Um dia eu estava conversando com o Ri, comentando sobre blogs em geral. Ele, que também é leitor de alguns blogs, disse que é nítido como algumas pessoas escrevem para mascarar a tristeza, a solidão, a carência extrema. Sim, porque sofrer todo mundo sofre. Mas algumas pessoas querem sofrer em technicolor, com som surround e platéia de Oscar.
Até aí morreu o Neves...
Mas por que é que eu escrevo mesmo? Não sou uma profunda, nem mesmo uma média, conhecedora de livros e filmes. Vou apenas pela minha pequena experiência e pelo meu gosto, que considero razoável (alguém quer discordar? Não?). Tenho meus bons lampejos de inteligência, mas uma pessoa que acompanha os debates do programa da Luciana Gimenez não pode ser levada muito a sério, pode?
Não sei dar dicar de maquiagem, de produtos de beleza. Hoje, mesmo... fui tentar passar corretivo sobre as minhas manchas hormonais e acabei com um rosto bicolor. Já fiz curso de automaquiagem, mas pouco ficou na minha lembrança além do triunvirato "limpe-tonifique-hidrate". Também já fiz curso de filé e de risoto (ou, nas palavras do Ri, paguei para aprender a fritar bife e fazer arroz papa), mas só guardei na lembrança o sabor dos pratos que comi (vcs sacam alma de gorda, né?).
Tenho lá minhas interessantes opiniões sobre a política e a economia nacionais e mundiais, mas prefiro guardá-las para mim. E para o Ri, o que dá no mesmo.
Então, o que é mesmo que as pessoas vão encontrar aqui? Nada demais. Vão encontrar historinhas de uma pessoa comum, que vai ao supermercado comprar toddynho, que se sente forte num minuto, para no minuto seguinte cair em frangalhos. Uma pessoa que tem uma família normal, que não vive em um comercial de margarina. E eu espero que nunca, nunca alguém leia o que eu escrevo e pense que a sua vida é uma merda, porque a minha vida, em vários momentos, é uma grande e fedida merda.
Só agora, quase chegando aos 40, estou trabalhando na área que eu sempre quis (EaD). Noventa por cento das minhas amigas ganham mais do que eu. Tenho uma dificuldade inominável em lidar com dinheiro e com as minha taxas de colesterol. Meu pai está dodói. Minha mãe está triste e irritada e deprimida. Minha irmã caçula mora longe e, por conseqüência, dois terços do meu grupo de sobrinhos fafados também.
Mas, quer saber? Entre mortos e feridos salvam-se todos. Tenho uma família muito amada. Tenho o Ri, que é muito mais do que um caminhão de letrinhas. Tenho meus amigos enrolados em plástico-bolha. Tenho a minha Dolly, cachorra que se esqueceu de sua condição canina e adotou uma personalidade humana – e das cricri, diga-se de passagem.
Tenho uma marida amada. Muito amada.
E continuo tomando banho. O que significa que não estou deprimida. Porque li em um artigo que o primeiro sinal de depressão é parar de tomar banho.
E é por aí.
Um comentário:
Que saudade dessas linhas! Desse jeitinho que ninguém mais tem pra iscrivinhar!!!
Te amo monte, maridex. Monte, monte.
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