segunda-feira, novembro 27, 2006

Cara de palhaço

Sim, eu já fiz várias doações para a tal de Abrapec. Sim, eu estou me sentindo uma imbecil.

Não vou falar qualquer palavrão porque ainda não aprendi um que consiga expressar tudo o que eu penso sobre essas pessoas. Mas espero que, no caminho deles, existam pessoas exatamente iguais a eles. Nem mais, nem menos. Exatamente iguais.


26.11.2006

Operação Fármaco


O Fantástico acompanhou os bastidores de uma operação policial, a operação Fármaco, que desmascarou uma farsa. O golpe começa quando o telefone toca na sua casa e uma voz pede doações para doentes de câncer. Só que esse dinheiro vai parar nas mãos de uma quadrilha, dona de um patrimônio milionário.

Quinta-feira, 5h30. Em quatro estados brasileiros - São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - policiais estão prontos para cumprir 16 mandados de prisão. Assim que o dia amanhece, eles começam a agir.

As prisões acontecem ao mesmo tempo em nove cidades: São Paulo, São José dos Campos, Londrina, Curitiba, Maringá, Foz do Iguaçu, Joinville, São Leopoldo e Porto Alegre. Além dos chefes da quadrilha, foram presos gerentes de escritórios que funcionavam como sucursais das ONGs Associação Brasileira de Assistência as Pessoas com Câncer e Grupo de Apoio a Pessoa com Câncer. As duas organizações não-governamentais tinham sede no estado de São Paulo.

Segundo a polícia os homens que fundaram essas ONGs, em 2002, colecionavam carros de luxo, apartamentos, terrenos e outros bens. Tudo comprado por doações recolhidas por 50 escritórios das duas instituições em todo o Brasil através de telemarketing e página na internet.

"Eles faziam contato com as pessoas, pedindo doações, sob o muro da colaboração ao apoio para pessoas doentes, com câncer. Mandavam um motoboy para buscar essas doações", conta Luiz Fernando Delazari, secretário de Segurança do Paraná.

A polícia recolheu documentos de contabilidade, computadores, R$ 600 mil em dinheiro e R$ 200 mil em cheques.

"As planilhas apreendidas em São Paulo por nossos policiais comprovam que a quadrilha arrecadava atualmente R$ 5 milhões por mês", diz o delegado Marcus Michelotto.

Em um edifício em São Paulo mora Arnaldo Braz, que, segundo a polícia, é o chefe da quadrilha. O balanço de setembro mostra que a arrecadação era altíssima. Somente o escritório de Taubaté, interior de são paulo, recolheu mais de R$ 430 mil. Total arrecadado no mês: R$ 6 milhões.

Na garagem do edifício, foram apreendidos também dois carros de Arnaldo. No elevador, apesar de preso e algemado, ele parecia tranqüilo. Disse aos policiais que ganha dinheiro ajudando ONGs a montar sistemas de telemarketing.

Policial: Mas é telemarketing para arrecadar? Como é que eu falo e ponho a fantasia de Jesus?

Arnaldo Braz: Não é assim. Monta o telemarketing para as instituições e tem uma parte da receita"

Policial: E dá um bom lucro?

Arnaldo Braz: Começa com 13%

Na delegacia, Arnaldo Braz deu sua versão para os R$ 600 mil apreendidos pela polícia: "Nós temos um telemarketing ativo. O telemarketing tem um custo: temos aluguéis, temos funcionários, encargos sociais. Nós não temos verba do governo", alegou.

Os outros chefes da quadrilha, segundo a polícia, são o irmão de Arnaldo, Valdemar Braz, e João César Chiquetto, uma espécie de tesoureiro do grupo. Os três foram dirigentes da Legião da Boa Vontade (LBV), que há cinco anos também foi investigada, sob suspeita de desvio de doações.

Quando a polícia estava fechando o cerco, Chiquetto telefonou para uma mulher da quadrilha e disse que para escapar teria que subornar autoridades. Só não sabia que o telefonema estava sendo gravado pelos policiais, com autorização da Justiça.

"Precisamos negociar valores com esses delegados até chegar ao ponto de negociar. Também, se o delegado começar a encher o saco, é bom ele mandar para o Ministério Público, porque aí, com o promotor, é mais fácil negociar", disse Chiquetto.

Não custa lembrar que existem ONGs que fazem um trabalho de ajuda a quem precisa. Um grupo de mulheres trabalha no Hospital do Câncer Erasto Gaertner, em Curitiba. O hospital, sem fins lucrativos, atende principalmente pacientes de baixa renda.

"Geralmente, as pessoas que vêm para cá são do interior. Elas chegam aqui muito cedo, sem alimentação, sem tomar nem café. Por isso, a gente faz chazinho com bolachinhas para elas", conta a voluntária Rose Claire Durigan.

O importante é tomar alguns cuidados na hora de fazer uma doação - não importa para quem. Primeiro, visitar a instituição, conhecer de perto o trabalho que ela faz. E quando doar dinheiro, fazer sempre a doação em cheque nominal e cruzado. Assim, é bem mais difícil que o dinheiro seja desviado.

"Nosso trabalho aqui é tão sério que a gente nunca ia imaginar que tem gente pedindo doações para pessoas com câncer com esse fim", diz a voluntária.




Encontre essa reportagem em:
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,AA1364681-4005,00.html

2 comentários:

Anônimo disse...

É tão revoltante o mau-caratismo generalizado neste país que eu desisti de acreditar que "o Brasil mudará um dia"!... Não só entre governantes, ocupantes de cargos eletivos, empresários, policiais, "donos de ongs", a mentalidade do "se dar bem" impera; fiquei es-tar-re-ci-da, ontem, ao ouvir a estória da merendeira de escola pública que roubava as latas de 20 kg de leite em pó das crianças!... Não acredito mais no país porque não acredito na índole da NOSSA GENTE!

Anônimo disse...

Salve, salve, Dª Fabrícia! Há uns tempos atrás a senhora parou de postar, eu fui desistindo de vir por aqui. Há pouco li um coment seu no blog da Sheila, aí vim te visitar, surpresa! Quanta coisa pra eu ler!
Ainda acesso os 4 milhões de neurônios, afinal, a esperança é a última que morre, hehehe!
bjocas