quinta-feira, agosto 26, 2004

Calendários

Poucas pessoas que me conhecem sabem, mas eu sou uma poeta de calendário. Vocês já viram isso? Pois é, nem eu tinha visto... mas um dia, a Lê, que trabalha comigo, estava fazendo a arte do calendário 2004 da Ideal (a gráfica onde nós trabalhamos). Aí, eu comentei que as imagens iam ficar legais se fossem acompanhadas de um hai kai, um textinho curto, com cara de poesia, cheiro de poesia. E ela topou. As ilustrações eram umas aquarelas lindíssimas de flores do cerrado, da Therese Von Behr, uma artista maravilhosa que mora aqui em Brasília.

Cada mês, uma flor, de acordo com a sua floração. E a cada flor, um hai kai, escrito por mim.

E um desses textinhos foi parar em um jornal. Não colocaram o meu nome, mas eu nem me incomodei. Era o jornal de uma associação de aposentados e, pelo que eu soube, o hai kai fez sucesso entre os leitores. Isso me bastou como crédito...

Quando a seca tinge o verde de cinza,
A quaresmeira nasce,
Lembrando que é sempre possível
Refazer-se.
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Para você, coisinha: eu amo você. Assim, redondo, sem arestas a aparar. Se é tão fácil dizer que não gosto de uma determinada pessoa, deveria ser fácil também dizer que amo você. Mas não é fácil. Porque eu sei que não cheguei na hora certa, com a pressão e a temperatura certas. Sei que não é para ser. Mas eu queria que fosse. Mas não é. E eu nunca detestei tanto ser adulta. Queria ser criança para dizer: "Eu quero e pronto!". Mas, mas, mas, mas...

quinta-feira, agosto 19, 2004

Teste

Até aí, morreu o Neves...quem mais eu poderia ser???


Faça você também Que gênio-louco é você? Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia

Dúvida histórica

O que seria do mundo se os grandes vultos da história universal tivessem a mesma firmeza que eu diante de algumas tortillas?

Acho que estaríamos todos de sombrero...

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Motivo do post: jantar ontem com a Kika, a Lu e a Gabi em um restaurante mexicano no estilo all you can eat.

segunda-feira, agosto 16, 2004

Saudações ao óbvio ululante...

* Pais realmente viram filhos depois de uma certa idade...será justiça poética?

* A incapacidade de dizer não causa efeitos do tipo "bola de neve".

* A lógica capitalista está entranhada em mim. Chefe é quase Deus.

* Louças em geral não são autolaváveis.

* Não adianta comer doces escondida. Eles não se dissolvem milagrosamente no organismo.

* Ignorar o extrato bancário não faz o saldo mudar de cor (e ficar olhando fixamente, tipo querendo enfeitiçar, também resulta em nada).

* Se o telefone toca, em pleno domingo à tarde, não é o Keanu me chamando para comer tapiocas.


Oh, Deus! Deve ter alguém se divertindo no meu lugar!!!

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Mais coisas de mulherzinha: fui com a minha irmã e mais quatro amigas assistir ao filme "Diário de uma Paixão". Lindo, muito lindo. Mas, ó, leve uma caixinha de lenços de papel. Foi muito engraçado ouvir o cinema fungando em uníssono.

Peraí...chorar em filme é coisa de mulherzinha?

Fui ver também "Moça com Brinco de Pérola" e "Queimando ao Vento" (pausa para as piadinhas de duplo sentido). O primeiro tem uma direção de fotografia que é um primor. Faz jus ao tema. O segundo é um daqueles filmes europeus torturados. Bom, mas nada de óóóóóóó´...

Estou usando muito a vogal "o" hoje. Será que Freud e os Fab5 explicam?

sexta-feira, agosto 06, 2004

Metendo o bedelho

Eu estava aqui brincando com o David, meu amigo querido de trabalho, sobre as opiniões extremas. Desenvolvemos uma teoria dos pontos convergentes (que eu não vou citar aqui porque só tem graça para nós dois), rimos muito, mas depois eu fiquei pensando...

E, para quem não me conhece, quando eu penso é quase um caso de calamidade pública.

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Hoje eu peguei um táxi e comecei a conversar com o motorista, um senhor muito simpático. O papo não foi bem do tipo que me agrada: falamos sobre assalto. Aí eu contei para ele do assalto que eu sofri há uns quinze anos.

O que mais me deixa indignada até hoje é que o assalto rolou em pleno dia, em um lugar razoavelmente movimentado daqui de Brasília e ninguém, repito, ninguém se deu conta de que eu estava sendo assaltada.

Não é que as pessoas tenham evitado se intrometer. Elas realmente não notaram.

Pergunta: você olha para as pessoas enquanto está andando pelas ruas da cidade? Eu queria saber.

Eu olho. E tenho hábitos que alguns dos meus amigos condenam. Por exemplo, quando eu vejo pais batendo em uma criança, tenho vontade de interferir. Mas não faço isso, é claro. Poderia piorar a situação. O que faço é olhar ostensivamente, para que o agressor saiba que ele não está invisível. É lógico que isso não se aplica a uma palmadinha educativa. São cenas de violência mesmo, com tapas no rosto, empurrões. Isso me machuca por dentro.

Já vi cenas assim entre namorados, entre amigos.

Não consigo me ver como um ser à parte da humanidade. Tenho discernimento, é claro, mas às vezes esqueço aquela regra do "cada um cuida de si".

Será que estamos ficando invisíveis? Será que os outros estão se tornando invisíveis para nós?

Brrrr...deu um calafrio...

terça-feira, agosto 03, 2004

Coisinhas

Às vezes, a gente recebe presentes assim, sem esperar. Não daqueles de rasgar papel, de pegar na mão. Presentes impalpáveis. Talvez por isso mais emocionantes.

Minha amiga Jussara me deu um desses na quinta passada. Ela participa de um grupo de leitura e me convidou pra o próximo encontro. Funciona assim: a cada encontro, o grupo escolhe um autor brasileiro não muito famoso. No encontro seguinte, os participantes discutem sobre o livro, emitem opiniões e, desnudos, comem uvas frescas sobre as páginas arrancadas com os dentes (essa parte já é fruto da minha imaginação...).

O livro escolhido para a minha primeira apresentação foi "Dois Irmãos", de Milton Hatoum. Comprei na Fnac, por R$36,00. Meu pai, na sua fome literária, leu primeiro e fez o primeiro comentário: "É excelente". Eu li depois. E reli. Li de novo. Que livro bom! Que autor talentoso. Minha mente ficou em festa.

E que venham as uvas frescas!

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Sabe quando eu sei que não sou nada? Quando sinto dor. E dor foi o que eu senti durante todo o final de semana. Por burrice minha, é claro. Porque não tento domar o meu medo de dentistas. Porque não me informei sobre a emergência 24 horas do meu plano odontológico. Porque deixei um dente lascado virar um Canal da Mancha.

Vai pastando, vai!