terça-feira, agosto 29, 2006

Muito nunca é suficiente

Eu gosto de dizer que amo as pessoas que eu amo. Porque é verdade. E porque eu acho que nunca fui clara o bastante.

Quando eu digo que eu amo, eu quero dizer que sim, minha vida continuaria sem aquela pessoa, mas sem o mesmo brilho, a mesma alegria, a mesma luz.

Quando eu digo que eu amo, quero dizer que essa pessoa faz sentido para mim. Que eu não a estranho, que eu não tenho medo de existir na vida dela.

Quando eu digo que eu amo, quero dizer para essa pessoa que eu estarei sempre lá, seja lá onde for, seja do jeito que for.

Conforto, carinho, alegria, apoio, aconchego... tudo isso dentro de um "eu amo você".

OBRIGADA POR TODO O CARINHO NO DIA DO MEU ANIVERSÁRIO!

2 comentários:

Anônimo disse...

off topic:
Me lembrei de vc, óbvio.
olha o que achei nesse blog:
http://fulgas.blogspot.com/

29.12.1970

Hildinha, a carta para você já estava escrita, mas aconteceu agora de noite um negócio tão genial que vou escrever mais um pouco. Depois que escrevi para você fui ler o jornal de hoje: havia uma notícia dizendo que Clarice Lispector estaria autografando seus livros numa televisão, à noite. Jantei e saí ventando. Cheguei lá timidíssimo, lógico. Vi uma mulher linda e estranhíssima num canto, toda de preto, com um clima de tristeza e santidade ao mesmo tempo, absolutamente incrível. Era ela. Me aproximei, dei os livros para ela autografar e entreguei o meu Inventário. Ia saindo quando um dos escritores vagamente bichona que paparicava em torno dela inventou de me conhecer e apresentar. Ela sorriu novamente e eu fiquei por ali olhando. De repente fiquei supernervoso e sai para o corredor. Ia indo embora quando (veja que GLÓRIA) ela saiu na porta e me chamou: - "Fica comigo." Fiquei. Conversamos um pouco. De repente ela me olhou e disse que me achava muito bonito, parecido com Cristo. Tive 33 orgasmos consecutivos. Depois falamos sobre Nélida (que está nos States) e você. Falei que havia recebido teu livro hoje, e ela disse que tinha muita vontade de ler, porque a Nélida havia falado entusiasticamente sobre Lázaro. Aí, como eu tinha aquele outro exemplar que você me mandou na bolsa, resolvi dar a ela. Disse que vai ler com carinho. Por fim me deu o endereço e telefone dela no Rio, pedindo que eu a procurasse agora quando for. Saí de lá meio bobo com tudo, ainda estou numa espécie de transe, acho que nem vou conseguir dormir. Ela é demais estranha. Sua mão direita está toda queimada, ficaram apenas dois pedaços do médio e do indicador, os outros não têm unhas. Uma coisa dolorosa. Tem manchas de queimadura por todo o corpo, menos no rosto, onde fez plástica. Perdeu todo o cabelo no incêndio: usa uma peruca de um loiro escuro.

Ela é exatamente como os seus livros: transmite uma sensação estranha, de uma sabedoria e uma amargura impressionantes. É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos, quase diabólicos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor. Talvez eu esteja fantasiando, sei lá. Mas a impressão foi fortíssima, nunca ninguém tinha me perturbado tanto. Acho que mesmo que ela não fosse Clarice Lispector eu sentiria a mesma coisa. Por incrível que pareça, voltei de lá com febre e taquicardia. Vê que estranho. Sinto que as coisas vão mudar radicalmente para mim - teu livro e Clarice Lispector num mesmo dia são, fora de dúvida, um presságio. Fico por aqui, já é muito tarde.

Um grande beijo do teu Caio"



Carta de Caio Fernando Abreu à Hilda Hist. Só pra vocês verem que somos todos amadores neste negócio feio de viver.

Anônimo disse...

É tão bom dizer eu te amo, não é mesmo? Saber que amamos e somos amados, seja pela nossa família, pelos nossos amigos, pelos nossos "amores". Um beijo grande, Bia.