar lá na frente, combinou com ele o seguinte: trocaria as mensalidades atrasadas por uns armários e prateleiras de que a escola precisava. E foi assim. Ele não precisou tirar os filhos da escola. Não recebeu nada de graça. E consegui se reerguer fazendo pequenos trabalhos de marcenaria, contando sempre com a recomendação da irmã-diretora.
Pouca coisa? Eu sou do time da madre Tereza de Calcutá. Um dia, perguntaram para ela de que adiantava tanto sacrifício, tanto trabalho, se a ajuda dela era apenas uma gota no oceano. Ela respondeu: "Se eu não fizesse o meu trabalho, seria uma gota a menos".
Num é brincadeira, não!!!!
Por isso fiquei feliz quando vi uma reportagem sobre um grupo de amigos do Rio de Janeiro (se não me engano), que organizou um clube de escambo. Funciona assim: um dos amigos é professor de inglês, outra faz pães integrais, outro é quiroterapeuta, outra é contadora. Então, um troca uma aula por uma quantidade de pães, outra troca a declaração do IR por uma massagem...e por aí vai. Isso para mim é civilidade. É a vitória sobre a mediocridade da dita sociedade moderna.
Quando eu dava aulas, fiquei sabendo da história de um pai que não estava mais conseguindo pagar as mensalidades da escola. Ele tinha uma fábrica de móveis e quebrou geral. A diretora da escola (era uma escola de religiosas), uma mulher admirável, com um olhar lá na frente, combinou com ele o seguinte: trocaria as mensalidades atrasadas por uns armários e prateleiras de que a escola precisava. E foi assim. Ele não precisou tirar os filhos da escola. Não recebeu nada de graça. E consegui se reerguer fazendo pequenos trabalhos de marcenaria, contando sempre com a recomendação da irmã-diretora.
Pouca coisa? Eu sou do time da madre Tereza de Calcutá. Um dia, perguntaram para ela de que adiantava tanto sacrifício, tanto trabalho, se a ajuda dela era apenas uma gota no oceano. Ela respondeu: "Se eu não fizesse o meu trabalho, seria uma gota a menos".
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