quarta-feira, agosto 09, 2006

Papo peneira

Diz uma coisa pra mim: é muita utopia querer que as pessoas se dêem bem? Explico: se você viveu uma relação bem íntima com alguém, dormiu e acordou com aquela pessoa, respirou o mesmo ar que ela, riu junto, chorou junto, fez confidências e se, por um motivo alheio à vontade de qualquer um dos dois envolvidos, a relação chegou ao fim, porque transformar em mágoa o que antes era carinho?

(É claro que, para essa assertiva ser considerada válida, é imprescindível que não tenha ocorrido qualquer situação de traição, de sacanagem e afins.)

Então, voltando à vaca fria: a relação perde o gás, os dois envolvidos reconhecem o fato, ainda que depois de muita DR, muitas lágrimas empapando o travesseiro e uma conta telefônica “gastronômica”. Qual é o próximo passo? Nunca mais vamos nos falar!!! É isso? Toda aquela inteligência, cultura, todo aquele bom-papo, os bons princípios, a malemolência, as tiradas engraçadas, tudo, tudo, tudo virou pó?

Bom, existe o lado meta-físico da história. Nunca mais seus beijos? Nunca mais os abraços, os carinhos, o sexo, o arrepio na nuca. E o pior: nunca mais para MIM, pois, com a liberdade recém-conquistada, qualquer meio quilo de peito e bunda pode lançar mão do que antes nos pertencia.

Mas isso a gente sublima. Transforma em uma outra energia. Acende um incenso, canta um mantra, entorna umas dez garrafinhas de Smirnoff Ice, dá para o primeiro gostosinho que aparecer e pronto! (Tô praticamente uma cachorra!)

Por que fechar a porta? Por que não aceitar que a outra pessoa entendeu, mastigou, engoliu e digeriu o final da relação? Por que achar que a outra pessoa se transformará em uma maníaca perseguidora, que vai ligar trinta vezes numa quarta de madrugada, chorando, com jeito de quem entornou dez garrafinhas de Smirnoff Ice e deu para o primeiro gostosinho que apareceu?*

Nelson Rodrigues, o canalha mais legal que eu conheço, foi de uma elegância e de um cinismo ímpares quando afirmou: "Todo amor é eterno. E se acaba, não era amor".

Eu sou totalmente a favor da amizade entre “exes”. Desde, é claro, que nenhum desses “exes” seja o meu futuro amor. Afinal, quem usa cuida!

*Ficção total, ok?

P.S.: Eu não avisei que estou ficando velha e cínica? Minha intenção era escrever um texto sério, sobre a amizade entre pessoas que já viveram um grande amor. Mas degringolou. Eu não tenho mais salvação!

3 comentários:

tereza pires disse...

ai fá......... isso é muito difícil mesmo... tem gente (a maioria) q não sabe lidar com os sentimentos, mesmo q eles já tenham passados... para alguns é muito difícil estar perto... pois muitas vezes as decisões de não estar mais junto não foram tomadas por inteiro pela pessoa... às vezes por mais que vc queira essa convivência amigável, há coisas difíceis de ver... de lembrar... de sentir...

respeito

acho q isso resume o que temos que ter por nós mesmo, mas tb pelo outro. cada um tem seu tempo e sua forma de viver os sentimentos...

Anônimo disse...

Fabby, mulher!!
Saudades de ti. De monte!
Tomei sorvete de tapioca semana passada e PIMBA! Lembrei de ti! Não tem jeito. A associação é imediata.
Quanto ao post, ontem falei isso e repito, parafraseando o poeta: Eles passarão; Eu passarinho...
Beijão!!

Anônimo disse...

medo, fia... o nome disso é medo. Pena que, na maior parte das vezes, as pessoas fazem meleca por medo de ter medo...
mas eu também não sei do que estou falando...