quinta-feira, janeiro 15, 2004

Giracaco

Ai, ai...hoje fui ao mocinho doutor que cuida do Rubens e da Fatinha (meus dois neurônios). Começo a ficar preocupada: nenhum mocinho de branco quer se responsabilizar pelos dois. O de hoje, que eu adoro de paixão, mandou-me para um outro. Quando ele me disse a especialidade do outro, imediatamente me lembrei daqueles chicletes que vinham com figurinhas de bichinhos misturados, tipo girafa + macaco= giracaco. Hehehehe...e o que é a modernidade. O outro mocinho doutor é um neuroendocrinologista. Se pudesse escolher, eu queria um neuroendocrinoginecopodólogo. Aí sim, ficava de bom tamanho!!!

quarta-feira, janeiro 14, 2004

Grupo de auto-ajuda

Alguém pode me dizer quem compõe um grupo de auto-ajuda? Eu e as minhas personalidades múltiplas?

Caco Galhardo

Sabe aquele spam "Aumente o tamanho do seu pênis"? O Caco Galhardo escreveu este texto hilário:

AUMENTE O TAMANHO DO SEU PÊNIS!

Quem nunca recebeu um spam com esse título que atire a primeira pedra. Já virou um clássico da Internet: Aumente seu pênis. Acho que pelo menos uma vez por semana recebo um spam desses. Fico imaginando como entrei no mailing dessa empresa. Será que fui indicado por alguma amiga? Uma que tenha se decepcionado com o tamanho do meu pênis? Nunca tive reclamações e para falar bem a verdade, confesso que estou satisfeito com o tamanho do meu pênis (exceto após mergulhos em piscinas geladas). Então, por que tantos spams? Acho que vou começar a responder. Caro senhor, por favor, exclua-me de seu mailing, pois estou satisfeito com o tamanho do meu pênis!!!

Esses spams estão causando efeito contrário. Ao invés de aumentar o pênis, estão aumentando o saco. É que a cada vez que abro o spam, meu saco vai ficando mais cheio, pra dizer a verdade, já está arrastando no chão. Não preciso mais de spams de "Aumente o tamanho do seu pênis", e sim de "Diminua o tamanho do seu saco"! Haja!

É humilhante, acho que vou processar essa empresa por desacato. Está pensando o quê, que meu pau é pequeno?! Já fiquei ofendido. Então vou botar a empresa no pau. No pau não, no pauzão, que é para combinar com o produto!

Quem será que compra essas bombinhas para aumentar o tamanho do pênis? É deprimente. Na portaria do prédio:

- Seu Caco, chegou encomenda para o senhor. - Encomenda? - Está aqui, produto para aumentar o pênis. - Ah sei: é que encomendei para meu avô - Tô sabendo, seu Caco, tô sabendo! E a patrôa, vai bem?

Deus que me livre! E vai que dá zica. Sei lá, e se ao invés de aumentar, estoura? Pênis estourado! Tô fora! Não aguento mais esses spams, deixa o tamanho do meu pênis assim que já está bom demais! E tenho dito! Só queria saber quem foi a maldita que me pôs nessa lista!! É isso, feliz ano novo, muito amor, muita paz, muita saúde e muito pênis em 2004!

Jacques Prévert

Sempre fui apaixonada pelas poesias desse homem. Ele tem uma acidez quase inocente, infantil. Esta foi a primeira poesia dele que me caiu nas mãos. Desde então, sou uma voraz devoradora da sua obra...



O gato e o pássaro

Uma cidade escuta desolada
O canto de um pássaro ferido
É o único pássaro da cidade
Que o devorou pela metade
E o pássaro pára de cantar
O gato pára de ronronar
E de lamber o focinho
E a cidade prepara para o pássaro
Maravilhosos funerais
E o gato que foi convidado
Segue o caixãozinho de palha
Em que deitado está o pássaro morto
Levado por uma menina
Que não pára de chorar
Se soubesse que você ia sofrer tanto
Lhe diz o gato
Teria comido ele todinho
E depois teria te dito
Que tinha visto ele voar
Voar até o fim do mundo
Lá onde o longe é tão longe
Que de lá não se volta mais
Você teria sofrido menos
Sentiria apenas tristeza e saudades

Não se deve deixar as coisas pela metade.

Tortura Medieval

Em um momento de desvario, entrei em um clínica de tratamento estético e comprei um pacote de massagem estética + estimulação russa + endermologia. E ainda fiquei feliz da vida, contando os dias para começar o "tratamento". Triste ilusão...gosto de ver como ainda sou inocente em certos aspectos.

No primeiro dia, empolgação total. A mocinha da massagem com uma carinha bem boazinha, pediu para eu tirar a roupa e deitar em uma caminha bem perfumadinha e...em questão de segundos, a governanta alemã que vive nela tomou posse daquele corpo. Tive a oportunidade de me sentir exatamente como uma massa e nunca, garanto a vocês, nunca o nome "pão sovado" fez tanto sentido para mim. Depois veio a tal de "estimulação russa", umas plaquinhas que dão um choque angustiante. Pensei em comunas, socialismo, Lênin, princesa Anastasia e concluí que o nome não poderia ser tão apropriado. Passei o resto do dia tomando choques retardados, que nem desenho animado.

O segundo dia, que foi hoje, já me encontrou veterana na arte de apanhar sem reclamar. Tirei a massagem de letra, a não ser por uma dor lacinante em algum lugar na parte interna da coxa direita (desculpem os detalhes, mas uma dor assim sempre vem com nome, telefone e endereço). A sádica da massagista (brincadeirinha, ela é um amor!) havia reservado, no entanto, uma das piores torturas: endermologia. Devia ser endemoniologia (essa máquina fez mal para os meus neurônios...ai...). É uma coisa inexplicável: uma máquina com uma extensão, que parece uma mão. A sádica ligou a máquina, ajustou o nível de sucção (sim, queridos, a máquina suga) e grudou na minha pele. Qualquer um perceberia que ali estava ocorrendo uma tentativa clara de arrancar a minha pele. Mas eu não pude fazer nada além de dar uns gemidos, e abafados, para não pagar mico na clínica. E eu paguei por isso...

Portanto, depois de ser sovada, eletrocutada, amassada, sugada e despelada, juro solenemente:

1º Nunca mais tomar refrigerante
2º Beber pelo menos dois litros de água por dia
3º Maneirar na comida, principalmente na massa
4º Fazer caminhadas regularmente

Não é falta de fé na humanidade não, mas vamos ver até onde isso vai durar...por enquanto, a lembrança da dor me aterroriza o suficiente para ver um banquete em uma folha de alface...

terça-feira, janeiro 13, 2004

Princípio da Reciprocidade

Olha só: meus instintos mais primitivos se deliciaram com o fichamento dos turistas americanos. O gorila pré-histórico que habita as cavernas do meu ser saiu, tacape em mãos, comemorando o tal do princípio da reciprocidade. Mas logo foi recapturado pelo domador que instalei na minha placa-mãe. E a civilidade voltou a imperar.

É claro que os EUA têm o direito de se protegerem, mas essa desculpa só começou a pegar do 11 de setembro para cá. Vamos revirar arquivos e encontrar "n" relatos de turistas, brasileiros ou não, que foram constrangidos pelo controle de imigração estadunidense muito antes dos atentados terroristas. É verdade, também, que isso não acontece apenas nos EUA. Já vi pessoas sendo muito mal tratadas em aeroportos de países da Europa.

O Brasil, por sua vez, sempre levou a fama de ser uma mãe para os turistas estrangeiros. Até nos assaltos eles levam a a preferência (ops, falha do domador...ironia pré-histórica...). E é essa a realidade. Vi o mocinho lá do Rio desesperado porque os turistas americanos iam sumir, levando os tais de R$2.000.000.000 que eles despejam todos os anos em terras cariocas (que, por sinal, significa "casa do homem branco"...sacaram a sutileza??...hehehe). Por isso, as autoridades decidiram: os turistas do Tio Sam vão ser fichados, mas receberão, depois, mimos e afagos de mulatas (tipo exportação, of course).

Resumindo: os EUA realmente se julgam o umbigo limpinho do mundo, mesmo que o mundo inteiro saiba que eles estão muito longe disso em vários quesitos. Os brasucas são mal vistos em terras estadunidenses (com honrosas exceções, of course), mas o Brasil não pode abrir mão do turismo. A solução? Ué, e alguém achou que eu tivesse a solução? Se eu a tivesse, não estaria aqui trabalhando. Estaria jogando golfe com Bush, em uma de suas fazendas...just kidding...

segunda-feira, janeiro 12, 2004

Terra de ninguém

Uma das coisas que aprendi nesses 34 anos foi tentar entender o papel de algumas pessoas na minha vida. Coraçãozinho é terra de ninguém, já disseram com muita propriedade.

Algumas pessoas entram sem avisar, sem pedir licença, jogam papel de bala no chão, falam alto, desrespeitando momentos de quietude, abrem a geladeira sem a menor cerimônia. E saem sem fazer a cama, sem lavar a louça, sem tirar a poeira.

Outras não...outras entram com delicadeza, abrindo a porta o suficiente para fazer tocar o sino de vento. Sentam na beiradinha da cama, tiram da mala um velho porta-retrato e ajeitam um canto para ele na mesinha de cabeceira. Enchem a casa-coração de girassóis e perfumam o ar com alecrim. E, quando menos esperamos, estão andando pelos cômodos, arrastando pantufas de plumas...

São assim as pessoas que eu amo...



Nós e laços

Eu estava com uns pedaços de fio nas mãos e observei uma coisa: se unirmos dois pedaços com um nó e depois puxarmos as perninhas dos fios, o nó fica mais apertado. Mas, se dermos um laço, os fios se separam, suavemente.

Simples, não? É assim que fazemos na vida. Às vezes, usamos um para unir nosso caminho ao caminho de outras pessoas. Se, por um acaso, os caminhos tomam direções opostas, esse nó aperta, machuca, e nós não permitimos que essas pessoas saiam da nossa vida. Se usássemos um laço, a separação seria mais suave. Cada qual seguiria seu caminho.

Coisas a aprender em 2004: mais laços e menos nós...

Uma historinha de amor

Biblioteca da Universidade de Brasília. Acho que em 1989 ou
1988. Eu namorava um chileno, estudante de Engenharia Florestal, lutador de caratê e que desenhava duendes e fadinhas lindamente. Mas apareceu aquele estudante de Letras, assim como eu,
na minha turma de Língua Portuguesa 5. E ele era lindo, inteligente, melancólico. Tudo o que uma apaixonada por literatura procurava em um ser humano. E nós fomos fazer um trabalho juntos. Nós e mais umas cinco pessoas. O meu namorado foi se despedir. Ele ia para um acampamento da facu. E eu fui procurar um dicionário com o meu poeta. Eu estava agachada, procurando o tal dicionário nas prateleiras de baixo. E ele de repente me abraçou e me beijou. Os lábios dele tremiam, e eu entendi todas as julietas, as isoldas, as camilas, as carolinas, as lúcias. E
aquele beijo durou um minuto de eternidade (e dura até hoje).
E as pessoas que estavam na biblioteca aplaudiram. E eu caí sentada no chão.

Acabei com o chileno. Comecei a namorar o meu poeta. E foram
muitos meses de sonetos, brigas, ciúmes e muito amor. E ele me dava livros e escrevia dedicatórias lindas e engraçadas.

Dez anos depois, eu o encontrei em um cursinho preparatório
para concursos. Sentei ao lado dele e não me dei conta disso.
No intervalo, ele me chamou e eu quase enfartei. Era ele.
Igualzinho à minha lembrança. Casado, pai de dois filhos, professor universitário.
E disse que a maior lembrança que tinha de mim era o jeito que eu prendia o cabelo
e mexia na minha bolsa de dança, enorme. E todo o meu amor daquele tempo voltou.
Conversamos bobagens. E nos perdemos de novo.

Moral da história: príncipes deviam ter prazo de validade!

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Vamos amar, pessoas!!!

Algumas frases lindas sobre o amor, copiadas da revista Bons Fluidos:

"O amor já está, já está sempre. Falta apenas o golpe de graça que se chama paixão."
Clarice Lispector

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"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de se gostar."
José Saramago

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"Eu não quero viver – quero antes de tudo amar, e viver apenas acidentalmente."
Zelda Fitzgerald

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"Vem antes do sol a luz que em tua pupila me desenha. Aceito amar-me assim, refletida no olhar com que me vês."
Adélia Prado

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"Amar é mudar a alma de casa."
Mário Quintana

Maria Rita está em Portugal

...e o Cláudio Luiz também. Eu adoro a Maria Rita, mas acho mais importante o mundo saber que o Claudinho está em Portugal. Ah, mas ele está pensando em vir para o Brasil. E tenho dito. Ponto!

O olhar passeou...

por um caso de assédio. Foi comigo. Não, assanhados, não foi um assédio sexual. Ia ser legal assim, numa sexta, mas não foi. Foi um assédio bancário. Eu ainda não sei lidar muito bem com pessoas insistentes, mas hoje dei o meu primeiro passo de tartaruga em direção à liberdade de expressão. Fui pagar uma conta. Essa conta eu pago sempre com um mês de atraso. O mundo inteiro sabe disso, tanto que o mocinho cobrador do Banco nem me liga mais. Lá fui eu: tira celular, tira chave, tira frente do rádio do carro, tira máquina de fotinhas para poder passar na porta giratória. Cheguei aos caixas e...pimba!!! Não tinha senha!! Volta para pegar senha. A maquininha da senha está quebrada. Chama o guarda. Pega uma senha rústica, escrita à mão. Ihhh, fila quilométrica. Resolvi pagar no envelope. A mocinha que calcula está ajudando uma senhorinha simpática que não sabe mexer na máquina. Aparece o gerente (é ele, o assediador!!!). Ele diz que o cálculo tem que ser feito por uma mocinha lá de dentro, pois é necessário ligar sei lá para onde. Começo a explicar para ele que eu sempre paguei atrasado, que o mundo...desisti. Não sei o que ele colocou na cadeira onde eu sentei, mas, quando dei por mim, estava hipnotizada, ouvindo coisas como "taxas menores", "cheque especial", "linha de crédito aprovada" e tirando cepefê e carteira de identidade da bolsa. A mocinha, com carinha de inocente, segurava uma proposta de abertura de conta. Ahá!! Mas eu fui mais forte. Peguei o meu carnê (e ela nem ligou para lugar nenhum para calcular o atraso), arranquei meus documentos da mão dela (delicadamente, é claro) e disse, superior,: "Tô com pressa. Liga pra mim depois, tá?". Sou ou não sou uma mulher dura e impositiva?

quinta-feira, janeiro 08, 2004

O olhar passeando...

Andando pela rua em uma manhã qualquer de um mês qualquer ela parou de repente. E se não fosse aquilo a vida? E se houvesse outra, com mais clarezas, mais oportunidades, mais vento soprando no cabelo. Lembrou do lampejo que teve durante o banho, uns dois dias antes: eu estou lamentando agora o que deixei escapar há cinco anos. Será que daqui a cinco anos estarei lamentando o que deixo escapar hoje? Não...deve haver outra história para ser vivida. Com uma agenda mais certinha, com contas pagas no dia certo. Com o dinheiro economizado, as amizades mantidas, os pais apaziguados, os irmãos harmonizados, o peso certo, o cabelo bem penteado. Mas será que existe uma com os frios que já passaram pela barriga? Com o eco dos “eu te amo”? Com o arrepio de um aperto de mão? Com o carinho de um olhar mais demorado? Não...aquela era a vida certa. Não há mais dúvidas. Daqui a cinco anos ela estaria lamentando tê-la deixado na esquina de uma manhã qualquer de um mês qualquer...